Com o arrefecimento da pandemia de covid-19 em todo o país, e também em Sete Lagoas, o setor educacional público municipal apresenta o plano de volta às aulas presenciais na rede de ensino. Nisso, o Passando a Limpo desta sexta-feira (5) recebe Alexandrina Souza e Marcos Jesus Torres, da Secretaria Municipal de Educação, Esporte e Cultura de Sete Lagoas.
Retorno às aulas presenciais em dezembro, mas facultativo
Alexandrina Souza comenta que, mesmo que o Governo de Minas tenha determinado o retorno obrigatório há poucas semanas, um decreto municipal aponta que esta volta é facultativa: “Já estávamos com as escolas em funcionamento desde agosto deste ano de maneira híbrida. Os pais que se sentiram seguros a mandar seus filhos à escola, os mandavam e assinavam um termo de responsabilidade”, diz a gestora de educação, que apresenta que o esquema de ensino realizado foi feito no esquema de “bolha”: os alunos vão em dias alternados para as escolas, cumprindo três horas presenciais. Os alunos que estavam em casa, assistiam de forma remota uma hora de conteúdo educacional com os professores.
“Nós temos um calendário escolar a ser cumprido. Estes meninos estão em casa há mais de dois anos. Precisamos agilizar a volta deles para a escola. A educação foi fortemente afetada pela pandemia”, afirma Alexandrina, que comenta que a volta obrigatória será feita no ano que vem.
Reformas foram realizadas em algumas escolas municipais, iniciadas desde 2020. “Aos poucos estamos adequando as escolas ao retorno presencial dos alunos. Estamos terminando de fazer uma reforma em 10 instituições, para que a volta seja completa e com segurança”, afirma o diretor de controle patrimonial Marcos Jesus Torres. Algumas unidades de ensino não poderão receber os alunos neste momento, tendo criado então locais temporários para estas atividades.
Alunos que não têm acesso ao ensino remoto
Apesar do ensino remoto, muitos alunos tiveram dificuldades em acompanhar as aulas online por diversos motivos. Reconhecendo esta defasagem, a gestora de educação comenta que foi implantado na cidade um currículo contínuo, que é uma retomada do conteúdo apresentado no ano anterior como reforço para que o aluno possa enfim assimilar o conhecimento.
“Temos uma plataforma, o ‘Portal do Aluno’, com o conteúdo detalhado de ensino; cada aluno tem uma senha institucional da escola onde estudam, então toda a comunicação pode ser feita por lá. Nós alfabetizamos crianças por grupos de WhatsApp, é um recurso que é uma realidade até para as crianças carentes”, diz Alexandrina Souza.
Aos alunos que não tem acesso ao universo online, a gestora comenta que foi criado conteúdos impressos de ensino, que os pais coletam nas escolas. “Mesmo que a criança devolva para nós a atividade em branco, reconhecemos que ela não entendeu o conteúdo. Então, temos que pensar em novas formas de retornar essa atividade”.
Tendo apenas 30 dias letivos para encerrar o ano, Alexandrina diz que a defasagem dos alunos é muito grande e ainda não dá para calcular as perdas educacionais trazidas pela pandemia.
“As escolas nunca fecharam. Todo o corpo educacional ficou nas escolas todos os dias”
“Nós não podemos falar de reprovação agora, já que as portarias garantem até o último dia [letivo] para ter a oportunidade de entregar as atividades. Com o ensino contínuo, não existe a reprovação por agora. Estamos pensando também em aplicar uma recuperação pedagógica para os alunos poderem ter o reforço”, comenta Alexandrina.
One-by-one
Na entrevista, a gestora educacional aponta que nenhum aluno da rede municipal de ensino será deixado de lado: crianças que tiveram mais dificuldades durante o aprendizado serão recuperadas em um sistema chamado por ela de “one-by-one”: todos os alunos terão a oportunidade, de maneira individual, de ter o ensino de maneira atualizada, acompanhando o ritmo dos demais estudantes. Para isso foi criada a função de “professor recuperador”: um educador estará disponível na Biblioteca Municipal para ensinar estes alunos mais defasados.
Alexandrina alerta também sobre o abandono dos alunos da escola; segundo ela, as instituições de ensino estão buscando a todo momento informações sobre crianças que não mandaram atividades, inclusive indo na casa delas.
“Nós teremos psicólogos e assistentes sociais no ano que vem para nos auxiliar neste pós-pandemia. As crianças têm uma forma de se expressar e na escola é onde elas colocam todos os desafetos, é onde descobrimos o que elas sentem”, diz a gestora educacional.
Da redação