A Cemig já iniciou a instalação de 3,8 mil medidores inteligentes de energia em Sete Lagoas. A aposta é do projeto Cidades do Futuro, que está testando, em caráter pioneiro, um novo conceito com a perspectiva de transformar os clientes da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) em fornecedores de energia, além de criar um sistema de comunicação interativo e em tempo real entre a empresa e a população.
Trata-se de um dos mais abrangentes projetos de pesquisa e desenvolvimento de redes inteligentes da América Latina – tecnicamente denominados smart grids – que conta com investimentos da ordem de R$ 50 milhões provenientes do Programa de Eficiência Energética da Cemig, do Programa de Processos e Desenvolvimento da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e do Governo dos Estados Unidos, por meio da United States Trade and Development Agency (USTDA). A previsão é de que as pesquisas sejam concluídas em 2014.
A iniciativa integra o que há de mais moderno em tecnologias de automação e telecomunicações às redes de distribuição de energia elétrica, posiciona Sete Lagoas como uma cidade modelo no âmbito de possibilidades de melhorias no fornecimento de energia. O programa envolve cerca de 200 profissionais das mais diversas áreas do conhecimento e permitirá à Cemig estabelecer um sistema de interação com seus clientes, por meio dos mais modernos meios de comunicação.
A automação dos sistemas envolve a distribuição de energia; qualidade do produto fornecido aos consumidores; aumento da eficiência na identificação de problemas nas redes de distribuição e o restabelecimento de quedas de fornecimento com maior rapidez e eficiência.
Dentro deste projeto, a Cemig já iniciou a instalação de 3,8 mil medidores inteligentes de energia em Sete Lagoas. A ação prevê, ainda, o desenvolvimento de sistemas de telecomunicações que permitam a troca de dados em tempo real entre os equipamentos em campo e os sistemas computacionais instalados na Cemig.
A grande vantagem é a possibilidade de, tanto a empresa quanto os clientes, gerenciarem o fornecimento e o consumo de energia durante o momento em que ela é utilizada. Atualmente o consumidor só tem conhecimento dos gastos no final do mês.
Outra novidade do projeto Cidades do Futuro é a criação da figura do “prosumidor” – uma junção das palavras produtor e consumidor. Trata-se de uma nova modalidade de cliente, que não só consome, mas também produz energia, de forma renovável e sustentável.
Com as redes inteligentes, os consumidores que possuírem equipamentos para a produção de energia, como painéis solares, poderão gerar sua própria energia e repassar o excedente para a Cemig, ficando com crédito para utilizar em até 36 meses.
“Avaliamos essa possibilidade como altamente positiva, pois o estímulo ao consumo eficiente e a inserção de fontes de energia limpa evitarão a construção de novas instalações. Outra contribuição ambiental será a redução da emissão de gás carbônico à atmosfera pela diminuição da circulação de veículos da Cemigque utilizam combustíveis fósseis”, explica Daniel Guimarães.
Com a perspectiva de que, brevemente, a fabricação e comercialização de carros elétricos ou híbridos se tornem uma realidade no Brasil, as redes inteligentes de energia também poderão possibilitar aos consumidores o abastecimento de veículos nas suas próprias residências ou locais de trabalho.
Futuramente, a ideia do Cidades do Futuro poderá incluir outros serviços em sistemas de medição e comunicação inteligentes. A Cemig já propôs o estabelecimento de parcerias para desenvolvimento de estudos objetivando avaliar a possibilidade da utilização das redes inteligentes na prestação de outros tipos de serviços à população. Caso os estudos sejam favoráveis, os consumidores poderão acompanhar, por meio de um único sistema instalado em sua residência ou empresa, os serviços de fornecimento de energia, água e gás.
O professor associado do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Wallace do Couto Boaventura, entende que o desenvolvimento de sistemas inteligentes se constitui num “caminho sem volta”, devido à necessidade, percebida pelas concessionárias de energia, de investir na modernização e redução de custos dos serviços prestados, bem como na busca por maior interação com o cliente.
“A Cemig está na vanguarda desse processo, utilizando o que há de melhor existe em termos de tecnologias. Isso trará um impacto substancial para a modernização dos seus serviços e atendimento das demandas da população”, frisa Boaventura.
Sete Lagoas foi escolhida, segundo o gestor do projeto Cidades do Futuro, Daniel Guimarães, devido à grande diversidade de atividades econômicas e perfis de clientes na cidade, além de uma variedade significativa de sistemas elétricos – alta, média e baixa tensão –, de sistemas de telecomunicações e de mercado. Além disso, a cidade sedia a Universidade Corporativa da Cemig (UniverCemig), onde está instalada uma rede de laboratórios para a realização de testes e capacitação.
Sete Lagoas possui, ainda, um índice de radiação solar satisfatório, o que possibilita o estudo de usinas fotovoltaicas. Por isso, a Cemig está instalando na cidade uma usina com capacidade para produção de três megawatts de energia solar fotovoltaica, além da implementação do projeto Estádio Solar, na Arena do Jacaré, que visa o fornecimento e a capacitação para o uso de energia solar.
Além de Sete Lagoas, os municípios mineirosde Santana de Pirapama, Santana do Riacho, Baldim, Prudente de Morais, Funilândia e Jequitibá também participarão dos estudos.
Da Redação, com informações de Agência Minas