No dia 18 de agosto, data que se comemora o Dia de Santa Helena, será realizado na capela no alto da Serra uma missa em homenagem a santa. O
evento, vai contar com a presença do padre Roberto da Paróquia São Pedro. Segundo as historiadoras Maria Angela Bolson e Aide de Carvalho, o desconhecimento da história de Santa Helena levou as comemorações para o 3 de maio, data comemorativa da Santa Cruz, e não 18 de agosto, dia oficial escolhido pela Igreja. “A maioria dos devotos sabe apenas que ela [Helena] encontrou a verdadeira cruz de Cristo. Não sabem que a rainha Helena e seu filho, o rei Constantino, foram os principais responsáveis pela divulgação e sustentação do cristianismo na época do Império Romano”, relatam as historiadoras em monografia.
A adoração à Santa Helena existe desde o início do arraial de Sete Lagoas, período em que a atual área urbana ainda eram fazendas. Nas terras de Lino Antônio d’Avelar foi construída a capela de Santa Helena em 1852, no alto da Serra, servindo para os cultos do devoto, revelam as pesquisadoras. A devoção à santa cresceu em virtude da fé de Lino Avelar, propagando-se entre os fazendeiros e a população. Com base em entrevistados, Maria Maria Angela e Aide contam que “o povo subia muito a serra para passear, fazer piquenique e, assim, conheceram melhor a capela e o cruzeiro. Eles passaram a rezar para a santa da capela e muitas graças foram alcançadas”.
A maior quantidade de pessoas que rezavam ao pé do cruzeiro para pedir chuva deu início às procissões. As historiadoras narram que a Festa da Serra ganhou maior repercussão com a comemoração da vitória na Segunda Guerra Mundial, em 1945, quando uma grande festividade tomou conta dos pés do cruzeiro. “O ‘V’ de vitória iluminado ao lado do cruzeiro era visto por toda a cidade”.
QUE FOI SANTA HELENA
No artigo “História da Vida de Flavia Julia Helena Augusta”, a historiadora Maria Angela Bolson reconta a vida de Helena, nascida no ano 248 d.C. na cidade de Drepanum, perto da atual Istambul, na Turquia, em meio aos povos de origem grega pertencentes ao Império Romano. Próximo ao ano 270, ela conhece o militar romano Constâncio Cloro, que comandava um exército para combater os persas na Ásia Menor. Com Constâncio, Helena teve um filho: Constantino, o qual foi criado na corte, recebendo formação cultural e militar. “Em 306 d.C., após a morte de Constâncio Cloro, as tropas reunidas em York proclamaram Constantino como sucessor de seu pai e governador de uma das quatro províncias do Império Romano”. Helena juntou-se à corte do filho, em Trier (atual Alemanha). “Dizem os historiadores que Constantino colocou à disposição de Helena todos os recursos do tesouro do império para que ela usasse, principalmente, na construção de igrejas e fortalecimento da fé cristã”, narra Maria Angela.
De acordo com a historiadora, nessa empreitada para difundir a religião, escritores da época descrevem duas versões sobre a viagem de Helena à Terra Santa. A primeira fala que a procura da cruz verdadeira onde Jesus foi crucificado aconteceu após um sonho que conduziu Helena a Jerusalém. Em outra narrativa, o judeu Judas Cyriacs ajudou a encontrar o local. “A descoberta da cruz e dos pregos da crucificação foi fundamental para o desenvolvimento da fé cristã porque, além das implicações religiosas, trouxe consequências políticas”, diz a Maria Angela. Os elementos encontrados viraram símbolos do Império Cristão. O título de “santa” foi concedido pela vida piedosa e dedicada à difusão do cristianismo nas igrejas Católica e Ortodoxa.
CAMINHOS DA FÉ
O estudo de mercado “Terço na Serra de Santa Helena” da Faculdade Cenecista revela que, apesar de imagem da Santa estar nos quatro pilares que sustentam a cúpula da Basílica de São Pedro, no Vaticano, não existe no Brasil um local específico para os devotos de Santa Helena. A pesquisa aponta para a criação de cinco estações na subida da Serra de Sete Lagoas, contando os capítulos da história da Santa, com espaço para a reza dos cinco mistérios dolorosos. Na visão do secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo, o culto e devoção a Santa Helena podem ser aproveitados como oportunidade no cenário de turismo religioso na cidade. Bolson entende que o município só tem a ganhar com duas celebrações a Santa: uma na Festa da Serra e outra, a ser criada, no dia 18 de agosto, com feriado local. O projeto está sob análise de viabilidade.
por Ivan Figueiredo, Assessoria de Comunicação Prefeitura de Sete Lagoas
Crédito: Quim Drummond/ Comunicação – Prefeitura de Sete Lagoas.