‘A previsão do tempo diz que o céu fechou’ – há quanto tempo você não ouve essa frase? O mês de novembro em Sete Lagoas e região foram de pouca regularidade de precipitações. O que esperar deste mês e do verão? A promessa é que continuará quente.
As poucas chuvas no mês passado teria um “responsável”: a onda de calor que assolou a cidade, fazendo chegar a temperaturas recordes e infernizando a vida dos cidadãos. Com quase duas semanas de duração, pouca ou quase nenhuma precipitação ocorreu. “[Este é] um sistema de alta pressão atmosférica, que altera a circulação dos ventos, retendo calor na superfície e inibindo a formação de nuvens de chuva. Além disso, a distribuição do fluxo de umidade proveniente da Amazônia direcionou-se para a região sul do Brasil, desfavorecendo as chuvas em Minas Gerais”, comenta Lucas Soares, entusiasta na pesquisa sobre precipitações na cidade.
Mas este sistema, que criou um “domo de calor”, foi gerado pelo El Niño, o fenômeno que aquece as águas do Oceano Pacífico e altera em escala global o clima. “A atução do El Niño, em 2023, é responsável para chuva escassa na região de Sete Lagoas e no setor centro-norte do Brasil, de forma geral”, completa Lucas.
E teremos mais episódios de calor extremo na cidade? “Não acredito que tenhamos uma nova onda de calor como a de novembro nesse período chuvoso. Mas essa condição precisa de monitoramento constante. O El Niño geralmente ‘gosta de pregar surpresas'”, aponta o entusiasta.
Chuva, cadê você?
O sistema ainda está em atuação e promete impactar o verão brasileiro; ou seja, teremos poucas precipitações, “abaixo da média climatológica, considerando o trimestre janeiro, fevereiro e março”, completa Lucas Soares. Mas, isso não quer dizer ela não aparecerá.
“Contudo, a oscilação Madden Julian, que é um pulso de energia atmosférica, fortalecedor das características climáticas predominantes na estação do ano, poderá favorecer as chuvas em algum momento desse período. Dessa forma, a consolidação do atual período de chuva em Sete Lagoas, que vai até março, pode ser em janeiro, considerando as previsões atuais sobre o posicionamento da oscilação supracitada, em território brasileiro”, afirma.
Mudanças climáticas
A subida de temperatura média da Terra influenciada pelo homem seria um fator preponderante para o tempo irregular – e muitas vezes catastrófico? “Na região sudeste do Brasil, estudos apontam que a elevação das temperaturas médias globais podem agravar sistemas de alta pressão atmosférica, em termos de frequência e intensidade, e isso pode contribuir para uma redução dos volumes de chuva anualmente previstos em relação à média climatológica”, diz Lucas.
Mas ele completa: “Vale ressaltar, que também há uma contrapartida desse cenário, com a ocorrência de anos com chuvas excessivas, desafiando os centros urbanos, despreparados para enfrentar volumes excepcionais de precipitação”.
Que estejamos preparados para o futuro. No momento que esta matéria era escrita, faziam 33ºC em Sete Lagoas.
Filipe Felizardo