Revolta, é o que relata a vítima de importunação sexual ocorrida no último domingo (14) na orla da Lagoa Paulino, em Sete Lagoas. O autor, um motorista de uma Fiat Toro branca, está desaparecido.
A mulher estava em um bar na região, quando o autor se aproxima com o veículo. O motorista permanece no seu carro e não parava de olhar a vítima; enquanto ele a espreitava, um garçom fazia o atendimento aos clientes do estabelecimento. Quando este sai, o autor abre a porta e chama a mulher para entrar no veículo: “eu vi que ele estava descalço e sem blusa”, comenta.
A ação foi interrompida quando o garçom voltou a passar pelo local – nisso, o homem branco, alto e de cabelos também brancos volta a fazer atos obscenos: “e foi aí que ele abriu a porta e tava fazendo o ato [se masturbando]. Eu achei um absurdo e comecei a filmar mais ele fechou a porta”, completa a vítima.
Nesta ação, o homem sai em fuga e acaba atropelando um casal que estava em uma moto. Ele não presta socorro aos acidentados, que somente tiveram escoriações – mas a vítima acha que o alvo era outro: “Acho que ele queria me atropelar”.
Indignada, ela pede ajuda para os funcionários do estabelecimento, e a polícia é acionada. Apesar disso, o homem não foi encontrado.
A culpa não é da vítima
Quando casos de importunação sexual acontecem, muitos julgam que a ação poderia ser “evitada” pela vítima. Isso é uma segunda violência.
“Só o que eu escutei [sobre o caso] era que eu não devia estar andando sozinha. Na verdade eu deveria me sentir segura dentro da cidade; não era pra ser assim, nós mulheres deveríamos ter o livre arbítrio de sair e andar nas ruas sem pensar nas maldades do próximo”, desabafa.
E, quem julga, não se preocupa com o fato de que um crime aconteceu: “Eu sinto muita raiva por não ter nenhuma justiça, porque tenho certeza que ele vai fazer isso outras vezes e ninguém merece passar por isso”, disse.
“E enquanto eu escuto que devo andar acompanhada eles não fazem nada com o sujeito”.
A vítima apontou que foi orientada a buscar a justiça, mas não tem condições: “Mas quero ir na delegacia da mulher, pra ver se tomam providências. Mas acho que não vão”, disse, desesperançosa.
Filipe Felizardo