Sete Lagoas passou por grandes transformações nos últimos anos e junto com a evolução veio também problemas urbanos, como o aumento no número de moradores de rua. No ano passado a prefeitura convidou o Centro Regional de Referência em Drogas da Universidade Federal de Minas Gerais (CRR/UFMG) para realizar o censo dessa população e comprovou seu crescimento.
Antes de realizar a pesquisa a cidade foi mapeada em 65 locais que poderiam encontrar pessoas em situação de rua, a previsão era encontrar 116 indivíduos. Durante a coleta de dados foram visitados 73 pontos e 132 pessoas foram abordadas. Os homens são a maioria, correspondendo a 85,2% dos entrevistados, 14,8% são mulheres. Foram entrevistados pessoas de 19 a 93 anos, a maioria tem idade entre 20 e 50 anos.
Outro ponto interessante levantado pelo censo é que 61,8% das pessoas em situação de rua são migrantes vindos de outras cidades, eles alegaram ter vindo para Sete Lagoas em busca de emprego. A profissão de pedreiro foi a mais declarada entre os entrevistados.
O município conta com dois serviços especializados e tipificados a nível nacional para atender esse público. O Centro Pop fica localizado na Rua Senador Salgado Filho, 88, bairro Canaã, e funciona durante o dia, já o serviço de Acolhimento Institucional, abrigo unissex, funciona no Acolher e tem característica de uma residência.
Em média 70 pessoas são atendidas diariamente no Centro Pop. A gerente de proteção social especial, Lygia Guimarães, explica que os serviços vieram para garantir o direito da pessoa em situação de rua. Nas unidades são oferecidos atendimento técnico, psicológico, serviço social, oficinas, alimentação e higienização (os moradores de rua podem tomar banho, fazer a barba e ganham vestuário). “Esse ano a gente está com previsão que eles vão ter café da manhã e café da tarde todos os dias, e se eles quiserem almoçar, eles podem ir no Acolher”, disse Lygia.
O morador de rua que queira ficar no abrigo precisa passar primeiro por uma triagem no Centro Pop. O Acolher tem capacidade de abrigar até 50 pessoas, incluindo famílias (crianças e adolescentes individuais são levadas para abrigos específicos). A permanência no local pode ser de seis meses, com prorrogação de mais um ano. Lygia deixa claro que a assistência social não pode forçar ninguém a sair das ruas, em caso de agressividade ou loucura, por exemplo, a assistência pode intervir junto com a saúde e ordem judicial para que essa pessoa se submeta a receber tratamento.
Ainda segundo a pesquisa, conflito familiar é o maior motivo para essas pessoas estarem na rua, depois vem o uso de álcool e drogas, e por último separação conjugal.
Por Tatiane Guimarães
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