Nos últimos anos, Sete Lagoas tem se tornado uma cidade bastantediversa em relação às opções de culinária, lazer e cultura. E para aumentar essa riqueza de diversidade, a loja virtual Made In Korea Minas, especializada em comidas coreanas, agora tem uma página no Instagram exclusiva para clientes de Sete Lagoas e Região.
Dinah Kim é paulista, mas é formada em Veterinária pela Universidade Federal de Viçosa, e veio morar em Minas por causa da faculdade. Depois de se graduar, exerceu a profissão por dois anos em Belo Horizonte. Após um certo tempo, ela percebeu que não iria encontrar sua realização na veterinária, assim surgiu a idéia de vender alguns itens da cultura coreana, como salgadinhos e doces, já que em BH os lugares que vendem esses tipos de produtos são escassos.
Ela e o noivo, o sete-lagoano Guilherme Vasconcelos, compraram uma pequena quantidade de produtos e venderam todos em menos de duas semanas. Assim eles perceberam a oportunidade ter um negócio próprio. A família de Dinah, inicialmente, desacreditou da idéia e afirmava que em Belo Horizonte e em Minas Gerais não havia clientes para esse tipo de produto. Hoje, a loja tem mais de 200 itens em estoque e cresce cada vez mais.
O cardápio
O estoque possui doces como peperos, balas, pirulitos, biscoitos e marshmallows recheados. Há também salgadinhos doces e salgados (sabor lula, camarão, mel e maçã, entre outros), sucos com pedaço de frutas (suco bombom), refrigerantes de sabores bem diferentes dos quais você encontra no mercado brasileiro como melancia, flor de cerejeira, manga e ameixa.
O miojo, como chamam o lamen aqui no Brasil, é muito popular entres os produtos da loja. Ele foi criado na Coréia num período de muita pobreza quando a população não tinha o que comer e então criaram o lamen, barato e prático, e como ele se inseriu permanentemente na sociedade coreana, através dos anos foram criados os mais variados sabores com níveis diferentes de pimenta.
O cardápio também tem o soju, uma bebida destilada coreana. Ela tem vários sabores, e um deles é o de iogurte. A loja comercializa esse sabor, tendo a bebida 12% de álcool e sendo feita com água alcalina ionizada e sais minerais que ajudam com a ressaca. Tradicionalmente, ela é feita de arroz, trigo ou cevada, batata e batata-doce.
O cardápio da loja cresce de acordo com a demanda dos clientes, um produto pode ser adicionado ao estoque, caso haja uma grande demanda por parte dos clientes.
O Kimchi é o único item no cardápio que faz parte da culinária tradicional coreana, no que se refere àquela feita em casa. A mãe de Dinah faz o Kimchi em São Paulo e envia para Minas quando há encomendas ou quando o estoque acaba. O Kimchi é um condimento típico da culinária da Coreia, com base em hortaliças como repolho e acelga. Ele é considerado como a “base da alimentação” dos coreanos, podendo ser consumido nas três refeições diárias; ele é o arroz e feijão dos coreanos. O preparo chega a levar mais de 48 horas.
Os clientes são tanto pessoas que já conhecem a cultura por meio do K-Pop ou K-Dramas (séries coreanas), quanto clientes que conheceram a cultura por meio da loja. Os itens que mais atraem e conquistam os leigos são as bebidas. Os preços giram em torno de 2 a 120 reais. Dinah lembra que alguns produtos são importados da Coréia e outros são comprados em São Paulo e trazidos para Minas Gerais.
História
Os pais de Dinah migraram da Coréia do Sul para o Brasil ainda crianças em anos diferentes, mas pelo mesmo motivo: a Guerra da Coréia. O conflito foi um dos símbolos da Guerra Fria e foi iniciado em 1950, quando tropas norte-coreanas invadiram a Coreia do Sul com o objetivo de unificar a península.
Chang Soo Kim, o pai de Dinah migrou em 1971, já Ok Puh Huh, mãe de Dinah, veio para a América do Sul em 1974 por causa da difícil situação financeira que a família enfrentava na Coréia e o medo de outra guerra. Os pais de Dinah migraram separadamente com suas famílias primeiramente para o Paraguai porque era mais fácil de entrar no país, e em 1979 a família da mãe de Dinah migrou para São Paulo. Os dois se conheceram ó em São Paulo. A mãe de Dinah entrou no Brasil sem documentos, mas conta que depois que o Papa João Paulo II visitou o país e fez um apelo em favor dos imigrantes ao governo brasileiro em 1980, ela foi contemplada com o visto.
Dinah explica que a mãe mudou de nome duas vezes, uma vez no Paraguai de Ok para Mariana e no Brasil para Vânia, tudo para ficar mais fácil para os latinos pronunciarem, porque Ok se falasomente o ‘O’, sem o som do ‘K’.
Migrar da Ásia para América do Sul teve grande impacto na família. Dinah explica que a mãe mantém os costumes coreanos na rotina da família e sempre sonhou que todos os filhos, incluindo Dinah, se casassem com coreanos, infelizmente até o momento parece que esse desejo não irá se cumprir pois três dos quatro filhos estão em relacionamentos com brasileiras e brasileiros, mas ela aceita e espera a felicidade dos filhos.
Sete Lagoas
A idéia de criar uma conta no Instagram só para Sete Lagoas surgiu quando a demanda e as entregas na cidade começaram a necessitar mais atenção e prontidão. “Criar uma conta só para cidade, foi algo necessário para conseguir atender os clientes e fazer um bom
serviço. O meu noivo mora em Sete Lagoas e isso ajudou muito”, explica Dinah.
No começo do segundo semestre deste ano, a loja irá ganhar um site oficial que está sendo criado para receber clientes de todo Brasil.
Declarações
Dinah afirma que a loja trouxe uma felicidade e um sentimento de dever comprido que ela não encontrou na veterinária. “Ter o meu próprio negócio é estressante e tem seus pontos negativos, mas o resultado vale a pena no final do dia, se eu conseguir fazer o que tinha para fazer, vale a pena”, afirma Dinah.
“Da mesma forma que a culinária japonesa conquistou o brasileiro, eu gostaria de fazer o mesmo com a cultura coreana. Eu gostaria de dar a oportunidade para as pessoas conhecerem a nossa cultura, ela é diferente da chinesa e da japonesa, é única, os temperos e pratos são diversos que valem muito a pena conhecer”.
A sete-lagoana Larissa Lorena Oliveira Costa é aficionada por K-Pop e K-Dramas e explica que ao se aproximar da cultura coreana se interessou pela culinária.
“Mas o interesse tinha que ficar só entre as telas, já que ter acesso a essas comidas é algo muito difícil aqui, sempre que eu tinha contato era em eventos específicos de cultura asiática, ou quando ia em Belo Horizonte ou São Paulo. Quando eu soube da novidade que a Made in Korea Minas trouxe para Sete Lagoas eu fiquei super empolgada, saber que eu não preciso ir muito longe para ficar ainda mais perto da cultura coreana me deixa muito feliz, vai ser uma oportunidade especial para as pessoas que gostam, e também uma novidade para Sete Lagoas que ainda tem pouca presença da cultura coreana”.
O mineiro Frederico Reis é belo-horizontino, mas mora em Sete Lagoas há vinte anos e afirma que “o Guilherme e a Dinah são muito esforçados, eles procuram sempre nos atender de uma forma especial, o carinho e a atenção que eles têm com os clientes te cativa demais”.
“Além disso, são produtos importados que estão longe de nossas prateleiras, mas com eles fica tudo muito fácil, os produtos são muito gostosos, você consegue experimentar algo novo e conhecer um pouquinho de outra cultura. é uma experiência única. Quando você vai numa temakeria ou em outro restaurante e experimenta algo novo, é a mesma sensação. Comer um salgadinho de maçã caramelada? Foi ótimo para mim, experimentar um refrigerante de melão, foi mágico! Não é aquele açúcar pesado dos nossos refrigerantes brasileiros!”, diz ele.
Rebecca Soares