Doar seu tempo, conhecimento e solidariedade para quem mais necessita. A missão de voluntariar tocou a muitas pessoas país afora, que marcharam ao Rio Grande do Sul para ajudar um estado que sofre com a maior catástrofe climática já atingida no Brasil. A médica veterinária e professora universária de Sete Lagoas Flávia da Silva Gonçalves é uma destas pessoas que foram até lá e nos conta o relato do que encontrou e vive na localidade.
Ela e outro professor da Una se organizaram para estar na região – a ida foi na última semana. Estes veterinários se revezam, a cada dia em uma cidade: uma hora auxiliando no cuidado a cavalos resgatados em uma enfermanria na cidade de Nova Santa Rita; outra, nos salvamentos que aconteceram em sua grande parte em Porto Alegre, capital gaúcha.
“No resgate tenho observado animais muito hipotérmicos, estressados, além da fome e sede. São animais que estão há dias ilhados. Já no pós resgate, [percebemos] lesões, desidratação, e muitas vezes dores por ficarem muito tempo na mesma posição”, comenta a médica veterinária.
Ainda segundo Flávia, os salvamentos continuam: “nós, voluntários, entramos na água de barco; primeiramente fazemos uma inspeção do local para ver se existe animal. Muitos deles estão trancados nas casas. Quando detectamos algum animal, resgatamos e levamos aos pontos de encontro, onde tem equipes de recebimento. Algumas vezes, os próprios moradores nos indicam o endereço onde possam ter alguns deles, ou até mesmo os seus que ficaram em casa, e nós vamos até lá realizar o resgate”.
Os cães são os principais afetados, de acordo com a veterinária, por serem em maior número. “Foram criados abrigos, em diversas localidades. Os animais são separados por espécies. O local em que estão, é como um abrigo junto de um hospital de campanha! Os animais tem baias com casinhas, comedouros e bebedouros individualizados, salvo quando são da mesma família, que podem ficar em um mesmo ambiente”, comenta.
Lidar com um cenário de catástrofe, onde os perigos estão submersos ou estão presentes na própria água que cerca aqueles que se arriscam por ela são os principais desafios para uma equipe de voluntários.
Solidariedade
No imaginário popular, o inferno seria um local extremamente quente, com fogo por todo o lado – mas, para alguns, essa visão foi substituída pelo frio e a água, que destruiu e inundou tudo que pode tocar. Desafiando o inferno, muitos moradores vão com os voluntários em barcos, para resgates ou coletar o que mais precisar à sua sobrevivência: “[Os moradores] estão sendo extremamente receptivos e agradecidos a todos os voluntários”, aponta Flávia.
As doações são essenciais para continuar o tratamento dos animais que foram resgatados. A veterinária aponta que grupos de voluntariados de pessoas de fora do Rio Grande do Sul estão a ser formados – ela, que retorna no sábado (18) a Minas, já está organizando sua volta para continuar ajudando.
Como doar?
O SeteLagoas.com.br está com uma página reunindo todas as campanhas de doação feitas na cidade para os atingidos pela enchente no sul do país. Você pode conferir AQUI como ajuar.
Filipe Felizardo