Diversas famílias sem teto iniciaram desde a última semana, na quarta-feira, 03, a ocupação de um lote vago na Rua J no Bairro Jardim dos Pequis, as margens da Avenida José Sérvulo Soalheiro. Alguns vizinhos que têm ajudado as famílias, disponibilizando água e banheiro, acreditam que já estiveram no local cerca de 500 pessoas.
O movimento de ocupação do terreno começou depois que alguns dos ocupantes da cidade que moravam de aluguel perderam o emprego em uma siderúrgica do município e decidiram ocupar o lote, segundo contou um dos ocupantes.
A notícia da ocupação se espalhou e a cada dia mais famílias chegam ao local improvisando as moradias com lonas, papelão e pedaços de madeira. Algumas das primeiras famílias que chegaram ao terreno começaram a construir cômodos com tijolos.
Segundo nota divulgada pela prefeitura o município tomou conhecimento das primeiras invasões por meio de seu Departamento de Patrimônio logo na manhã do último sábado, 05. De acordo com o comunicado, no mesmo instante a administração municipal “tomou todas as medidas possíveis” para que as invasões fossem impedidas bem como para evitar o surgimento de novas invasões como já estava sendo verificado.
Foi realizada então a “lavratura de notificações dos invasores” e, assim que as notificações foram lavradas a Procuradoria Geral do Município efetuou as medidas judiciais cabíveis e pediu a reintegração de posse em caráter de urgência. A Polícia Militar acompanhou a reintegração de posse do local, que foi realizada na tarde desta quinta-feira,10.
Uma das ocupantes que não quis se identificar conta que saiu de casa recentemente por sofrer violência doméstica por parte do marido. A mulher e a filha de sete anos estavam em uma barraca improvisada desde a última sexta-feira, 07. “Estou desempregada e só não passo fome porque meu filho mais velho ganha cesta na empresa”, conta.
A moradora Valdênia da Silva é vizinha do lote onde estava acontecendo a ocupação e vive em uma das casas doadas pela prefeitura. Valdênia tem ajudado com água e banheiro para alguns dos ocupantes “Tem mulher grávida, gente com neném recém-nascido”, conta.
Elisabete Passos é uma das grávidas que deve ganhar a criança nos próximos dias, segundo conta Josias Passos, pai de Elisabete, que havia montado no lugar uma barraca para a filha, e o genro. O casal não sabe ainda para onde vai.
Vizinhas do local reclamam que o lote além de juntar sujeira, dejetos de lixo e ser reduto para animais peçonhentos também é utilizado para o consumo e tráfico de drogas e até para o desmanche de veículos roubados. Contudo no lote existem alguns pequizeiros que são protegidos por lei ambiental e reduzem a possibilidade de construções no terreno.
Ainda segundo a nota da prefeitura a situação “está sendo acompanhada com bastante proximidade pelos Procuradores do Município com o intuito de dar celeridade ao andamento desses processos e reintegrar a Municipalidade na posse desses imóveis o mais rapidamente possível”.
Por Nayara Souza.