Na manhã dessa quarta-feira (16), o Parque Náutico da Boa Vista foi palco para a celebração do Dia da Luta Antimanicomial. A data, tradicionalmente lembrada no dia 18 de maio, foi marcada na cidade por um encontro entre usuários dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), familiares e a comunidade em geral, e teve como tema “Direitos às diversas gentes, de mãos dadas contracorrente”.
A Luta Antimanicomial brasileira é um movimento dos usuários, familiares e profissionais de saúde mental que surgiu há 32 anos em decorrência da Reforma Psiquiátrica. Uma das maiores conquistas foi tornar possível fazer caber na sociedade as pessoas que secularmente foram excluídas e internadas nos manicômios/hospitais psiquiátricos por serem diferentes. Colocados à margem social, aniquilados pelo preconceitos, os loucos carregaram, ao longo dos anos, os estigmas de periculosidade, incapacidade e irresponsabilidade.
Para que fosse assegurada a inclusão e a convivência da loucura com a cidade foi necessária muita luta política junto ao parlamento, gestores públicos, empresários da saúde, corporações profissionais, enfim, com a sociedade em geral.
“Atualmente temos uma lei federal e várias leis estaduais assegurando a Reforma Psiquiátrica, tendo sido construída uma Política de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas composta por uma rede de serviços substitutivos ao hospital psiquiátrico, dentro do Sistema Único de Saúde (SUS), ampla, de qualidade, diversificada, comunitária, interdisciplinar e como efeito e objetivo das suas ações, está se conseguindo mudar o olhar da sociedade sobre a loucura, ao desconstruir uma lógica de intolerância e desrespeito”, explica a coordenadora do CAPS Infantil Luciene Guedes.
Reconhecer que a liberdade é terapêutica é uma aposta, para loucos e não loucos, de que a autonomia e responsabilização são conquistas para todos os cidadãos.
A Rede de Saúde Mental de Sete Lagoas é composta de três Centros de Atenção Psicossocial (CAPS Infantil, CAPS Adulto e CAPS Álcool e Drogas), oito Equipes de Saúde Mental nos Centros de Saúde, 50 equipes de Estratégia de Saúde da Família (ESF), sete equipes de Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), Unidade de Acolhimento para adultos, leitos de Saúde Mental no Hospital Municipal. Estes serviços são mantidos pelo poder público e precisam ser consolidados e continuados para que o Artigo 196 da Constituição Federal — “A saúde é direito de todos e dever do Estado” — seja realidade e para que os hospitais psiquiátricos não voltem a ser a possibilidade de atenção priorizada.
Exposição
Trabalhos dos pacientes e usuários dos CAPS de Sete Lagoas e de várias cidades do Estado estão expostos na Cidade Administrativa, em Belo Horizonte. Eles fazem parte da mostra “História dos porões à liberdade” que objetiva dar visibilidade ao Movimento da Luta Antimanicomial e retrata o processo de construção de uma política de saúde mental não institucionalizada.
Com Ascom SMS