Pacientes do setor de hemodiálise do Hospital Nossa Senhora das Graças (HNSG) fazem um apelo acerca das condições encontradas no setor. Recentemente, um vídeo gravado por um deles sobre o forte calor na sala onde faziam o atendimento causou a demissão de enfermeiras do local. O hospital responde (ver abaixo).
Wagner de Jesus é um dos pacientes que há algum tempo faz reivindicações sobre a hemodiálise do hospital. Ele é o autor do vídeo que mostrava não funcionamento do ar-condicionado no dia 9 de dezembro, um dia de forte calor em Sete Lagoas. Na imagem, era possível ver pacientes e enfermeiras se abanando. Mas ele aponta que o equipamento estava inoperante há mais tempo.
“O ar-condicionado que não funciona na hemodiálise há três meses. Temos uma ata do Ministério Publico [de Minas Gerais] onde consta que o aparelho não funciona”, aponta o documento, relatando que a denúncia foi realizada há um mês para o órgão.
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O paciente renal crônico ainda relata que algumas poltronas elétricas, trocadas há pouco tempo pelo hospital, não estariam funcionando por falta de tomadas para serem ligadas.
Para a reportagem, um outro usuário da hemodiálise reclama da falta de alimentação, ressaltando que pacientes que são de outros municípios não têm esse acesso às vezes: “Tem pessoas que viajam três horas para ir para casa. Isso é uma falta de humanidade”, relata.
Edna Chaves é uma outra paciente renal que vem há tempos apontando as falhas no local – que foram acentuadas há cerca de um ano. Uma das suas principais reclamações é a falta de água na hemodiálise; ela relata que neste ano foram dez episódios deste problema, que afeta diretamente o uso das máquinas: “Tinha vez que ligavam para a gente falando ‘vocês podem vir às 19h’, e nós éramos ligados 20h, 21h. E ficava até de madrugada. Se já é cansativo vir no horário normal, imagina neste horário?”
Inclusive, na segunda-feira (16) houve um novo problema de falta de água na hemodiálise do HNSG.
Hospital não teria procurado pacientes
Wagner mostrava para a reportagem um documento: uma ata de reunião de uma notícia de fato recebida pela 7ª Promotoria da Comarca de Sete Lagoas, realizada no dia 14 de novembro deste ano. Edna e ele compareceram para relatar os problemas acontecidos na hemodiálise: atrasos, falta de lanche, falta de preparo dos funcionários para operar as máquinas, além do problema de ar-condicionado.
Mas o que incomoda mesmo os pacientes é a falta de resposta da direção do HNSG para as reivindicações. Nesta reunião com o Ministério Público, o hospital enviou uma nota relatando que os problemas acontecidos são pontuais.
“Eles falaram na ata que eles dão satisfação e suporte. Eles nunca deram suporte ou satisfação para nós de nada”, relata Edna Chaves. “Tem 20 anos que eu faço hemodiálise. Nunca chegou neste ponto. É um absurdo mesmo. Tem mais de um ano que a gente está vivenciando isso, principalmente a questão de água”.
Rodrigo Amorim está há dois anos na hemodiálise, e sempre reclamou sobre a situação das tomadas na sala: “O que acontece é algo que se fazia antigamente: pega a tomada de alguém que está funcionando, passa para outra. Leva a máquina [de hemodiálise] para lá, puxa tomada para cá. Aí o pessoal tem que sentar, deitar ou ficar em pé nas máquinas, não tem como ficar nas cadeiras”, relata.
“Já tem dois meses que não tem o ar-condicionado e o hospital não relata, nem nada. Aí o nosso amigo faz a filmagem relatando do que vêm acontecendo, que ninguém vêm resolver o nosso problema, e o que acontece: demissão de quatro funcionárias excelentes que já trabalham na hemodiálise há algum tempo”
Indignado, o paciente apela para a gerência do hospital: “Eu queria uma resposta da diretora Patrícia [Campos Nascimento, gestora administrativa do Hospital] para que ela viesse aqui para esclarecer o que está acontecendo. Porque toda hora tem um bafafá falando que alguém pediu para que as meninas voltassem para trabalhar, mas dizem que a Patrícia não quer aceitar”, finaliza.
Hospital responde
CONFIRA NA ÍNTEGRA A RESPOSTA DO HOSPITAL
Água
O HNSG respondeu, através da assessoria de imprensa, sobre os questionamentos dos pacientes da hemodiálise. Sobre a falta de água, foi afirmado que “em nenhum momento” houve problema no fornecimento do suprimento, sendo que “periodicamente é o tratamento específico da água, necessário para garantir sua qualidade e segurança, conforme os rigorosos protocolos do hospital”.
“Sempre que nossa equipe técnica identifica qualquer fragilidade no sistema que possa representar risco aos pacientes, são acionados protocolos de segurança que incluem conferências, análises biológicas, verificações no sistema de automação e, quando necessário, manutenções preventivas ou corretivas. Essas ações garantem que o sistema opere com total segurança antes de sua liberação.”
Tomadas
O hospital relatou que as tomadas são revisadas periodicamente e que eventuais danos podem acontecer e rapidamente o problema é resolvido. “Reiteramos que as poltronas utilizadas possuem baterias próprias, assegurando seu pleno funcionamento em casos de falta de energia ou enquanto eventuais reparos nas tomadas são realizados. Além disso, para evitar qualquer impacto ao atendimento, a equipe assistencial realiza ajustes no posicionamento das poltronas durante o período noturno, garantindo a recarga das baterias e a continuidade do uso pelos pacientes”.
Alimentação
“Essa informação não procede. A alimentação é fornecida a todos os pacientes sem exceção, conforme as normas e portarias vigentes. Não houve falta de alimentação em nenhum momento.
Todo serviço de diálise deve fornecer ao paciente, no dia do procedimento dialítico, alimentação de acordo com a orientação dietética do Nutricionista e com base na prescrição médica, considerando seu estado clínico e nutricional”
Ar-condicionado
O Hospital afirma que novos equipamentos, de alta potência, foram adquiridos, sendo um deles inclusive a ser instalado nesta quinta-feira (19). Mais três novos equipamentos serão instalados.
Direção
“A direção do hospital está comprometida em ouvir e atender às necessidades dos pacientes e da comunidade. Para isso se comunica com os pacientes por meio de gerências e lideranças internas, que realizam reuniões semanais onde são discutidos e analisados processos relacionados à operação da Hemodiálise e ao funcionamento geral do Hospital. Nessas reuniões, os processos são analisados, e melhorias são implementadas continuamente. A direção do Hospital, bem como toda a equipe da Instituição está à disposição dos pacientes”.
Pacientes podem tirar dúvidas, sugestões ou reclamações através do Serviço de Apoio ao Cliente (SAC) pelo telefone 31 2107-6200, que funciona também por mensagens WhatsApp, e no e-mail sac@insg.org.br.
Funcionárias demitidas
Por fim, o hospital relatou que não comenta sobre casos trabalhistas:
“O Hospital Nossa Senhora das Graças não comenta decisões administrativas internas, incluindo movimentações no quadro de colaboradores. Reiteramos que todas as ações realizadas pela instituição seguem critérios técnicos e estratégicos, sempre com o objetivo de garantir a excelência na prestação de serviços à comunidade. Sendo uma das empresas que mais emprega na cidade, estes atos de admissão e desligamento de colaboradores acontecem diariamente na instituição”
