Dia 2 de abril de 2023, era um domingo comum para os moradores do bairro Santa Luzia, até que uma ameaça antiga voltou a assombrar seus moradores: um buraco se abriu em uma rua. O problema acontece no mesmo local em que outra cratera apareceu há 35 anos, engoliu parte da via e fez com que famílias fossem retiradas de casa – caso conhecido como “buraco do Cecé”, uma referência ao ex-prefeito Marcelo Cecé.
A Defesa Civil da cidade, na época, isolou a área e, logo após, agentes da prefeitura escavaram a cratera para investigação. De acordo com o executivo municipal na época, nenhuma anomalia foi identificada. O buraco foi fechado em maio deste ano, mas uma parte do solo voltou a ceder novamente.
Diante dessa ressurgência, a atual prefeitura de Sete Lagoas anunciou a contratação, por meio de licitação, de uma empresa para realizar um estudo técnico a fim de investigar as causas do afundamento do solo. O geólogo encarregado do estudo, Carlos Vinícius Alves Ribeiro, identificou uma dissolução de rochas calcárias como provavelmente a principal razão para a reabertura do buraco. “Essas rochas são comuns na região de Sete Lagoas, e seu desgaste pode gerar cavidades subterrâneas que levam ao afundamento”, esclareceu.
Em 1º de setembro deste ano, durante o programa “Passando a Limpo”, o secretário de obras Antônio Garcia Maciel, o Toninho Macarrão, anunciou que o primeiro estudo estava concluído. Ele revelou que o local abriga uma caverna com 57 metros de profundidade, representando um desafio significativo para as autoridades locais. Macarrão explicou: “Colocamos pedras e asfaltamos, mas o buraco continuou a afundar. Então, contratamos uma empresa do Rio Grande do Norte, vencedora da licitação com o apoio da Universidade de Brasília (UnB), que realizou um estudo e entregou o resultado na semana passada”.
O estudo confirmou a existência de uma caverna e indicou sua expansão desde 1988. Engenheiros foram consultados para desenvolver um plano abrangente de tratamento. “Estamos trabalhando em um projeto para criar um novo cercado e implementar a drenagem necessária”, afirmou Macarrão. Ele também alertou sobre os riscos envolvidos, acrescentando que os geólogos ainda não determinaram se o colapso é iminente ou se a situação pode ser estabilizada, e que um novo estudo seria realizado.
A moradora Leila Maria Avelar Barbosa Neves, de 61 anos, residente na rua Nestor Fóscolo, há 18 anos, expressou sua angústia diante do buraco existente na região. Ela compartilhou sua preocupação constante, destacando a falta de informações oficiais sobre a situação: “É muito angustiante, pois não sabemos o que pode acontecer. Fizeram estudos com geólogos, mas até hoje nada nos foi repassado oficialmente”, afirmou.
Ela ressaltou que, especialmente durante períodos chuvosos, o temor aumenta, observando que a cratera se enche rapidamente e a água é absorvida de forma veloz pela terra, contribuindo para sua expansão.
A moradora salientou que seus vizinhos enfrentam a mesma situação e que viver tranquilamente se torna impossível sem uma posição clara dos órgãos competentes. “A cada dia checamos como está a evolução do buraco. Gostaríamos mesmo é de um parecer dos órgãos competentes e uma resolução para que o problema fosse solucionado”, disse.
Leila compartilhou as dúvidas comuns entre os residentes, questionando quando o problema será resolvido, destacando a ausência de comunicação da prefeitura com os moradores próximos ao buraco. Ela levantou questões sobre a possibilidade de fechamento do buraco e se haverá desapropriação de algum imóvel.
Prefeitura responde
A reportagem entrou em contato com a assessoria de comunicação da prefeitura, que, em nota, informou:
“Esse primeiro estudo foi realizado pela empresa CWM Rocha Serviços de Geologia, do Rio Grande do Norte. Ficou comprovado que o problema é geológico e houve indicação para um segundo estudo, desta vez geotécnico. A Prefeitura está em fase final do processo de contratação para este novo trabalho que indicará quais medidas devem ser tomadas. Não existe previsão de desapropriação de imóveis no momento”.
Da redação, Djhéssica Monteiro.