“O fato de não serem valorizados [professores] como profissionais, sem perspectiva de bons salários ou de uma carreira, leva a um processo de desvalorização. Os jovens não procuram o magistério o que cria um efeito dominó”, comenta o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Roberto Leão.
Apesar da avaliação negativa sobre o reconhecimento da profissão, 67% dos professores disseram que não mudariam de profissão. “Esse percentual é muito bom. É mesmo uma profissão que envolve. Você está sempre em contato com o que tem de novo no mundo, que são as crianças e os jovens. Isso é importante, é gostoso”, conta Leão.
Outro tema avaliado pela pesquisa foi o grau de satisfação dos professores referente aos diferentes aspectos da escola, desde a infra-estrutura até o relacionamento com as famílias dos estudantes. Para 81,3% dos entrevistados, a relação do professor com seus alunos é o que traz mais satisfação.
Em todos os pontos avaliados, o nível de contentamento dos professores da rede particular é sempre maior do que os da pública. Sobre as instalações, equipamentos e materiais que a escola dispõe para otimizar as aulas, 84,1% dos professores da rede privada dizem estar satisfeitos, contra 47,3% da rede pública.
A professora Margarete Lopes vive as duas realidades. Ela dá aula de artes visuais em uma escola pública de Taguatinga – cidade do Distrito do Federal, distante 20 quilômetros de Brasília – e em um colégio particular da cidade. Projetores, DVD, televisão e internet são alguns dos recursos que ela dispõe para dinamizar o ensino na instituição privada.
“Os recursos digitais influenciam muito no processo de aprendizado, porque hoje, em qualquer nível social, o estudante tem acesso a essas tecnologias. Se a escola também oferece esses meios, o resultado é mais positivo, atrai o aluno”, avalia a professora. Na escola de Taguatinga, os recursos são mais limitados. “A gente tem projetor, TV, laboratório de informática, mas é um aparelho e eu não sou a única querendo usar”, explica.
Além da questão estrutural, Margarete acredita que para melhorar a qualidade do ensino nas escolas públicas é preciso que toda a sociedade se comprometa com a causa, além da vontade do governo. “A escola pública pode melhorar bastante a partir do momento em que as políticas educacionais sejam verdadeiramente compromissadas”, acredita.