Aos 84 anos, Rosilda Fernandes da Silva, divide sua rotina entre a cidade de Sete Lagoas e Belo Horizonte. O motivo das viagens diárias são os tratamentos médicos que ela sempre realiza na capital mineira. Apesar de sempre estar em “movimento”, como prefere falar, ela conta quem e Sete Lagoas não encontra um lugar específico para pessoas da sua idade, onde se possa passear e descansar.
Ana Maria Camargo, de 63 anos e aposentada há três, conta que durante quase duas décadas trabalhou como secretária e agora se dedica a uma profissão que daqui há uns anos espera encontrar em plena atividade; cuidador de idoso. Assim como Rosilda, ela também acredita que faltam locais para lazer para as pessoas da terceira idade.
Ana conta que as iniciativas dentro da cidade são grandes, mas ainda falta acesso a programas que realmente tragam lazer aos idosos. “Eu já estou na faixa etária considerada idosa, e vejo que ainda falta acesso a programas como viagens, salões de dança e atividades que sejam voltadas para as pessoas mais velhas” afirma.
Raimunda da Silva Pereira, trabalha há mais de 13 anos com cerca de 40 mulheres com idades entre 50 e 90 anos no grupo de Bem com a Vida, cuja sede fica no Bairro Boa Vista. No local, as idosas podem exercer atividades como dança, bordados e ginástica, além de ser um espaço de convivência para que elas possam trocar experiências.
Raimunda relata que apesar de a iniciativa existir em diferentes bairros da cidade, ainda falta uma política que seja voltada ao entretenimento do idoso na cidade. “O que elas precisam é de viajar, de fazer passeios em locais diferentes. Isso a gente sente que ainda não é possível fazer por falta de incentivo”, explica.
De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em Sete Lagoas, no ano de 2000, os idosos chefiavam 8.863 lares da cidade, fato que revela que mesmo após a idade de aposentadoria eles ainda permanecem no mercado de trabalho.
Se por um lado eles estão mais tempo no mercado de trabalho, por outro eles ainda encontram dificuldades para encontrar um lazer que compense o esforço. Segundo relatado pelo Shopping Sete Lagoas, não há uma atração específica para os idosos na cidade. As áreas utilizadas pelo setor estão restritas a praça de alimentação, cinema e cafeteria, que de acordo com o shopping vem sendo bastante freqüentada por pessoas acima de 60 anos.
De acordo com a assessoria de comunicação do local, a intenção de um centro comercial como este é o de promover o entretenimento para as diversas idades e portanto ainda não há um direcionamento específico para o setor.
Na área da saúde, a Secretaria Municipal de Saúde de Sete Lagoas informou que não existe uma política voltada especificamente para os idosos na cidade, porém, eles recebem todo atendimento disponível nos centros de saúde.
Já em cidades como Belo Horizonte os idosos estão inseridos em alguns programas voltados a saúde e desenvolvimentos de atividades para pessoas acima de 60 anos.
A Câmara de Dirigentes Lojistas de Sete Lagoas relata que, até o momento, não possui nenhuma loja associada direcionada ao atendimento específico do público idoso, nem mesmo o registro de algum comercio que tenha o idoso como público foco.
De acordo com o órgão, há na cidade uma carência quanto à opção de compras para pessoas acima de 60 anos. A CDL acredita, porém, que a demanda será uma questão de tempo, pois em Sete Lagoas o momento é de grande expansão do varejo.
A CDL acredita ainda que com o avanço da população idosa e a realização de mais pesquisas mercadológicas por parte das empresas ajudará a expandir esse nicho mercantil.
De acordo com a secretária de Assistência Social da cidade, Cidinha Canabrava, dentro da Assistência Social , existe a chamada Política Pública de Proteção Social , onde existem duas modalidades de Proteção:
A primeira das modalidades é o serviço de Proteção Social Básica, com grupos de convivência, cujo foco é o desenvolvimento de atividades que contribuam no processo chamado de “envelhecimento saudável”. O serviço é oferecido por meio dos Centros de Referência da Assistência Social – CRAS. Hoje a cidade conta com quatro CRAS em funcionamento.
No chamado CRAS IV, alguns serviços estão em fase de implantação para que seja feita a orientação e encaminhamento para Benefício de Prestação Continuada, de acordo com a legislação própria. Além disso, serão implementadas a Expedição de Carteira do Idoso, que garante a gratuidade no transporte Municipal e Intermunicipal, de acordo com a legislação.
Cidinha disse ainda que, na cidade, alguma ações como o repasse financeiro mensal à Vila Vicentina no valor de R$ 17.700,00 tem ajudado a melhorar as condições de vida dos idosos na cidade.
A segunda modalidade de Proteção Social é voltada ao atendimento da pessoa idosa vítima de maus tratos e ou violência e abandono. O serviço é ofertado pelo Centro de Referência Especial da Assistência Social – CREAS.
por Cíntia Rezende
foto: Felipe Castanheira