O que a Igreja Católica faz de concreto e tem a oferecer no debate político? Com esse questionamento em mente, o padre Warlem Antônio Ferreira Dias – da paróquia de Santa Tereza dos Andes, que abrange as comunidades dos bairros Esperança, Aeroporto, Interlagos e Jardim Europa – pensou na elaboração de uma carta aberta que provocasse a reflexão acerca da atuação dos futuros membros dos poderes Executivo e Legislativo de Sete Lagoas, que vão trabalhar a partir deste 1º de janeiro.
Durante o mês de novembro, foram feitas 30 mil cópias da primeira carta, distribuídas em Sete Lagoas, Matozinhos, Caetanópolis, Inhaúma e Martinho Campos, com recursos próprios dos integrantes do Grupo de Estudos Pastorais (GEPs), ligado à Diocese de Sete Lagoas. “A carta nasceu de uma idéia minha, diante de uma indignação, fruto da observação que há uma nova cidade depois das avenidas Santa Juliana e José Sérvulo Soalheiro. Apresentei o primeiro texto ao grupo de padres que se reúne mensalmente no distrito de Fazenda Velha, e lá surgiu a idéia de lançar a carta como um movimento do GEPs”, lembra padre Warlem.
“Queremos a democracia, respeitamos as urnas. Entretanto, neste tipo de democracia ocidental, o voto é mais delegativo do que representativo e menos ainda participativo. Em grande parte nem sempre representa a vontade do povo”, diz um dos trechos da carta. O documento teve continuidade com a edição de outras 25 mil cópias de um novo texto, também distribuído em novembro. Para o padre, “a Igreja Católica é extremamente política em todas as suas dimensões. A política, na realidade, é inerente ao ser humano, sob a visão da filosofia”.
O núcleo reivindica: a transparência na publicação do orçamento municipal; a implantação do orçamento participativo a partir de 2010; o secretariado competente, técnico e sensível aos problemas de Sete Lagoas; superação do excesso de cargos comissionados; requalificação do funcionalismo público; extinção do nepotismo e criação de um conselho fiscal público para as autarquias municipais e a aplicação de verbas federais e estaduais.
“O que se exige deste grupo é que ele seja, no mínimo, ético. A nossa pretensão não é a de constituir uma bancada católica na Câmara de Sete Lagoas. Queremos despertar a participação política em nossos fiéis e na população como um todo. Há essa necessidade de rediscussão política, sem se atrelar a partidos ou governos”, finaliza padre Warlem.
Da redação – Sete Dias
Pablo Pacheco