Nem todo mundo sabe, mas muitas vezes, aquele bebezão, que nasce grandão e gordinho, normalmente pesando mais de quatro quilos, não é tão saudável quanto todos pensam. Em muitos casos, a chamada macrossomia fetal pode ser um sinal de que a mãe daquele bebê teve Diabetes Gestacional e a doença não foi tratada ou identificada a tempo.
No Brasil, estima-se que cerca de 7% das gestantes, todos os anos, apresentem o Diabetes Gestacional. O número não é oficial, mas a obstetra Cíntia Aparecida Santos Oliveira, médica plantonista da Maternidade do Hospital Nossa Senhora das Graças e coordenadora do serviço de Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia do hospital admite que a incidência da doença tem crescido a cada ano. “Atualmente tem sido muito comum por causa da nossa população, que está cada vez mais obesa”, diz a médica, que cita ainda outros fatores de risco para o diabetes gestacional. São eles: pacientes com Síndrome de Ovários Polimicrocísticos, que tiverem muitas gestações, que têm histórico familiar de diabetes, história prévia de diabetes gestacional ou bebê macrossômico.
O diabetes gestacional ocorre em função de uma alteração no funcionamento da placenta, que ocasiona um aumento da resistência à insulina. “Não é que ela deixa de produzir insulina como acontece com o diabético tipo 1. Mas a insulina que o organismo dela produz passa a ser ineficiente e insuficiente, provocando um aumento nos níveis de glicose no sangue”, explica a médica.
Em muitos casos, uma paciente que já era diabética antes de engravidar, só consegue identificar a doença quando começa o pré-natal. Para efeitos de diagnóstico, esta diabetes, conhecida apenas durante a gravidez, é considerada diabetes gestacional. “Se a gestante tem uma rotina de pré-natal habitual, serão pedidos os exames necessários para diagnóstico do diabetes gestacional. Além disso, o médico também deve ficar atento aos fatores de risco”, afirma Dra. Cíntia.
O TRATAMENTO
O tratamento do diabetes gestacional é feito, basicamente, com a introdução de atividades físicas na rotina da paciente, quando possível, e também com um controle alimentar mais rigoroso excluindo massas e doces. “A gestante precisa fazer um controle dos níveis de glicose ao longo do dia para saber se a dieta está sendo eficaz. Se o controle não estiver adequado, será instituído o tratamento com insulina”, explica a médica.
Naquelas pacientes que já eram diabéticas antes da gravidez, o tratamento medicamentoso inicial é o uso da insulina, sendo ainda necessário o controle glicêmico diário e o ajuste da dose de insulina quando necessário.
Segundo a obstetra Cíntia Oliveira, o risco das pacientes que adquiriram o diabetes durante a gestação desenvolverem o problema também depois da gravidez existe. “A fisiopatologia do diabetes gestacional é um pouco diferente dos outros tipos de diabetes, mas fazemos um acompanhamento até seis semanas de pós-parto para saber se os níveis de glicose se normalizaram”, explica a médica.
RISCOS REAIS
Um dos riscos para o bebê durante gestação de paciente com diabetes gestacional, além da macrossomia fetal, é nascer com um quadro de hipoglicemia. “É uma complicação muito frequente, menos grave, mas que ocorre porque o bebê está acostumado com aquele excesso de glicose que passa pela mãe. Quando ele sai do útero e deixa de receber esse aporte de glicose pode acontecer uma hipoglicemia”, afirma Dra. Cíntia. Esses bebês são monitorizados no hospital nas primeiras horas após o nascimento com glicemia capilar. No entanto, nem todos os casos são simples assim de se diagnosticar e tratar. “A hipoglicemia e a hiperglicemia da gestante, ou seja, o descontrole glicêmico pode ter, como consequência mais grave, até mesmo o óbito fetal”, disse a médica.
Para a mãe, os riscos são as descompensações, que são os quadros de hiperglicemia e hipoglicemia. São consequências, que em alguns casos graves, podem levar à morte.
CASA DA GESTANTE
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Casos de diabetes gestacional em que não há controle dos níveis de glicose são considerados casos de gravidez de risco. Em Sete Lagoas e na região, o Hospital Nossa Senhora das Graças é a referência para receber esse tipo de paciente. “Como essas pacientes precisam fazer um controle mais específico mais próximo, quando a gente tem uma paciente descompensada do controle glicêmico, a gente encaminha para a maternidade e, preferencialmente, para a Casa da Gestante onde há muitos casos de pacientes com diabetes gestacional”, conta Dra. Cíntia Oliveira.
A Casa da Gestante é mantida pelo Hospital Nossa Senhora das Graças e tem capacidade para acomodar, de uma só vez, até dez gestantes ou mulheres que acabaram de dar à luz e precisam ficar perto do hospital para acompanharem seus bebês ou serem monitoradas pela equipe do HNSG. “Lá, a gente faz um monitoramento mais rigoroso dessas glicemias capilares diárias e o ajuste da dose de insulina da forma adequada para otimizar o controle do diabetes dessa gestante. Além disso, a gente faz a avaliação ultrassonográfica do bebê para ver quais seriam as repercussões desse diabetes no organismo do bebê e como a gente vai conduzir essa gestação”, conclui.
Com Ascom HNSG