Uma reunião nesta quinta-feira (16) na APAE de Prudente de Morais abordará um tema de grande relevância social: o tratamento adequado a crianças portadoras de autismo nesse município. Para falar sobre a reunião e explicar um pouco mais sobre o projeto que será discutido nessa oportunidade, o SeteLagoas.com.br conversou com Lidiane Campolina, coordenadora da Saúde Mental em Prudente de Morais.
Lidiane Campolina é psicóloga, analista do comportamento e desenvolve trabalhos com neurofeedback. Ela contou à reportagem os planos de um projeto de atendimento a crianças autistas a ser desenvolvido em Prudente de Morais: “Nós fomos ao prefeito e pedimos apoio para montar um projeto dentro das bases americanas de tratamento”.
A primeira etapa foi de investigar as necessidades do município e tamanho do público a ser atendido: “Até então tínhamos notícia que eram vinte e dois autistas. Fomos investigando e as estatísticas foram se tornando com maior validade, mais fidedignidade. Daí vimos um número de autistas bem maior”, conta Lidiane.
Em sua vivência no SUS e clínicas particulares, a psicóloga notou que grande parte das crianças não têm um atendimento integrado a seu dia-a-dia e à rotina dos pais. E é daí que vêm as bases do projeto:
“Nós vamos fazer um programa de tratamento para englobar a visão generalizada da importância do tratamento multidisciplinar. Ele tem a estimulação individualizada, um processo terapêutico de psicoeducação dos pais, tem o treinamento de pais e os outros aspectos que precisam da parte informativa: direito de autistas.”
Sobre tais direitos, Lidiane exemplifica alguns: “isenção de IPVA, de IPI, desconto em passagens de avião para o autista e acompanhante. Vários direitos que não são conhecidos como por exemplo os voltados para o plano de saúde: o direito ao ressarcimento de 100% de todo o tratamento cientificamente comprovado fora do rol da ANS, questões voltadas ao limite de sessões”.
A psicóloga faz também um apanhado geral acerca do grande objetivo do projeto: “Ensinar os pais a tratar dos seus filhos autistas e evitar, por exemplo, o que chamamos de autismo regressivo. Os pais precisam estar orientados a não desanimar, não parar com as estimulações, reconhecer os diagnósticos, tratar as comorbidades. O principal objetivo é formar pais treinados para cuidar dos seus filhos. Eles vão reproduzir o que eles aprenderem dentro do consultório do SUS”.
A reunião na APAE de Prudente de Morais vai até às 16h e é destinada a pais cujos filhos estão em tratamento no programa, aos que participaram da entrevista inicial e os filhos entraram ou não no programa e também a responsáveis que já receberam o diagnóstico mas ainda não foram chamados.
Filipe Augusto e Vinícius Oliveira