Um dos principais personagens da resistência negra em Minas Gerais, Chico Rei se tornou uma figura lendária não só pela sua história nas minas em Ouro Preto. Galanga, seu nome de batismo, teria sido um dos principais responsáveis por trazer e disseminar o Congado para as terras mineiras. Essa história, muitas vezes desconhecida pela própria população, ganha vida na nova música do Congadar, que será lançada na primeira noite do Circuito Cultural Pampulha, no dia 11 de outubro, a partir das 19h, na Praça Geralda Damata Pimentel.
“Chico Rei”, nome que também dá o nome à nova música, conta um pouco dessa história. “Com seu próprio trabalho nas minas de ouro, ele comprou a sua alforria e de muitos outros escravos. De certa forma, a música fala não só da figura, mas também de todos os Chicos Reis que trabalham incessantemente todos os dias para ter um mínimo de dignidade e respeito na vida”, afirma Carlos.
Saúva, um dos vocalistas do grupo. A música foi escrita por Bruno Melo, capoeirista mais conhecido como Mestre Esquilo, e ganhou vida com o Congadar. O single estará disponível oficialmente em todas as plataformas digitais a partir da próxima terça-feira (9).
A primeira noite do Circuito Cultural da Pampulha terá convidados especiais. Além do Congadar, o evento terá como atração principal a artista Titane e sua banda e o cantor e compositor Chico César como convidado especial. O evento gratuito terá uma extensa programação que se estende até o início de 2019.
A força das culturas negras em uma só música
Das histórias de liberdade cantadas nas minas de ouro pelo escravo Chico Rei nasceram as festas do Reizado em Vila Rica. Já no lado de cima do continente, os lamentos dos negros nos campos de algodão às margens do Mississipi fez surgir o blues. Dois mundos que parecem tão distantes têm na identidade a mesma maternidade, a mãe África.
Dessa mistura nasce o Congadar. A proposta da banda é buscar uma nova linguagem com forte ligação nas raízes culturais de Minas Gerais. De um lado, o toque cruzado das caixas, os lamentos e marchas do congado entoados em três vozes. Do outro, a força da guitarra, baixo e bateria. A banda nasceu da soma de dois grupos, o Ganga Bruta+Congadar. Com o tempo, a busca por uma identidade única reuniu as forças das culturas em torno de apenas um nome, o Congadar.
Do Congado vieram as três vozes principais, com Carlos Saúva, Filipe Eltão e Wesley Pelé. O trio traz a sonoridade de raiz africana com as tradicionais caixas de congo. Por outro lado, vieram do blues os guitarristas Igor Félix e Giuliano Fernandes, o baixista Marcão Avellar e o baterista Sérgio DT.
SONORIDADE
A resistência negra é uma marca no trabalho da banda. O repertório valoriza o congado mineiro, manifestação cultural que permanece viva em diversas comunidades espalhadas pelo Estado. As músicas nasceram a partir da releitura de marchas do congado, além de composições próprias, também inspiradas na cultura popular.
Criada em 2013, a banda lançou em 2015 o primeiro EP. Desde então, passou por diversos festivais. Foram três edições da Virada Cultural de Sete Lagoas (2013 a 2015), o Festival de Inverno da Universidade de São João Del Rei (UFSJ) em 2014 e 2015, o tradicional Festival de Folclore de Jequitibá por quatro anos consecutivos (de 2014 a 2017), o Festival do Instituto de Artes da UNICAMP (SP), o Festival Saci Pererê em Atibaia (SP) e o evento Quarta Dimensão, realizado no Teatro Dulcina em Brasília.
Em 2015 dividiu o palco com Maurício Tizumba em show na Autêntica, em Belo Horizonte. Em maio de 2018 foi escolhida pela produção para abrir o show do Cordel do Fogo Encantado em BH. Assim, Congado e o rock caminham lado a lado nessa junção inusitada do Congadar. Caixas de congo, cantos, distorções e bateria unidos para mostrar a resistência da cultura negra.
Encontre mais sobre o Congadar: Facebook, Instagram e Youtube: @congadar/ www.congadar.com.br
Serviço:
Local: Circuito Cultural Pampulha
Data: 11 de outubro
Horário: 19h
Local: Praça Geralda da Mata Pimentel
Evento gratuito
Com AsCom Congadar