A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) aprovou a adição de três novos cursos de graduação, que foram oficializados por meio de resoluções publicadas no Boletim UFMG em 5 de outubro. Esses novos cursos são Arqueologia, associado à Fafich, Engenharia de Materiais, oferecido pela Escola de Engenharia, e Ciência de Dados, pertencente ao Instituto de Ciências Exatas (ICEx). Com essas adições, a universidade amplia seu catálogo para um total de 94 cursos de graduação.
Dois dos novos cursos, Arqueologia e Engenharia de Materiais, introduzem um conceito inovador na UFMG, conhecido como “estruturas formativas de tronco comum”. Esse modelo organiza um conjunto de atividades acadêmicas curriculares compartilhadas, que se relacionam por meio de eixos temáticos comuns a dois ou mais cursos de graduação. No caso, o curso de Arqueologia terá um tronco comum compartilhado com o curso de Antropologia, enquanto o curso de Engenharia de Materiais compartilhará seu tronco comum com o curso de Engenharia Metalúrgica. Os cursos já existentes, que incluíam as novas áreas de graduação como percursos específicos, passaram por reformulações em suas grades curriculares para acomodar essas mudanças.
“A produção do conhecimento é dinâmica e sempre aberta ao novo. E a UFMG, como é de sua tradição, sempre esteve pronta para contribuir para a resposta a esse tipo de demanda, na forma de inovação, expansão e reestruturação dos cursos de graduação”, diz a reitora Sandra Regina Goulart Almeida.
Os três novos cursos ilustram movimentos iniciados no âmbito das unidades acadêmicas, em momentos e com ritmos distintos, como destaca o pró-reitor de Graduação, Bruno Teixeira. “Em um universo de tantas opções, a ideia do tronco comum pode ser mais um facilitador para orientação dos estudantes que desejam ingressar no ensino superior. O tronco comum possibilita a expansão como um processo de divergência em que se exploram convergências entre as áreas do conhecimento”, diz Teixeira. “A formação se torna ainda mais qualificada, porque o estudante, futuro profissional, aprende a dialogar com áreas próximas já durante seu curso de graduação.”
O pró-reitor destaca que as estruturas de tronco comum oferecem uma gestão mais eficaz e equitativa, já que tanto o suporte administrativo quanto o suporte acadêmico são compartilhados entre os dois cursos. De acordo com Bruno Teixeira, quando um candidato optar por um dos cursos do tronco comum durante o processo seletivo, ele selecionará uma área básica de ingresso. Após a conclusão bem-sucedida de um conjunto específico de atividades do tronco comum, terá a liberdade de escolher o curso no qual deseja obter seu diploma.
Baixos custos
A regulamentação, em 2018, da profissão de arqueólogo foi uma das motivações para a criação do curso de Arqueologia, da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas. Até agora, a formação ocorre como habilitação dentro da graduação em Antropologia. O novo curso vai compartilhar atividades curriculares com Antropologia, no sistema de tronco comum.
“Esse mecanismo, aliado a outras normas de graduação implementadas recentemente, simplifica processos, como a criação de uma formação nesse segmento de ensino na universidade, que se dá com baixo custo administrativo e pequeno ônus de adaptação”, afirma o diretor da Fafich, professor Bruno Reis. Ele salienta que a estrutura atual foi mantida em boa medida na atualização curricular feita para viabilizar o novo formato dos cursos.
Presença antiga
A área do novo curso da Escola de Engenharia já é fortemente representada na UFMG. Não por acaso, a palavra que define esse campo já compõe os nomes do Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais e do Programa de Pós-graduação em Engenharia Metalúrgica, de Materiais e de Minas. A pesquisa contempla materiais metálicos, cerâmicos, compósitos e outros. “A engenharia e a ciência de materiais estão presentes há muito tempo no ensino e na pesquisa da Escola de Engenharia. Por isso, é mais que natural a criação deste que é o 12º curso de graduação da Escola”, afirma o diretor da unidade, Cícero Starling. A graduação recém-criada vai assegurar, segundo Starling, plena habilitação profissional no campo dos materiais.
“Das instituições mais bem avaliadas, só a UFMG ainda não tinha o curso”, informa o diretor, acrescentando que o mecanismo do tronco comum vai propiciar a possibilidade de o estudante formado em Engenharia Metalúrgica se graduar também, com mais alguns semestres de estudos, em Engenharia de Materiais, e vice-versa. As graduações com entrada única vão oferecer 80 vagas anuais frente às 60 disponíveis para Engenharia Metalúrgica no último processo seletivo.
Demanda do mercado
O curso de graduação em Ciência de Dados, que vai oferecer 40 vagas por ano, deverá atender a uma demanda de mercado que hoje é suprida, sobretudo, por profissionais formados em Ciência da Computação, Estatística e cursos de Engenharia. A criação do curso tem sido recomendada pela Sociedade Brasileira de Computação.
Segundo o vice-diretor do ICEx, Renato Celso Ferreira, a relação da unidade com seus egressos traz informações sobre o posicionamento deles no mercado, e esses profissionais têm enfatizado a demanda recente. “Vamos passar a formar profissionais ainda mais preparados, com forte capacitação para as demandas, munidos de conhecimentos nas duas áreas. Muitos professores dos dois departamentos [Estatística e Ciência da Computação] já atuam em pesquisas e consultorias no campo da ciência de dados”, diz o professor.
O curso de Arqueologia será ofertado já em 2024, e a universidade está cuidando dos trâmites para abertura de vagas para Engenharia de Materiais e Ciência de Dados.
Da Redação com UFMG