O soneto inverte a imagem, para que o retrato não precise rimar com tamanco, já o rock’n’roll se adapta ao futebol. Por toda a superfície, a beleza se estende clara, transparente, nua, num cavalo que papagueia outro idioma. Então as comportas se abrem para o fluxo de euforia, e nos lábios viceja a hortelã. Mas o barco da poesia não aporta, permanece suspenso, etéreo, vincando a realidade, como nos mostra Chico Buarque, que completa 80 anos nesta quarta (19), com a sua construção à flor da pele.
Homenagens e Novidades
“É o maior artista da história da música brasileira, e talvez o maior da nossa cultura”, resume o jornalista Hugo Sukman. Para comemorar o aniversário do compositor, estão previstos vários lançamentos, incluindo livros, discos, espetáculos e série. Em agosto, Chico lança o romance “Bambino a Roma”, explorando memórias de sua infância na Itália.
Claudette Soares e o Legado Musical
Claudette Soares, que conheceu Chico na década de 1960, lança “Claudette Canta Chico”, incluindo músicas como “Realejo” e “Carolina”. Aos 86 anos, ela revisita os anos 1960, período em que subiu ao piano no templo da bossa nova paulista, o João Sebastião Bar.
Censura
Com uma iluminação à base de velas, Claudette sussurrava os versos de “Marcha para um Dia de Sol”, que não teve coragem de interpretar na ditadura militar. Maricenne Costa foi a primeira a registrar uma música de Chico em disco, em 1964. Claudette lembra que as músicas de Chico eram constantemente censuradas, como exemplificado no livro “O Que Não Tem Censura nem Nunca Terá: Chico Buarque e a Repressão Artística na Ditadura Militar”, de Márcio Pinheiro.
Colaborações e Resistência
Chico enfrentou a censura compondo canções de conotação política. Com a ajuda de Zé Celso Martinez Corrêa, ele investiu em críticas à indústria cultural, tornando-se símbolo na luta contra a ditadura.
Lírica e Persistência
Chico foi perseguido e censurado durante a ditadura, mas suas composições não ficaram datadas. O livro “Chico Buarque em 80 Canções” analisa sua obra, destacando a capacidade de emocionar e criar imagens poéticas. Suas músicas, como “Cálice”, ainda são relevantes como manifestações contra a opressão.
Relançamento de LPs e Trilhas para Filmes
Para celebrar os 80 anos de Chico, a Universal Music vai reeditar quatro álbuns do artista. Além disso, a série “Na Trilha do Som”, de Marcelo Janot, estreia hoje no Canal Curta!, enfocando a contribuição de Chico para o cinema.
Da Redação com O Tempo