Dirigir falando ao celular, sem o cinto de segurança, acima da velocidade permitida e depois de ingerir bebidas alcoólicas. Somadas, essas infrações corriqueiras motivaram mais de 58,5 mil multas de janeiro a setembro em Sete Lagoas – cerca de 270 por dia –, segundo a Secretaria de Trânsito (Seltrans).
A lista de imprudências não é nada pequena, muito menos a de desculpas dadas pelos condutores flagrados e autuados. Pressa, distração e a crença de controle total sobre o veículo mesmo após o consumo de álcool estão entre os principais motivos alegados por eles ao desrespeitarem as leis de trânsito. É o que aponta pesquisa realizada em todo país pela Arteris, empresa do setor de concessões de rodovias. Foram examinadas as justificativas dadas pelos motoristas diante de um comportamento de risco na condução do veículo.
A conclusão do estudo é que, mesmo cientes dos perigos e da lei, a maior parte dos condutores entrevistados acredita que trajetos de curta distância ou a confiança na capacidade de dirigir sob efeito de álcool legitimam posturas incorretas no trânsito.
Recorrência
Nas ruas de Sete Lagoas, os pequenos vícios identificados na pesquisa podem ser verificados a qualquer hora do dia. Na manhã de ontem, vários motoristas foram flagrados usando aplicativos ou fazendo ligações telefônicas enquanto dirigiam. Em uma simples parada pela reportagem do SeteLagoas.com.br, na praça Tiradentes, em 15 min. mais de 20 motoristas foram identificados praticando ilegalidades enquanto dirigiam seus veículos.
Cultura de Sete Lagoas
“Esse tipo de mentalidade é realidade que vivenciamos no trânsito de nossa cidade. As pessoas nunca esperam que algo possa acontecer enquanto estão utilizando o celular quando estão dirigindo, sempre acham que nada vai acontecer”, explica o secretário de Trânsito Wagner Oliveira.
“Apesar de várias ações da secretaria de trânsito na Semana Nacional do Trânsito, que ocorreu de 18 a 24 de setembro, é necessário que haja um maior investimento na área da educação do trânsito e isto será uma tônica daqui pra frente na nossa secretaria, esclarecendo que o ano inteiro estaremos atuando nesta área” afirmou Wagner Oliveira.
Especialistas defendem maior rigor na fiscalização
A ausência de penalidades contínuas, que sejam mais rigorosas com os motoristas infratores, é o principal motivo para a persistência das infrações. Quem afirma é o especialista em transporte e professor da Fumec Márcio Aguiar. Segundo ele, a falta de fiscalização leva muitas pessoas que já deveriam ter perdido a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) a continuarem circulando livremente. “Esse cenário faz com que haja sempre a reincidência nas contravenções e a coisa vai se perpetuando. Uma distração no celular por cerca de três segundos já é suficiente para causar acidentes graves”, argumenta Aguiar.
Outro ponto apontado pelo especialista é o reforço nas campanhas de conscientização no trânsito que, apesar de já existirem, precisam ser feitas durante todo ano. “Infelizmente, elas só acontecem em momentos pontuais ou quando acontece um acidente muito grave”, avalia.
No mesmo caminho o especialista Marcus D’Ávila em palestra ministrada no encerramento da Semana Nacional do Trânsito, em data de 24 de setembro, a convite da Seltrans, relata que somente 10% das infrações de trânsito são processadas, ou seja, 90% delas ficam sem penalidade, o que gera uma sensação de impunidade nos motorista em geral.
Dados da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgados pela pesquisa da Arteris, apontam que 1,2 milhão de pessoas perde a vida no trânsito, todos os anos, ao redor do mundo. No Brasil, são aproximadamente 40 mil óbitos a cada 365 dias, conforme os dados do Ministério da Saúde.
Da Redação com HD e Seltrans