O Hospital Nossa Senhora das Graças (HNSG), que atende 70% das internações do município, vem enfrentando sérias dificuldades financeiras que podem comprometer o atendimento gratuito à população. Para contornar a situação precisou implantar um programa de Recuperação Econômica (ProREF), mas a falta de recebimento pelos serviços prestados já fez o hospital até mesmo fechar um de seus andares, tendo de reduzir leitos e fazer realocações.
Segundo a comunicação do hospital, hoje a Prefeitura de Sete Lagoas deve cerca de 4,8 milhões de reais ao hospital, somado a mais de R$ 1,7 milhão da dívida do Governo do Estado. Ou seja, o que tem a receber do poder público já ultrapassa R$ 6,5 milhões. E o que mais chama atenção é que, ainda segundo a administração, o valor tem sido repassado integralmente pela União. As informações são encontradas no Fundo Nacional de Saúde (Veja AQUI) e no Portal Transparência (Aqui).
Em nota a secretaria de Saúde De Sete Lagoas divulgou que a informação não é verdadeira e que “existe, sim, um débito da Gestão com a instituição, mas a importância devida é muito inferior ao que vem sendo alegado, menos de 50%.” Anunciou também que não procede a alegação de que a Instituição Nossa Senhora Das Graças (INSG) não obtém sucesso nos contatos com a Gestão de Saúde.
A coordenadora de comunicação do HNSG, Ana Cláudia Braga, afirmou que o hospital tem tentado acertar o cronograma de recebimento com o governo do Estado de Minas Gerais e com a Prefeitura de Sete Lagoas, mas que não conseguiram nenhum retorno. Disse ainda que tentaram entender o lado da Prefeitura mas que “ chega em um ponto que não adianta tentar entender o lado do outro sendo que nosso lado está comprometido. Não podemos ser coniventes com essa dívida porque isso tem implicações jurídicas também”. Ainda lembrou que se o hospital receber o valor dos serviços já prestados ao SUS ele conseguiria pagar o que deve e ainda sobraria uma reserva para a sua operação.
“Com esse atraso do recebimento a sustentabilidade aqui fica praticamente inviável. Porque nós temos servidores para pagar, tem medicamentos. O setor de hemodiálise, por exemplo, recebe diariamente pessoas que dependem do serviço, então tem que pagar o maquinário, tem que pagar manutenção. Então, a gente sobreviver em uma crise dessa de recebimento é muito complicado. A nova gestão já otimizou todos os custos dentro do hospital, e se hoje a gente recebesse tudo que nos devem, estaríamos com o operacional tranqüilo e ainda teria dinheiro para investir no hospital”, relatou Ana Cláudia.
Ana Cláudia ainda destacou que partos feitos pelo SUS em Outubro do ano passado até o momento não foram pagos.
Na nota a secretaria de Saúde divulgou que a “ INSG não deixou de receber pelos serviços prestados. Tanto assim é que, em 2013, foram repassados para a INSG R$ 20.741.617,74 (média de R$ 1.728.468,00/mês), em 2014, R$ 30.548.743,97 (média de R$ 2.545.728,00/mês) e até junho de 2015, R$ 3.367.610,02 (média de R$ 2.227.935,00/mês); valores esses proporcionais ao número de atendimentos realizados.”
O publicitário do HNG, Túlio Fonseca, lembrou que a instituição teve que aperfeiçoar os custos e fazer diversos cortes no orçamento, todos com a ajuda dos funcionários. Já conseguiram reduzir R$ 1,2 milhão do custo operacional por mês, manteve o pagamento dos funcionários em dia, mas precisam receber, pois tem outras contas a pagar. “O 13º, por exemplo, talvez dê para contar nos dedos qual foi a Santa Casa, a prefeituras que deu conta de pagar aos funcionários. Nós pagamos em dia, não atrasou um dia de salário. Mas ai, por exemplo, eu já tenho o fornecedor que está em aberto. Não dá, não fecha.”
De acordo com a diretoria, se a prefeitura não pagar o que deve o HNSG terá que reduzir os serviços prestados o que pode sobrecarregar os serviços no Hospital Municipal e nas UPAs. Hoje o hospital conta com 900 funcionários, sendo 300 médicos. Em 2014 o hospital atendeu 52.713 pacientes na urgência/emergência. Até o dia 31 de maio o número já estava na casa dos 19 mil.
A redação do SeteLagoas.com.br tentou ouvir a Secretaria de Saúde mas não obteve resposta.
Cristiane Cândido