Cerca de cinco moradores de rua estão vivendo há meses em um lote vagono Bairro Canaan, na Avenida Sebastião de Paula Silva, em frente arotatória. Com lonas, papelão, plásticos, sofás velhos e mais outros móveisquebrados, eles se fixaram na região mudando a paisagem do local epreocupando quem passa pela região, seja a pé ou de carro. A ação acontece em diversos lugares da cidade, pois sem um trabalho sistemático de orientação dos moradores de rua eles acabam se fixandoem outros lugares que não os abrigos para os sem lar.
Um dos moradores da área, Carlos Alberto, de 49 anos, conta que veio da cidade de Cataguases e está em Sete Lagoas há cerca de 11 meses. Ele explica que “morar, morar mesmo eu moro na Praça do CAT. Aqui eu só cato os lixos”, antecipa.
Ele explicou que logo em frente ao local onde ele faz a coleta dos lixos mora um casal, que não quis falar com a nossa equipe de reportagem, e que, assim como ele, preferem ficar ali ao se instalar em um albergue oferecido pela Prefeitura de Sete Lagoas. “Eu sei que é até ignorância minha, mas eu prefiro ficar na rua do que no albergue. Lá o clima é diferente. Aqui eu fico mais livre”, conta.
Carlos conta que há anos sofre de colostomia, doença que consiste na exteriorização do intestino grosso, que dificulta a eliminação das fezes. O morador de rua conta que uma vez por mês vai a Belo Horizonte, onde uma assistente social o ajuda com os medicamentos e também com as sacolas para recolher os excrementos. “Isso me incomoda demais porque eu me sinto desconfortável com a situação. Quando eu vou fazer uns ‘bicos’ eu nem comento da doença”, fala.
O morador de rua admite que a situação das demais pessoas que vivem na área é ilegal, mas que hoje não há saída para eles. “Tem gente em todos os lugares da cidade. Os que estão aqui se refugiaram há meses e aqui eles estão mais seguros”, acredita.
A situação dos moradores de rua da região tem causado insegurança nos comerciantes da região, que já reclamam do fluxo de pessoas na área, que abriga lojas, oficinas e uma faculdade. Em nota, a assessoria jurídica do proprietário do lote informou que espera um parecer da Prefeitura quanto a situação dos moradores de rua que hoje vivem no local.
Entramos em contato com a assessoria de Comunicação da Prefeitura para saber um pouco mais sobre a situação e fomos informados que a assistência social já enviou uma pessoa ao local para verificar a situação e saber qual o encaminhamento devido para os moradores residentes na área. A prefeitura informou ainda, que a área é de propriedade privada, porém, não fomos informados quem seria dono do lote. Conforme acontece na cidade, há um Centro de Referência Especializada em AssistênciaSocial – CREAS, que ajuda e encaminha os moradores de rua para albergues; evitando que eles ocupem propriedades privadas.
Vale lembrar, que todos podem entrar em contato com o local para mais informações de como ajudar e encaminhar pessoas em busca de ajuda. O telefone de contato é o (31) 3774-7585. Informações dadas pelos moradores da região dão conta de que até o momento nenhuma equipe da secretaria de Assistência Social foi ao local citado. Com isso, eles continuam vivendo no lote, fazendo do local sua moradia.
por Cíntia Rezende