O Núcleo de Voluntários de Combate ao Câncer (NVCC) é uma organização dedicada a apoiar pessoas que enfrentam o desafio do câncer. A sede fica localizada no posto expresso na Rua Eduardo Alves Ferreira, nº 40, 2º andar, das 13:30 às 16:30, há 35 anos. O núcleo foi fundado há 39 anos, inicialmente estabelecido na casa de uma das fundadoras nos primeiros quatro anos.
Atualmente, são 30 voluntárias que se dedicam a apoiar cerca de 60 assistidos. Eles oferecem assistência por meio de doações, que incluem cestas básicas, medicamentos, fraldas, leite, além de materiais hospitalares, como camas, cadeiras de rodas, cadeiras de banho e andadores. Além disso, o núcleo fornece atendimentos com a psicóloga Júnia Guimarães, visando atender às necessidades físicas e emocionais dos assistidos.
O núcleo foi fundado por Marilene França e Maria da Glória França, com uma terceira fundadora que infelizmente já faleceu. Eles dependem da generosidade da comunidade e de doações para manter suas atividades. Além disso, mantêm um bazar, tanto físico quanto virtual, como uma forma de arrecadar fundos para continuar oferecendo assistência vital àqueles que necessitam.
O NVCC recebe muitos candidatos a assistidos através do “boca a boca”, já que realiza campanhas em unidades de saúde e tem parcerias com assistentes sociais e os centros de oncologia dos hospitais da cidade. Quem é ajudado pelo Núcleo também contribui nessa captação ao indicar a organização para outros pacientes. Na sequência são feitas sindicâncias e visitas para verificar a situação sócioeconômica do paciente que deseja receber auxílio do NVCC.
Edna Diniz relata que muitas vezes o maior desafio é encarar o contexto que envolve a doença: “Já tivemos vários desafios, as vezes as pessoas acham que o maior deles é a doença em si, e na verdade são os problemas. Fazem 23 anos que sou voluntária e considero que o maior desafio encontrado é justamente esse encontro com eles. Quando você vai na casa da pessoa e vê muitos problemas, você fica pensativa, às vezes você desmorona, porque o maior problema deles não é o câncer, e sim a família, os filhos, as condições financeiras”.
Marileia Mourão, outra voluntária do NVCC complementa a situação dando um exemplo: Ficamos muito sensibilizadas porque são casos de abandono da família. Teve o caso de uma senhora com Alzheimer, deficiente visual, com duas filhas dentro de casa mas cuidado nenhum. Ela estava numa situação bem crítica, faltava higiene, estava em abandono, são casos que nos machucam muito”.
Maria de Lourdes Lopes é aposentada e trabalhou muitos anos na área da saúde, inclusive no Hospital Municipal de Sete Lagoas. Através do convite de uma amiga ela começou a colaborar com o Núcleo. Durante uma visita, acompanhada de outra voluntária, ela conte que se surpreendeu com a limpeza, asseio e organização do local onde a paciente morava, porém sua doença já apresentava alta gravidade. A situação a deixou bastante emocionada, “Tive que trabalhar muito isso em mim porque no dia-a-dia deparamos com muitas coisas sensíveis. Com o tempo a gente acostuma”, relata.
Maria Lúcia Nogueira também é voluntária e já teve câncer na tireoide e de mama a 2 anos atrás. Sua vivência nos tratamentos a motivou a ajudar outros pacientes: “Me procuravam como uma referência do que eu passei. Acho que a espiritualidade da pessoa pesa muito nesse momento, porque sem Deus ninguém vai a lugar nenhum e é um momento que a pessoa fica sem chão, quem passa sabe como é. Penso que todos que já passaram por isso têm que falar sobre para acabar com o medo ‘daquela doença’. É preciso falar a palavra câncer, consultar, procurar diagnóstico o quanto antes, se tratar e superar. Eu vim para ser voluntária e e ajudar a acabar com esse tabu. É um momento terrível quando se descobre, mas é o começo de uma luta visando sempre a vitória no final. A pessoa confortada, fica mais forte”.
Para dar suporte emocional aos assistidos o Núcleo disponibiliza atendimentos todas as segundas-feiras com a psicólogas Junia. Além disso ela também acompanha as voluntárias para que o grupo tenha condições de continuar fazendo seu trabalho. Edna relata que as próprias voluntárias muitas vezes fazem o papel de ouvir e conversar com os assistidos quando esse suporte não existe no ambiente familiar.
Outro atendimento muito importante feito pelo NVCC consiste em orientar pacientes e familiares na busca por direitos dentro da rede do SUS. Edna conta que as pessoas costumam se sentir constrangidas ao fazer exigências ou mesmo cobrar pela demora na marcação de um exame, cirurgia ou obtenção de medicamentos, já que os atendimentos são gratuitos. É comum elas não reclamarem diretamente aos hospitais e postos de saúde, mas contarem às voluntárias as dificuldades que estão tendo.
Para isso as voluntárias compartilham informações sobre onde e como fazer as reclamações, falando quais as legislações aplicáveis na hora de embasar determinado pedido, porque o câncer é uma doença que não pode esperar. Cada dia conta no tratamento.
No contexto do Outubro Rosa, mês marcado pela prevenção e tratamento ao câncer de mama, Edna fala sobre a gratuidade a que as mulheres têm direito na hora de fazer a mamografia e que muitas não têm ciência disso (leia aqui) “E não precisa de uma receita médica, elas podem procurar qualquer PSF e pedir o exame e se demorar, pode reclamar no Conselho Municipal de Oncologia na rua Marechal Deodoro, nº 212 (prédio da Secretaria de Saúde do município). O importante é não deixar de fazer”.
Alguns medicamentos podem ter um preço mais elevado e quando não estão disponíveis no SUS, o NVCC orienta como fazer a solicitação por meio da Defensoria Pública, por exemplo. Mesmo assim, em alguns casos a urgência fala mais alto e o próprio grupo se organiza financeiramente para ajudar o paciente pelo menos na compra das primeiras doses.
“Vivemos da caridade, nunca recebemos verba de governo e cada doação vem de uma maneira. Chega o fim do mês e pensamos: ‘Esse vai ser apertado’, mas de repente nosso saldo dá uma subida. Temos diversos doadores, alguns são anônimos, tem os amigos, fazemos eventos, rifas. Começamos uma campanha dia 17/10, divulgando a história do Núcleo e hoje já recebemos R$800,00 chega a ser uma coisa inexplicável”, conta Edna.
Para Marileia o bazar que o Núcleo mantém cumpre muito mais do que a função financeira: “Além de ser um recurso para angariar fundos, muitas mulheres assistidas vêm aqui e saem todas felizes e vaidosas com as roupas, é como uma terapia”.
Edna conta que uma das proprietárias do imóvel onde está a sede do NCC também colabora intensamente com o grupo, isentando-o do pagamento de aluguel, água, luz e até mesmo dando contribuições extras em dinheiro. “É uma gratidão imensa que temos por ela!”, relata.
O desafio na captação de recursos é uma constante enfrentada pelas voluntárias, mas elas seguem firmes no propósito de zelar pela boa assistência prestada.
O Núcleo organiza eventos de arrecadação e também de conscientização para que cada vez mais pessoas sejam informadas sobre suas atividades. No próximo dia 28/10, por exemplo, eles estarão panfletando pelas ruas do centro de Sete Lagoas divulgando seu trabalho. O grupo planeja também uma caminhada em dezembro até Capim Branco com cerca de 60 pessoas e participação dos grupos Caminhantes e Canelas Poderosas. Na oportunidade a ideia é que seja oferecido um almoço na casa de uma das voluntárias no qual os interessados poderão contribuir com o valor da refeição (mais informações em breve).
Se você deseja conhecer o Núcleo de Voluntários de Combate ao Câncer, se voluntariar ou mesmo contribuir de alguma forma com o grupo, pode entrar em contato através dos números (31) 3771-8800, (31) 9 9989-6019, no Instagram @nucleodocancer ou e-mail [email protected]. Para doações PIX, CNPJ: 04.868.903/0001-40; Banco: 756- Sicoob- Agência/ Cooperativa 3175-5 C/C: 50759-8.
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Da Redação, Maria Eduarda Alves e Vinícius Oliveira.