O calor seria responsável por fazerem as cobras aparecerem com frequência aqui na cidade? Ou seria o desmatamento de áreas? Essas dúvidas, suscitadas por seguidores do SeteLagoas.com.br foram sanadas por um biólogo especialista em serpentes. Ele aponta: estes animais são mais vistos no verão.

A cidade enfrenta temperaturas muito altas, acima dos 30ºC. Mas elas saem dos “esconderijos” para se refrescar? “As cobras elas são muito mais ativas no período do verão, quando está chovendo bastante, quando está quente. Então, não por estar mais quente que fazem as cobras aparecerem mais, não, até porque tem um ‘ótimo’ de temperatura para várias espécies, né? Então se ficar quente demais também é ruim para a gente e ruim para elas“, comenta o professor da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) e herpetólogo (especialista em anfíbios e répteis) Diego Santana. O verão é um período em que não só os predadores estão ativos, mas também as presas – por exemplo, este é o período de reprodução de anfíbios. As cobras também se aproveitam do momento.
“E quando a gente avança sobre as áreas naturais delas, não é que a gente tá espantando elas e as cobras estão indo para outros lugares, na verdade a gente está entrando nas casa delas. As serpentes chegaram primeiro que a gente, inclusive. Então quando está fazendo um bairro novo numa cidade, esses encontros, eles vão ser mais frequentes”, aponta o especialista. O professor ainda indica que as serpentes são seres que não fazem mudanças de território com frequência: “Por mais que eu toque ela, tente espantar ela, ela vai sair daquele lugar, mas não vai ser por muitos metros dali”, afirma Diego.
Sete Lagoas é uma cidade onde podem ser encontradas com mais frequência espécies como jararacas e cascavéis. Estes animais gostam de estar em terrenos quentes e úmidos: terrenos baldios, sujos, com entulho, são abrigos ideais para elas. “Isso para quem está na cidade, esse é o principal nas periferias também. Evita terreno sujo”, completa o herpetólogo. “E geralmente as serpentes não vão te atacar. No máximo que elas vão ficar ali, ficando quietinha no canto delas. [Você] pega um pedacinho de pau assim para encostar nelas de longe, para tocar elas embora, não precisa de matar. E chama o Corpo de bombeiros, se possível também”.
Sobre o medo (e a crença que elas são um perigo), o professor é categórico: “Muitas dessas serpentes, na verdade, está prestando um serviço ecossistêmico para todos nós. Elas comem muitos ratinhos que estão na cidade que transmitem doenças, controlam populações de outros bichos também. Então elas são super importantes para a natureza“, afirma.
“Matar animais silvestres é crime. Então assim, se vir uma serpente, você não pode matar ela”
De acordo com o Corpo de Bombeiros, foram 13 serpentes capturadas em Sete Lagoas nos últimos 15 dias; a última foi nesta terça-feira (18) no bairro Iporanga. Neste levantamento enviado ao SeteLagoas.com.br, o bairro Planalto foi o que mais teve chamados para resgate dos animais.
“Realmente esse momento agora é o que elas aparecem mais, mas a gente está vivendo uma época também que todo mundo tem acesso à informação e de fornecer informação. Então isso dá essa sensação de que está tendo muito mais do que sempre teve”, finaliza o professor Diego.