A dona-de-casa Rosa Antonia Alves Leocádio está desde o dia 23 de janeiro morando no ginásio. O barracão em que morava no bairro Monte Carlo desabou. Antes disso, foi alertada pelo Corpo de Bombeiros e agentes da Secretaria de Justiça Social, o que possibilitou salvar todos os pertences. Com duas filhas e o marido doente – Jesus Inácio da Silva, 61 anos – espera recomeçar vida nova. “Meu marido está usando uma sonda, não consegue nem fazer suas necessidades fisiológicas, e fica somente deitado. Espera na fila do Sistema Único de Saúde (SUS) oportunidade para ser operado. Morar aqui é complicado. Lavamos a roupa e a louça nos vestiários do ginásio. Tenho uma irmã que mora na cidade, mas a família lá é grande, o que impossibilita ir viver com ela”, conta.
Drama também é vivido por Denise Costa Ventura, 21 anos. Desde dezembro mora com as três filhas no ginásio, entre elas uma recém-nascida de apenas dois meses de vida. O companheiro, Cleiton Luiz de Freitas, 23, está há menos de um mês trabalhando, em regime probatório. “Morávamos em um barracão no Bairro Kwait, próximo à ponte, que corria o risco de desabar, o que acabou não acontecendo. Sou de São Paulo, não tenho familiares em Minas Gerais. O meu marido é daqui de Sete Lagoas, mas seus pais já faleceram. Estamos sozinhos esperando uma solução”, relata. Assim como as outras famílias, conta com doações, principalmente de fraldas e alimentos.
Já Maria Rosália Dias Gomes, 45, espera voltar para sua cidade natal, o município de Felixlândia, com as três filhas. Divorciada, ela aguarda que a prefeitura agilize a mudança, como foi prometido. Procurada pela reportagem, a secretária de Justiça Social, Léa Lúcia Cecílio Braga, conta que vai autorizar em breve a mudança da família para sua cidade de origem. Em relação aos demais moradores do ginásio, afirma que estuda a possibilidade de alugar de forma temporária imóveis para os desalojados. “Algumas residências localizadas em locais de risco não apresentam condições de serem reformadas. Estudamos a possibilidade de inserir estas famílias no programa de casas populares do município. Até lá, vamos ajudar com cestas básicas, roupas e medicamentos”, afirma a secretária.
O comandante da Companhia de Bombeiros de Sete Lagoas, capitão Marco Aurélio dos Santos, conta que os efeitos das chuvas na cidade até agora tem sido amenos, inclusive as que caíram nos últimos dias. Segundo ele, não houveram ocorrências mais graves no município. “Aqui a situação é bem mais tranqüila. É uma cidade pouco montanhosa e inexistem rios no perímetro urbano. Os bairros que preocupam são Itapuã, JK, Emília e Bela Vista, já que as casas estão, na maior parte, localizadas próximas a encostas e córregos”, explica. Segundo ele, o trabalho dos oficiais da corporação é contínuo no sentido de retirar famílias residentes em áreas de risco.
Celso Martinelli