No Brasil, uma média de 30.000 pessoas perdem a vida em acidentes de trânsito a cada ano, revelando uma triste realidade que afeta a segurança nas ruas e estradas do país. Esses números alarmantes são comparáveis a uma tragédia com queda de avião de médio porte a cada dois dias.Em Minas Gerais, especificamente no ano de 2022, o número de fatalidades atingiu a marca de 700 vidas perdidas nas rodovias mineiras.
Apesar dos esforços do Movimento Maio Amarelo, o número de acidentes em Sete Lagoas ainda preocupa tanto os cidadãos quanto as autoridades locais. Com o intuito de compreender os motivos pelos quais muitos motoristas não respeitam as normas de trânsito mesmo depois de aprender todas as regras nos Centros de Formação de Condutores (CFC, as populares “autoescolas”), a equipe de redação do portal SeteLagoas.com.br entrou em contato com algumas autoescolas, buscando obter respostas sobre essa questão preocupante.
Flávia Corrêa de Oliveira, instrutora de legislação da CFC Mão na Roda, acredita que a falta de empatia pelo próximo é a principal causa das imprudências. Ela destaca: “No trânsito, colocar-se no lugar do outro é essencial. O respeito cabe a todos, não só aos condutores, mas também aos ciclistas e pedestres.”
Na opinião de Flávia, “para começar a conscientizar a população sobre as responsabilidades que devemos ter no trânsito, seria bom implantar nas escolas a Educação para o Trânsito como matéria, assim todos teriam acesso às leis de trânsito, porque as imprudências não são feitas somente por condutores. Ciclistas e pedestres também são imprudentes, e muitos nem têm consciência disso porque não têm condições ou interesse de fazer autoescola.” Ela também ressalta que a culpa não é somente dos cidadãos, pois, para melhorar o trânsito de forma geral, “precisamos de condições melhores nas estradas, fiscalizações mais adequadas e, acima de tudo, educação e respeito ao próximo”, conclui.
Dáfinie Talita Canuto, diretora de ensino e professora de legislação de trânsito da CFC Nova Aliança, ressalta que o brasileiro é considerado o motorista mais sem educação do mundo, segundo pesquisas internacionais. “A desobediência às leis se tornou algo cultural. Se alguém faz algo errado, as outras pessoas se vêm no direito de fazer, então mesmo condutores passando pelo processo de habilitação e sendo conscientizados em relação às leis de trânsito, escolhem fazer o errado”.
Dáfinie destaca a importância da educação no trânsito e menciona que seria crucial que o próprio Código de Trânsito determinasse a existência de escolas públicas de trânsito desde a pré-infância até o ensino superior. “Para ser inserida essa visão ao trânsito a todos, ou seja, a educação é primordial. Para diminuir a imprudência, devemos também ter esse tripé bem estruturado, que seja uma boa engenharia de trânsito, a fiscalização e a educação. Motoristas educados fazem um trânsito melhor”, observa a professora.
Gilmara Gonçalves, professora de legislação na CFC Digital.net, ressalta que “infelizmente, é no trânsito que algumas pessoas descarregam suas frustrações e problemas pessoais. Presenciamos diariamente no trânsito ações como desrespeito, provocações, demonstrações de superioridade, agressividade e violência, praticadas principalmente pelos motoristas, a quem cabe a maior parcela de responsabilidade na segurança do trânsito”.
Para melhorar o trânsito de forma geral, Gilmara defende a realização de mais campanhas de educação para o trânsito, não se limitando apenas ao mês de maio, abrangendo o ano todo. Essas ações visam conscientizar a população sobre a importância de respeitar as normas e garantir a segurança de todos os usuários das vias.
Diante desse panorama trágico, o Movimento Maio Amarelo surgiu com a missão de conscientizar a sociedade sobre o elevado número de mortes e ferimentos no trânsito em todo o mundo. Essa iniciativa propõe uma ação conjunta entre o Poder Público e a sociedade civil, buscando debater a segurança viária e mobilizar todos os setores da sociedade. Órgãos governamentais, empresas, entidades de classe, associações, federações e sociedade civil organizada são convocados a participar, engajando-se em ações e disseminando o conhecimento sobre questões relacionadas ao trânsito.
No contexto atual, o tema adotado pelo Maio Amarelo é “No Trânsito, Escolho a Vida”. Ao longo de todo o mês, o Departamento de Educação no Trânsito da Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes de Sete Lagoas (Seltrans) promoveu uma série de atividades nas ruas da cidade. Entre as ações realizadas, destacam-se a presença impactante da personagem Transmorte, atividades educativas em escolas e empresas, exposição de veículos envolvidos em acidentes, o programa “Multa Legal nas escolas” e blitz educativas. Além disso, a Guarda Municipal de Sete Lagoas prestou apoio às iniciativas.
Da Redação, Vinícius Oliveira e Djhessica Monteiro