De acordo com o presidente da associação, a crise mundial também bateu à porta da coleta. Segundo ele, os valores de material reciclável caíram muito. “Os compradores, que antes pagavam R$ 15,00 por um quilo de cobre, hoje não dão mais que R$ 5,00. O mesmo acontece com o quilo da lata de alumínio. Até novembro do ano passado, conseguíamos vender este material por R$ 3,80 e hoje não ganhamos mais que R$ 1,50 por quilo de latinha”, conta Wenceslau de Jesus.

Diariamente, a catadora Cleuza das Graças Soares, 59 anos, levanta por volta de seis horas da manhã e vai para a sede da coleta seletiva de Sete Lagoas. Há oito anos na associação, ainda encontra força suficiente para bater de porta em porta e coletar o lixo produzido nas residências sete-lagoanas. “O ganho é pouco, mas dependo da coleta para sobreviver. Com R$ 200,00 – quando rende tudo isso – dá para sustentar a família, que é composta por sete pessoas. Não vejo dificuldade em levantar cedo e lidar o dia inteiro com lixo. É um bem que faço para Sete Lagoas. O único problema é o sol quente. Não tenho a mesma resistência de quando era jovem”, afirma.
Com 25 catadores e um caminhão cedido pela Prefeitura Municipal, moradores de apenas 10 bairros separam, semanalmente, o lixo reciclável a ser buscado. “Sem estrutura, o serviço está encolhendo, em vez de chegar a toda a cidade. Diariamente, evitamos que 25 a 30 toneladas de lixo sejam destinadas para o aterro sanitário com a triagem do material a ser reciclado. Infelizmente este serviço, que é essencial para o município, não é devidamente valorizado”, considera o presidente dos catadores.
O secretário do Meio Ambiente, Lairson Couto, afirma que o município é sensível às dificuldades e a importância da associação dos catadores para Sete Lagoas. Segundo ele, há subvenção municipal na ordem de R$ 18 mil a ser liberada para a coleta desde o ano passado. No entanto, entraves burocráticos evitam que os recursos sejam disponibilizados de imediato. “Já estamos viabilizando isso junto à Prefeitura”, explica.
Segundo Lairson, já está sendo estudada uma forma de melhor recompensar o serviço prestado pela associação. Um projeto será elaborado e enviado para a Câmara Municipal. “A coleta é essencial para o município. O material passível de ser reciclado só aumenta a vida útil do aterro. Vamos fazer um projeto no sentido de pagarmos à parte pela coleta seletiva, ao invés de pagarmos integralmente para a empresa que executa o serviço de limpeza pública de Sete Lagoas”, completa.
Celso Martinelli