Sete Lagoas tem a pior seca em 61 anos: com 138 dias de estiagem, a cidade vive dias céu de esfumaçado, poeira, queimadas e alergias. A virada do tempo ainda está longe de acontecer.
Você lembra o último dia que choveu na cidade? Foi em 19 de abril. De lá para cá, um bloqueio atmosférico que atou no Sudeste e Centro-Oeste do Brasil encerrou antes do habitual as precipitações – que foi agravado pelo El Niño, o clássico fenômeno que altera as temperaturas do globo. Com isso, a umidade que sai da Amazônia não chegou até estas regiões.
Esta umidade foi para outro local, com consequências graves: “Com o desvio do fluxo de umidade para o Sul, ocorreram as tragédias no Rio Grande do Sul em maio. Desde então, o país permanece sob a influência de um bloqueio atmosférico persistente, que, apesar de intenso, é comum durante a transição do inverno para a primavera. O que torna esta situação especial é o fato de que o último período chuvoso foi fraco e terminou cedo, sem a ocorrência de chuvas eventuais no inverno, e com temperaturas acima da média durante toda a estação”, aponta o estudioso Lucas Soares.
De acordo com Lucas, a estiagem na cidade dura entre 90 a 120 dias, mas a sua severidade é causada por como foi o período chuvoso anterior e de outros fatores, como precipitações residuais no outono, das médias de temperaturas no inverno e da qualidade do retorno das chuvas na primavera.
Estiagem severa
Apesar de mais de 130 dias sem chuvas, a pior estiagem da história da cidade ocorreu em 1963: foram 198 dias sem nenhuma precipitação. “[Se teve fortes estiagem em] 2007 (75 dias com uma pausa em julho, seguidos por 102 dias de julho a outubro); 2011 (130 dias); e 2014, uma estiagem complexa que comprometeu o período regular de chuvas, resultando em um desvio de mais de 50% no índice pluviométrico anual, com 103 dias de estiagem absoluta. Estiagens significativas também ocorreram em 2012, 2015 e 2019, todas com mais de 115 dias sem chuva”, aponta Lucas Soares
Porém, 2024 ficará marcado pelo período que, além da secura, os céus da cidade estão marcados por uma névoa seca, além de partículas poluentes, poeira e queimadas. Existe um sistema de alta pressão que “bloqueia” a dissipação desses materiais.