O agronegócio mineiro acaba de dar um passo significativo em direção a práticas mais sustentáveis com a inauguração da biofábrica da Embrapa Milho e Sorgo, localizada em Sete Lagoas, na região Central do estado. A unidade-piloto, que iniciou suas operações em maio, tem como foco a produção de bioinsumos e produtos biológicos à base de vírus e bactérias, projetados para combater as principais pragas que afetam culturas essenciais como milho, soja e algodão.

Fruto de uma colaboração estratégica entre a Embrapa, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e o Grupo Innovar, o projeto representa um marco fundamental na busca pela redução do uso de defensivos químicos nas lavouras brasileiras. “A bioeconomia é a locomotiva que puxa muitos vagões. Com o uso dos bioinsumos teremos uma produção agrícola mais sustentável, preservando o meio ambiente e melhorando a produtividade no campo”, afirma Lauro Guimarães, chefe-adjunto de Pesquisa & Desenvolvimento da Embrapa Milho e Sorgo, destacando o potencial transformador da iniciativa.
A biofábrica está equipada com um moderno biorreator de bancada, que possibilita a realização de fermentações microbiológicas simultâneas. Além de sua capacidade produtiva, a estrutura será crucial para a capacitação de empresas parceiras e a validação de novas tecnologias, com foco no desenvolvimento de bioinseticidas, bioinoculantes e outros microrganismos de interesse agrícola.
A Embrapa Milho e Sorgo possui uma vasta coleção de cerca de 11 mil acessos de microrganismos multifuncionais, que servem de base para o desenvolvimento de soluções biológicas inovadoras. Pesquisadores como Fernando Valicente lideram a identificação de vírus e bactérias capazes de controlar pragas específicas. Segundo ele, após testes laboratoriais rigorosos, os produtos avançam para a fase piloto na biofábrica e, posteriormente, podem ser produzidos em escala comercial. “Nossa meta é desenvolver ao menos dois produtos biológicos por ano”, explica Valicente.
Até o momento, 14 bioinsumos desenvolvidos pela Embrapa já foram oficialmente registrados pelo Mapa e estão disponíveis no mercado. Esses produtos são compatíveis com tecnologias químicas, permitindo sua utilização de forma integrada no manejo de pragas, oferecendo flexibilidade aos produtores.
Para Sara Rios, chefe-adjunta de Transferência de Tecnologia da Embrapa Milho e Sorgo, a biofábrica é um passo decisivo em direção a uma agricultura mais resiliente e consciente. “Os bioinsumos têm ganhado visibilidade pelos impactos positivos que geram, como aumento da qualidade dos alimentos e da produtividade, sem comprometer a saúde humana, animal ou o meio ambiente”, conclui Rios, ressaltando os múltiplos benefícios da adoção dessas tecnologias.