“A situação é horrível e, agora, os leitos dos hospitais já estão superlotados, e a recomendação a toda a população é esta: ficar em casa e não sair de casa”. É dessa forma que a sete-lagoana Isabella Racca Moreira de Carvalho (52) define como a pandemia tem afetado a Suíça, país onde mora desde 1989, e que faz fronteira com a Itália, um dos epicentros da contaminação com mais de 8 mil mortes pelo coronavírus (Covid-19).
Isabella reside na cidade de Lugano, no cantão Ticino, região sul do país, e está há cerca de 40 dias saindo de casa apenas para atividades de suma importância. Segundo ela, a rotina no local está completamente mudada. “Aqui parou tudo, canteiros de obra, obras na rua, todo o contato com o público. Alguns bancos ainda funcionam internamente e o correio funciona. Supermercados e farmácias funcionam também, mas tem que higienizar e pouquíssimas pessoas são permitidas”, descreve.
Diante da gravidade da situação, multas serão aplicadas às pessoas que saírem de casa. A cidade, como conta a sete-lagoana, já contabiliza 77 mortos pela doença, número elevado para uma localidade pequena.
Óbitos na Europa
Os noticiários, diariamente, relatam o drama vivido pelos europeus na linha de batalha contra a Covid-19. Um dos locais mais afetados é a Itália. No entanto, a situação tem se agravado também em outros países.
“O povo suíço, já por si, cumpre ordens e tudo, mas a situação é dramática aqui na fronteira, é terrível, apocalíptica a coisa. Agora, na Itália, estão abrindo apartamentos e vendo velhos que moravam sozinhos já mortos e em estado de decomposição”, relata Isabella.
Com tantos óbitos acontecendo, não é incomum conhecer alguém que já tenha sentido a dor de perder uma pessoa. “Meu cabeleireiro me deu a notícia, recentemente, de que um amigo morador do norte da Itália morreu sem nem poder ver a família. Ele tinha somente 37 anos”, diz.
Pandemia no Brasil
Diante do que tem acompanhado em solo europeu, a sete-lagoana explica que desde janeiro vem tentando alertar os amigos, inclusive em Sete Lagoas, sobre a gravidade desta pandemia. “Única solução para esse vírus é higiene, ficar em casa e não deixar as crianças terem contato com os mais velhos, porque várias delas são assintomáticas e podem transmitir a doença”, diz, reforçando a recomendação das regras já difundidas mundialmente como forma de prevenção ao coronavírus.
Na opinião dela, os cuidados partem em grande parte da esfera civil, porque cabe às pessoas respeitar as medidas de isolamento social, como manter distância de um a dois metros em filas de supermercados, por exemplo.
Ela ainda opina sobre o pronunciamento feito pelo presidente Jair Bolsonaro na noite da última terça-feira (24) e comenta que a população europeia recebeu com desagrado a fala do político. “A Europa está chocada, apavorada com a irresponsabilidade de um presidente de uma nação como o Brasil ao fazer tal pronunciamento”.
Por fim, e baseado no que tem presenciado e ouvido em relação aos casos de coronavírus registrados nos países europeus, Isabella reforça a ideia da importância dos cuidados contra a doença. “O brasileiro tem que começar a conviver com isso, porque vamos enfrentar o problema do vírus até agosto, setembro, e não sabemos se até o fim do ano vai sair uma vacina ou outra coisa”, finaliza.
Vinícius Augusto