![]() |
O empresário e ambientalista Marcelo França, que encabeça o movimento, afirma que o terreno é o único existente em Sete Lagoas localizado em área nobre do município. “Toda cidade tem que ter um pulmão. Áreas verdes estão em extinção em Sete Lagoas. Não podemos sucumbir aos interesses de grupos imobiliários. O local é propício para a criação de um parque ecológico, como existe em grandes cidades e até mais populosas do que aqui, caso de Campinas”, conta. Segundo o ambientalista, milhares de pessoas estão sendo mobilizadas para participarem de um “abraço simbólico” em torno da mata no entorno da Lagoa da Chácara.
A área intercepta a avenida Otávio Campelo até o entroncamento com avenida Nações Unidas, seguindo o cruzamento entre as ruas Jair Sales com Manoel dos Santos. Morador do Bairro Jardim Arizona, o dentista Davisson Andrade considera que preservar o terreno da Lagoa da Chácara não é importante somente para o bairro, mas para toda a cidade. “A temperatura em Sete Lagoas está cada vez mais alta. Se acabar com aquela mata, o impacto ambiental será muito grande, o clima vai tornar-se insuportável. Está na hora da cidade, através de uma parceria público-privada, fazer um parque ecológico naquele local, nos moldes do Parque das Mangabeiras, em Belo Horizonte”, sugere.
Bosque Municipal – No município já existe Projeto de Lei, sancionado, que dispõe sobre a implantação do Bosque Municipal de Sete Lagoas na área que vem sendo objeto de preocupação por parte dos ambientalistas. De autoria do vereador Caio Dutra (PMDB), foi aprovado em 2007. A proposta é incorporar todo o terreno da Lagoa da Chácara à APA Serra de Santa Helena. “O bosque terá uma comissão consultiva, com finalidade de contribuir para a gestão desta unidade de conservação da natureza, opinando ou elaborando propostas sobre a manutenção e as atividades a serem ali desenvolvidas”, prevê o projeto. Segundo o vereador, “busca-se desta forma a preservação, proteção integral e permanente dos ecossistemas e recursos naturais existentes na área, especialmente como reserva genética da flora e fauna para fins de estudos científicos, culturais e educacionais”.
Procurado pela reportagem, o secretário municipal do Meio Ambiente, Lairson Couto, conta que oficialmente não existe qualquer proposição na prefeitura para se criar um loteamento ou desmembramento no local. “Há dois anos, durante a gestão da administração passada, foi iniciada a negociação do terreno com os proprietários, que tinham como objetivo lotear. No entanto, embasado em estudo ambiental, o Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Codema), barrou a iniciativa”, explica. Segundo Lairson, a área é contemplada por diversas nascentes, com grande abundância de água em seu lençol freático. “Hoje não se autoriza facilmente abertura de loteamentos em Sete Lagoas. Antes de qualquer obra, a proposição tem que ter aprovação do Conselho do Plano Diretor e também pelo Codema”, completa.
Celso Martinelli