A onda de violência contra mulheres em Sete Lagoas parece não ter fim. Apenas oito dias após uma adolescente ter sido assediada na porta de casa, no Morro do Claro, outro caso chocante foi registrado na orla da Lagoa Paulino nesse domingo (14). As histórias se repetem, deixando um rastro de medo e insegurança entre as setelagoanas.
Em busca de respostas, a equipe de reportagem do SeteLagoas.com.br buscou a Polícia Militar. Segundo a corporação, ambos os casos estão sob investigação, e a colaboração da população com informações que levem à identificação dos autores é crucial.
Os números frios da PM revelam uma realidade ainda mais alarmante: desde o início do ano, 21 casos de assédio foram registrados na cidade. A maioria aconteceu em ambientes de trabalho, mas as ruas também se tornaram palco para a violência.
Mas a estatística oficial não reflete a totalidade da dor. Estima-se que o número real de casos seja bem maior, pois muitas mulheres silenciam por medo de serem desacreditadas ou culpabilizadas.
“Eu deveria me sentir segura dentro da cidade; não era pra ser assim, nós mulheres deveríamos ter o livre arbítrio de sair e andar nas ruas sem pensar nas maldades do próximo”, desabafa a última vítima. “Tenho certeza que ele vai fazer isso de novo, e ninguém merece passar por isso. Enquanto isso, só escuto que devo andar acompanhada, mas eles não fazem nada com o sujeito”, completa, indignada.
Ao contrário de estupros e agressões físicas, que deixam marcas visíveis, o assédio muitas vezes não possui provas físicas. As cicatrizes são mentais, e a dor da vítima é silenciada pela falta de provas concretas.
Essa realidade cruel impõe às mulheres um fardo ainda maior: o da culpa. Em muitos casos, a vítima é questionada sobre sua roupa, seu local de permanência ou se estava sozinha. A cultura do “culpar a vítima” precisa ser combatida com força.
É preciso dar voz às mulheres, incentivá-las a denunciar e criar mecanismos eficazes para que a justiça seja feita.
A Polícia Militar de Sete Lagoas reforça a importância da denúncia como única forma de combater o assédio e construir uma cidade mais segura para todas.
Djhéssica Monteiro