O Programa Passando a Limpo desta sexta-feira (24) recebeu o pré-candidato a prefeito de Sete Lagoas Claudinei Dias, do Partido dos Trabalhadores (PT). O programa de hoje deu início à série de entrevistas que serão realizadas com todos os pré-candidatos a prefeito da cidade.
Professor, teólogo e psicólogo, além de ter sido padre, Claudinei também foi vereador de Sete Lagoas entre os anos 2005 e 2012. Em 2019, ele venceu a leucemia, e esse foi o tema de abertura da entrevista desta sexta.
Perguntado pelo apresentador Álvaro Vilaça se teve medo de morrer em decorrência do câncer, Claudinei enfatizou: “muito medo. A gente fica numa situação de limite, porque primeiro fica aquela dúvida. Que tipo de câncer é esse? E eu não imaginava. Eu tinha uma dor na coluna, aqui mesmo [na Rádio Eldorado] quando estava fazendo meus programas de manhã eu sempre falava que minha coluna estava doendo… chegou um momento em que estava tendo muita dificuldade de subir essas escadas da Rádio”.
No início de 2018, o pré-candidato foi diagnosticado com câncer, com uma lesão grave na coluna, correndo o risco de ficar paraplégico, já que o tumor estava alojado na região lombar, podendo tomar a medula óssea. Devido à gravidade da doença, Claudinei foi internado, sendo submetido à cirurgia uma semana após os resultados dos exames. Ele recebeu o diagnóstico de mieloma múltiplo, um câncer maligno, que não tem cura, mas tem tratamento. Parte do tratamento, que é contínuo, foi o transplante de medula óssea, realizado há quase dois anos.
Em 2004, Claudinei chegou a ser pré-candidato a prefeito pelo PT, porém, acabou saindo como candidato a vereador, sendo eleito com o segundo maior número de votos da cidade. “Na época, para mim, foi algo novo, porque sair do sacerdócio, um caminho já feito, estruturado, para entrar em uma novidade que é uma Câmara Municipal de Sete Lagoas, com toda a problemática da época, não foi fácil”, disse, descontraído.
Contando sobre sua trajetória política, o pré-candidato afirmou que houve muitos embates com outros vereadores na Câmara Municipal, mas sempre com muito respeito. “Na política, a gente tem entender que é nas divergências que a gente caminha e cresce”, disse.
Em Sete Lagoas, nas eleições de 2018, o presidente Jair Bolsonaro recebeu cerca de 70% dos votos. Álvaro Vilaça comentou sobre esse dado e acrescentou a “rivalidade” entre o presidente e o PT, questionando Claudinei se ele teme que isso o prejudique nas eleições.
“O que nós estamos avaliando nesse cenário é que o PT, na verdade, teve uma votação muito boa em Sete Lagoas. O [Partido] Novo teve uma votação muito grande, a Dilma teve uma votação muito grande, o Lula por duas vezes, a Dilma também duas vezes. E esse cenário, envolvendo a entrada do Bolsonaro, é um cenário de 2018. E esse cenário já mudou. O interessante de política é isso; a política muda. Um determinado cenário para um ano não é o mesmo cenário para o ano seguinte. Se for repetir essa questão da votação no Bolsonaro em Sete Lagoas, com certeza hoje teria uma redução muito grande, porque ele está acometido de um desgaste tremendo. Então nós estamos trabalhando com o voto do Partido dos Trabalhadores e, claro, nós vamos tentar ampliar mais essa votação. O Haddad teve, em Sete Lagoas, 34 mil votos [no segundo turno], foi muito bem votado… Na última eleição, o prefeito eleito teve 50 mil votos numa disputa com bons nomes”, respondeu.
Bolsonaro teve cerca de 70 mil votos em Sete Lagoas no segundo turno. “O cenário mostra outros números, outras possibilidades. Se você somar esses votos nulos, brancos, quem não foi votar, você vê que, somado à votação do Haddad, é uma votação grande. Então o cenário tem um favorecimento muito grande para o Partido dos Trabalhadores. Lembrando que o Partido dos Trabalhadores tem uma votação muito forte, ele tem aquela questão da militância. A militância, quando abraça uma causa, ela vota mesmo. Isso, em Sete Lagoas, com certeza a gente tem uma margem de votação segura”, acrescentou.
Sobre esses números, Claudinei explica que “a gente trabalha com os números do próprio primeiro turno, que gira em torno dos 17 mil votos. É aquele voto em que o Haddad foi votado, se não me engano, com dez concorrentes. Então você tem o voto do Partido dos Trabalhadores nisso. E tem o voto da turma de esquerda, que votou, por exemplo, no Ciro Gomes, no [Guilherme] Boulos, e a gente percebe justamente que no segundo turno, foi a somatória desse pessoal”.
Ele continua, dizendo que “é interessante, quando você faz uma análise da votação de Sete Lagoas, tanto em 2016 como em 2018, os números são muito parelhos, talvez oscile 5% para mais ou para menos, mas mantém-se muito a questão do comportamento do eleitorado de Sete Lagoas. Então é nesses números que estamos trabalhando. Eu acho que a possibilidade nossa é muito grande”.
Em termos de projeto para Sete Lagoas, Claudinei afirma que “nós não podemos entrar com uma proposta muito comum, com a ‘mesmice’. Então nós estamos trabalhando muito para apresentar para Sete Lagoas um programa de primeira linha. Nos estamos buscando parcerias com especialistas para nos auxiliar e a gente trazer grandes experiências de outros municípios para Sete Lagoas. Uma questão para nós de fundamental importância é a participação popular; isso é a nossa bandeira do Partido dos Trabalhadores. A participação popular consiste na criação de mecanismos de dar a oportunidade a cada cidadão e a cada cidadã de realmente participar da gestão pública, que é a cara do PT, e é o perfil da esquerda, de trabalhar com as lideranças; esse olhar focado no cidadão e na cidadã”.
Assista ao programa de hoje na íntegra:
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Da Redação