A ação é mais uma etapa da parceria entre os produtores locais e o Projeto Desenvolvimento e Cidadania, coordenado pelo agrônomo da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG), Luciano Cordoval, e financiado pela Petrobras. Em maio, foi construído um lago de múltiplo uso na horta para servir como reservatório em caso de falha no abastecimento de água e também para criação de peixes.
Agora a irrigação será garantida em todos os canteiros cultivados por 26 famílias. Luciano Cordoval explica que o sistema envolve canos enterrados e 333 fitas de aspersão, que molham dois canteiros cada. Para ligar a água, foram adaptadas torneiras plásticas que custam dois reais, já que os registros normalmente usados têm preço médio de 17 reais. Um agrônomo e duas estagiárias do projeto auxiliam na implantação do sistema.
A produtora Maria Nogueira não vê a hora de contar com a irrigação: “vai ser um manjar do céu”, comenta, animada. Para preparar todas as fitas de aspersão e torneiras, os trabalhadores atuam juntos, em mutirão. “O pessoal está empenhado em ajudar porque é um benefício para todos. Esse sistema vai nos ajudar bastante, já que sempre tivemos muita dificuldade com irrigação”, conta a presidente da associação da horta comunitária, Adriana Fátima Lima.
A cantoria anima o trabalho. Os produtores cortam as fitas, enrolam, prendem as torneiras e cantam. Geraldo dos Reis, de 67 anos, está satisfeito com a atividade: “a gente vai trabalhando e distraindo”. Na lida com hortas comunitárias há 27 anos, ele acredita que a situação melhora cada vez mais. “Eu sempre pelejei com regador e mangueira. Agora vai ser ótimo!”
Adriana explica que as mangueiras usadas antes passavam de um canteiro para outro e acabavam quebrando plantas. Ela acredita que o sistema vai molhar melhor a terra, de forma regular. E já faz planos para o tempo que deixará de gastar regando a horta: “vai dar para limpar mais os canteiros, melhorar os produtos”.
O agrônomo Warley Geraldo Pereira, enquanto monta o sistema, passa orientações aos produtores. “É um trabalho em equipe. Então, todo mundo tem que entender todas as fases do processo”, diz. Ele acredita que a irrigação vai aproximar os trabalhadores. “Vai ter que fazer manejo. Cada quadra terá um tempo estimado para ficar com a água ligada. Por isso, será preciso conversa, mais diálogo, para estabelecer os horários”.
A estagiária de Gestão Ambiental, Renata Augusta, se envolveu tanto com o projeto que, mesmo em seu período de recesso, vai à horta todos os dias. “A gente aprende muito”, conta. Ela explica que, em caso de faltar água no bairro, o lago da horta vai garantir a irrigação. Maria Nogueira, a produtora que puxa a cantoria na horta, comemora: “as plantas não vão mais morrer aqui!”
Texto: Marina Torres (MG 08577 JP)
Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG)