
Das indústrias existentes em Sete Lagoas, não demitiram ainda as siderúrgicas Plantar, Veredas, Sama, Gerdau e Noroeste. Em contrapartida, para frear a onda de demissões, o setor guseiro vem aderindo ao programa de Suspensão de Contrato de Trabalho, medida provisória (MP) 1.726/98. A medida prevê a suspensão do contrato de trabalho para a participação do trabalhador em curso ou programa de qualificação profissional, com garantia de qualificação profissional e pagamento de benefícios. “Dessa forma, de dois até cinco meses, é oferecido pelo contratante um curso para o empregado. A estabilidade neste período é garantida, com pagamento de um salário mínimo até R$ 870,00, dependendo do cargo, e benefícios, como vale-transporte”, explica. Segundo Ernane Dias, atualmente 800 trabalhadores estão com contratos suspensos, mas momentaneamente livres da degola.
O número de pessoas dispensadas é tão alto que foi disponibilizado no sindicato setor exclusivo para atendimento dos trabalhadores. No local são feitos os cálculos dos acertos e pendências a receber. A situação que mais preocupa é em relação aos ex-funcionários d MC Industria, indústria ligada ao setor automotivo e uma das distribuidoras da Iveco Fiat. Com três meses de salários atrasados, foram dispensadas recentemente 110 pessoas. É o caso de Geovani Viana Campos, que depois de 18 meses de casa, foi demitido. “Estou sem receber há três meses, devendo muito e com o nome na lista suja do Serasa. A esperança vai ser o pagamento da primeira parcela do seguro desemprego, prevista para sair no dia 30 de abril. Até lá, é levar no sacrifício”, afirma. É o mesmo caso de Paganine Dias Moreira, 44. Sem salário fixo, está vivendo de fazer “bicos” em uma serralheria. “A única vantagem é que sou solteiro. Mesmo assim, tenho muitos gastos e estou trabalhando no que aparece para não passar necessidade. O problema foi atrasar o salário por três meses”, conta.
O sindicalista afirma que, apesar deste problema relacionado aos funcionários da MC Industria, o setor automotivo dá sinais de melhora, principalmente os segmentos de autopeças e acessórios. Segundo Ernane Dias, na última semana foram contratadas cerca de 70 pessoas para o setor de autopeças. “Com a redução do IPI por mais três meses, o setor automotivo ganhou sobrevida. Estão produzindo mais acessórios, a demanda está aumentando”, comemora. Em contrapartida, Ernane se mostrou decepcionado com o Ministério do Trabalho, que aumentou de cinco para sete a quantidade de parcelas do seguro-desemprego, mas não estendeu o “benefício” para os metalúrgicos. “O aumento de dois meses – normalmente é pago em cinco parcelas – foi dirigido apenas para alguns segmentos, e a indústria metalúrgica ficou de fora”, finaliza.
Celso Martinell