Foi arrematada por R$ 22 milhões à vista uma usina siderúrgica com capacidade atual de produção de aproximadamente 340 toneladas de ferro gusa por dia. O lance ocorreu no leilão realizado segunda-feira, com o objetivo de liquidar a massa falida do complexo siderúrgico da Ironbrás. Junto com este forno localizado no Barreiro, e sem acréscimo no valor, também foram liquidadas as duas fazendas restantes. Quem deu o lance foi o empresário Rodrigo Valadares, proprietário da Viena Siderúrgica, de Belo Horizonte.

Com a presença de diversos interessados e ex-funcionários da massa falida, o leilão foi realizado no Salão do Júri do Fórum Desembargador Félix Generoso, em Sete Lagoas. Por R$ 22 milhões, a Viena integra agora a seu patrimônio um forno e outras duas fazendas próximas de Chapada Gaúcha (MG), sendo uma com mais de 15 mil hectares. Inicialmente, a usina estava avaliada em R$ 26.448.082,16. De acordo com o empresário Rodrigo Valadares, não há data prevista para iniciar a produção no complexo recém arrematado. “Há alguns embargos judiciais. Após esta questão ser resolvida a idéia é reformar o que for necessário. Não temos pressa. O pior da crise do setor guseiro já passou, mas não podemos nos iludir. É preciso cautela”, afirmou.
Também houve oferta pela usina que restou, outra localizada em Sete Lagoas, às margens da BR-040, e com capacidade de produção de 480 toneladas/dia, que estava avaliada em R$ 42,346,278,90. O lance foi de R$ 21.600.000,00, em 24 vezes, dado por Mateus José Rodrigues, proprietário da Fergubrás. A proposta ficou em aberto a fim de ser analisada pelo juiz José Ilceu Gonçalves Rodrigues. No entanto, o juiz deixou claro que o ideal é que as prestações não ultrapassem 12 meses. Ele também comentou sobre o pagamento dos credores. “Do valor que foi liquidada a primeira usina, 20% ficará depositado em juízo. O restante será destinado para o pagamento de direitos trabalhistas já julgados. Alguns ainda estão iniciando o processo agora, mas tudo será liquidado”, afirmou.
Presentes na reunião e cheios de expectativa estavam alguns metalúrgicos. Entre eles, Manuel Carlos Pinto, desempregado há mais de dois anos. “Estou há muito tempo na espera. Tenho 23 anos de trabalho em siderurgia. Assim como outros pais de família, não está sendo fácil sobreviver só de bicos. Acho que agora tudo vai se resolver, com a graça de Deus”, afirmou. Segundo o juiz José Ilceu Rodrigues, dentro de três meses os embargos já deverão estar julgados, o que deixará o forno liberado para operação.
Por Celso Martinelli