A Igreja Universal do Reino de Deus pleiteia dobrar o tamanho de sua estrutura física em Sete Lagoas, na avenida Antônio Olinto. A medida gera polêmica, sobretudo porque há grande preocupação do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico (Compac) em relação à arquitetura do templo após a conclusão da obra.

Localizada no centro, a sede da igreja integra o complexo histórico do Museu do Ferroviário. A intervenção só será aprovada – ou não – após apresentação do projeto detalhado, mostrando como ficará a edificação.
No projeto inicial, a ampliação prevê o aumento de 600 para 1240 cadeiras destinadas aos fiéis. A área atual do templo é de 906,8 m². Com a intervenção, saltaria para o dobro. O proprietário dos imóveis que seriam demolidos para a construção dos novos galpões, Ernane Pena, considera que hoje não há nada de histórico no local que justificaria barrar o projeto da Universal. “Adquiri estes imóveis em 1971. Na década de 40 foi um depósito de algodão da empresa Cedro e Cachoeira. Atualmente abriga uma pequena loja de móveis com estrutura comprometida”, argumentou.
Em contrapartida, representantes da Igreja Universal afirmaram que é interesse da instituição adotar a praça que fica em frente ao templo, apresentando novo projeto paisagístico e de manutenção do local. A preocupação com a acústica também foi abordada pela arquiteta Aline Fabiana da Costa, que apresentou o projeto da ampliação. “É uma exigência da Igreja Universal padronizar as sedes e evitar qualquer tipo de poluição. O objetivo é executar o projeto dentro da legalidade, com respaldo de todas as esferas do poder público”, afirmou.
A presidente do Compac, Shirley Francisca da Silva Fonseca, avalia que é preciso maior sintonia entre arquitetos da instituição e do Compac. “Precisamos evitar a construção de um simples galpão, que certamente vai agredir bastante a paisagem”, afirma. Para o secretário Municipal de Cultura, Fred Antoniazzy, é necessária uma proposta estética que se adeque ao modelo das edificações que integram o complexo do Museu do Ferroviário. “Há pelo menos duas décadas a cidade sofre um processo de ‘enfeiamento´. É preciso preservar ou melhorar o que restou da memória de Sete Lagoas”, defendeu. Na próxima reunião do conselho, a ser agendada, o assunto volta à pauta.
Por Celso Martinelli