Ações da Prefeitura de Sete Lagoas estão surtindo efeito no combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor de doenças como dengue, zika e chikungunya. Desde que não apenas a cidade mas a região Sudeste inteira do país passou a sofrer um surto dessas arboviroses, a partir do início desse ano, o Município agiu rápido, mobilizando equipes, realizando mutirões de limpeza, ampliando o atendimento nas unidades de saúde, divulgando campanhas de conscientização e contratando mais agentes de endemias.
Os números indicam que todas essas ações estão surtindo efeito. A partir da 12ª semana do ano (19 a 25 de março), quando o município teve um pico de casos suspeitos de dengue (922), houve uma redução de 96,5% na incidência de casos suspeitos, caindo para apenas 32 notificações na 20ª semana (14 a 20 de maio). O mesmo ocorreu em relação às notificações de chikungunya, caindo de 615 notificações na 15ª semana (09 a 15/04) para 177 na 20ª semana (14 a 20/05), redução de 71,2%. “Até o momento o município teve 3.743 notificações de suspeita de chikungunya, sendo 359 resultados positivos. A dengue soma 4.794 notificações de casos suspeitos, sendo 103 casos positivos. Já a zika teve oito notificações e nenhum caso positivo até o momento”, afirma a epidemiologista e coordenadora da Vigilância Epidemiológica do Município, Maitê Rodrigues.
A taxa de incidência de suspeitos das três doenças, no entanto, vem reduzindo a cada semana. No caso da dengue, foi de 3,29 pacientes a cada mil habitantes de 26/03 a 01/04 para 0,13 de 14 a 20/05. Já a chikungunya caiu de 2,38 na 13ª semana do ano para 0,72 na 20ª semana, conforme aponta o informe epidemiológico semanal da Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde. Um óbito por chikungunya foi confirmado no município. Ocorreu no Hospital Nossa Senhora das Graças no dia 22 de abril, uma mulher de 80 anos.
Ações
Não apenas a Saúde, mas várias secretarias municipais, além do SAAE e da Codesel, estão envolvidas no combate ao Aedes aegypt. Equipes das secretarias de Obras, Meio Ambiente, Educação e Assistência Social também atuam na linha de frente. Seguindo um planejamento que teve início ainda no final do ano passado, a Prefeitura vem realizando diversas ações em várias regiões da cidade. O Centro de Controle das Arboviroses, por exemplo, realizou na segunda quinzena de outubro o terceiro LIRAa, levantamento anual para monitorar o Índice de Infestação Predial (IIP) do mosquito Aedes aegypti em Sete Lagoas. O relatório identificou o resultado de 3,9% de infestação geral em todo município, muito acima do preconizado pelo Ministério de Saúde, que é de menos de 1%, colocando a cidade em uma situação de médio risco para uma epidemia.
Desde então, o Município vem realizando mutirões de limpeza, que já atuaram nos bairros Alvorada, Planalto e Cidade de Deus e seguem na próxima semana para o bairro Itapuã, além de campanhas de conscientização em várias mídias locais, blitz educativa, a contratação de mais de 60 agentes de endemias, notificações para que proprietários limpem seus lotes, fumacê noturno, a abertura de unidades de saúde em horário estendido e aos sábados, a criação do Dia D com mutirão de limpeza em vários bairros e até a criação da 1ª Gincana Interescolar de Combate ao mosquito Aedes aegypti, que segue nas 56 escolas municipais até julho.
Fumacê
Em relação ao fumacê, a coordenadora da Vigilância Epidemiológica esclarece que, embora o senso comum acredite ser uma ação eficaz, em decorrência de sua utilização em anos anteriores, novos estudos afirmam que a medida apresenta poucos benefícios no combate ao mosquito. “Alguns especialistas apontam que o contato recorrente com o inseticida pode causar intoxicação e, a longo prazo, o desenvolvimento de câncer e outras doenças. Além disso, o efeito dura no máximo 30 minutos quando liberado no ar, mas o produto atinge apenas mosquitos adultos voando no momento em que o veneno é usado. Os criadouros, no entanto, não são afetados”, explica Maitê.
Outro fator que reduz a eficácia do fumacê é que, para ter um efeito melhor, o agrotóxico usado deveria ser pulverizado pelos veículos com as casas de portas e janelas abertas para que o veneno entrasse nas residências, o que raramente ocorre. Outros fatores externos também prejudicam a ação como chuva, calor intenso e ventos acima de 6 km/h. “A medida mais eficaz, conforme preconiza o Ministério da Saúde, continua sendo a conscientização da população para eliminar os focos de proliferação do mosquito, já que cerca de 90% deles estão nas residências”, alerta a epidemiologista.
Com Prefeitura de Sete Lagoas