Criado em 1982, o Projeto Hortas Comunitárias da Prefeitura Municipal de Sete Lagoas constitui um programa social, que se tornou referência nacional como ação bem sucedida de política pública. No próximo dia 15 de dezembro, o Projeto completará 37 anos de existência.
Considerado por muitos como um verdadeiro exemplo de projeto sustentável, as hortas comunitárias garantem renda e ocupação para cerca de 320 famílias, sendo aproximadamente 2.500 beneficiários indiretos. As plantações estão nos bairros Nova Cidade, JK, Montreal/Canadá (que estão em áreas de servidão da Cemig, debaixo das linhas de transmissão de energia), Cidade de Deus, Vapabuçú, Bernardo Valadares e Barreiro. Essas áreas, antes ociosas, passaram a produzir variados tipos de verduras e legumes sem o uso de agrotóxicos.
De acordo com a técnica em agropecuária Ariane Moreira Santos e o secretário municipal de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico e Turismo da SEMADETUR Fabrício Nascimento, o Projeto Hortas Comunitárias surgiu em função de um crescimento populacional na cidade. “Atraídas pela oferta de emprego nas indústrias e siderúrgicas, famílias de diversas cidades vizinhas, na maioria oriunda das atividades rurais, se deslocaram para Sete Lagoas. Porém, não possuíam a qualificação profissional necessária e com isso houve um aumento no número de desempregados, onerando os serviços assistenciais do município”.
Ainda segundo Ariane e Fabrício, para as famílias que desejam ter um espaço para plantio nas hortas do Projeto, é necessário realizar um cadastro na SEMADETUR, para que as mesmas sejam submetidas a um estudo de vulnerabilidade socioeconômica pela secretaria de assistência social. Após análise e constatado a sua necessidade, a família é aprovada no programa e encaminhada para uma das hortas.
Uma das famílias beneficiadas pelo Projeto é a do aposentado Jair Nascimento Silva. Atualmente ele representa os produtores, no cargo de presidente das hortas comunitárias, no bairro Nova Cidade. “Faz 21 anos que eu trabalho como produtor aqui na horta comunitária. Além de ser uma fonte de renda para minha família, aqui na horta eu me distraio e ocupo o meu tempo com algo que eu gosto que é o plantio e a colheita de verduras e legumes”.
Os produtos plantados e colhidos são vendidos nas próprias hortas (diretamente pelos produtores), nos sacolões e nos supermercados da cidade. As hortas oferecem produtos variados como alface, couve, cebolinha, beterraba, cenoura, tomate, jiló, abóbora, chuchu, repolho, entre outros.
Contudo, vale ressaltar que, a comercialização dos produtos das hortas é livre, sendo que cada produtor busca os seus clientes, sejam eles nas próprias hortas, nos pequenos comércios, entre produtores, nas feiras, em programas desenvolvidos por eles e nos programas federais destinados à agricultura familiar.
Ao longo desses quase 37 anos de criação do Projeto Hortas Comunitárias, frequentemente representantes de diversos municípios visitam a cidade de Sete Lagoas para conhecer de perto o funcionamento do programa. “Esse trabalho tem se destacado em Sete Lagoas por ser considerado uma das mais bem sucedidas experiências de política pública no âmbito do trabalho social e de ação concreta de segurança alimentar, combate a fome e de geração de trabalho, de produto”, destacam Ariane e Fabrício.
Em agosto de 2018, com o objetivo de melhorar ainda mais o trabalho dos produtores do Projeto, a Prefeitura de Sete Lagoas, por meio da secretaria responsável, entregou às associações das hortas sete micro-tratores, sete bebedouros de grande porte e dez banheiros químicos.
Edimar Costa