Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais, APAEs, de várias regiões do Estado atenderam ao chamado da Prefeitura de Sete Lagoas e compareceram à praça da feirinha para o ato público que protestou contra um projeto de lei que prevê a retirada de recursos das instituições. Com faixas, cartazes e muita preocupação, pais, amigos, assistidos, parentes e pessoas da comunidade sensibilizadas com a causa protestaram em favor das APAEs.

Grande público compareceu à Praça da Feirinha no sábado / Foto: Marcelo Paiva

“É mais do que justo esse movimento. Gasta-se muito com detentos, mais de R$ 5 mil por mês, e não vai gastar com quem precisa? Vamos reforçar o movimento e se precisar vamos até Brasília.” Protestou o advogado Sebastião Manoel enquanto empurrava a cadeira de rodas do afilhado Cristian Bruno que é assistido na APAE da cidade.

Marcio Reinaldo vai encaminhar abaixo assinado contrário ao projeto para Brasília / Foto: Marcelo Paiva

Além do possível fechamento das instituições se for aprovada a proposta que altera a meta 4 do Plano Nacional da Educação, pais estão preocupados porque as escolas convencionais não teriam condição de receber os deficientes. “A APAE é nosso braço direito. Minha irmã frequentou durante um período a escola regular e não teve jeito, não tem condições de colocar os deficientes nas escolas normais e isso dói na gente”. Desabafa a vendedora Shirlei Aparecida, moradora do bairro Esperança que há 13 anos acompanha a irmã Poliana de Deus na APAE.

Pessoas levaram cartazes e faixas para o protesto / Foto: Marcelo Paiva

Com uma estrutura que vai além do ensino regular com médicos, pedagogos, psicopedagogos e especialistas de várias áreas, a APAE de Sete Lagoas assiste 650 pessoas com vários tipos de deficiência. Com até quatro professores na mesma sala para acompanhar dez assistidos, o presidente da associação na cidade, José Luís Tomé, faz coro a Shirlei e reafirma que as instituições de ensino não estão preparadas para receber os deficientes. “A escola regular aí fora não tem estrutura física, não tem profissional preparado para lidar com a situação onde trabalha com pessoas limitadas”. Acredita Tomé que informa que a APAE presta ainda um trabalho de assistência social também aos familiares dos assistidos.

A ideia do presidente é compartilhada por Mônica Aparecida Silva, mãe de Paulo Henrique da Silva que há 13 anos frequenta a APAE. De acordo com a moradora do bairro Padre Teodoro, o filho “melhorou em tudo” depois que passou a frequentar a associação. Sobre a inserção do Paulo Henrique em uma escola regular Mônica afirma que “se tivessem pessoas qualificadas poderiam até tentar”.

O prefeito Marcio Reinaldo recebeu diversas lideranças e políticos das três esferas de governo no protesto que aconteceu no último sábado. Satisfeito com a adesão de todos, Reinaldo resumiu seu sentimento em uma faixa que durante a manifestação. “Acorda Senadores, o Brasil precisa das APAEs. Essa é uma boa oportunidade para Sete Lagoas dar o recado para que outras cidades se manifestem e os políticos saibam que somos contra esse projeto”, disse o prefeito.

O ato público contou com a participação de aproximadamente três mil pessoas entre assistidos, familiares e pessoas da comunidade. O protesto contou com shows, apresentação de fanfarras, brinquedos para as crianças, barracas com corte de cabelo e venda de produtos feitos pelos assistidos da APAE no projeto Artpel. Na oportunidade o prefeito recolheu um abaixo assinado que circulou na cidade nas últimas semanas e vai encaminhar o documento para Brasília a tentativa de pressionar os senadores a votarem contra a proposta.

Ato público APAEs - 09/11/13

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Fotos: Túlio Thales

por Marcelo Paiva