No Brasil, a riqueza de talentos musicais é evidente, especialmente na Música Popular Brasileira (MPB), representada por artistas mundialmente aclamados como Gilberto Gil, Caetano Veloso, João Gilberto e Elis Regina. O país reserva um dia especial para homenagear seus talentosos músicos: o Dia do Músico, celebrado em 22 de novembro. Esta data foi escolhida em honra à Santa Cecília, a padroeira dos músicos no catolicismo, cuja lenda conta que seu canto atraía até mesmo anjos do céu.
Sete Lagoas, não fugindo à tradição musical nacional, abriga uma diversidade de músicos que exploram diversos estilos. Atualmente, segundo dados coletados pelo Fórum da Música de Sete Lagoas, cedidos para a nossa redação, a cidade conta com aproximadamente 111 artistas, que ao longo de uma década são responsáveis por mais de 1153 composições musicais que nasceram nas terras setelagoanas e agora ecoam nos streamings.
Além desses, centenas de outros artistas, tanto solos, duplas, bandas ou grupos, contribuem para as noites animadas de Sete Lagoas. Apesar de muitas vezes não receberem o devido reconhecimento, eles persistem, impulsionados pelo amor à música, um sentimento que transcende gerações.
Rojan Gabriel, músico setelagoano, exemplifica essa paixão ao compartilhar sua visão: “Ser músico é uma ferramenta de propagação de uma linguagem universal. Meu papel é transmitir através da arte e despertar sensações nos ouvintes. É um papel de despertar emoções, seja de alegria ou tristeza, e fazer com que a audiência se sinta diferente.”
Leo Guto, por sua vez, reflete sobre sua trajetória: “Foi muito difícil para mim me assumir como músico e seguir isso como ofício. Trabalhei na indústria, me graduei em Administração de Empresas. Antes disso, passei por uma infinidade de cursos profissionalizantes na área industrial, como Ferramentaria, Técnico em Mecânica, e até fiz alguns meses do curso de Engenharia de Controle e Automação. Desde sempre, acreditava que a música seria apenas um meio de expressão, sem pretensões comerciais ou profissionais. Meu pai sempre me disse para escolher algum caminho que me desse “futuro”, e eu não o julgo. Para quem vem de onde viemos, a música é apenas um sonho, uma realidade distante. Hoje, vivo há pelo menos 10 anos da minha música. Então, é um sonho bem real de se viver, com todas as glórias e dores, mas é real!”
Rojan ainda observa uma evolução significativa na cena musical de Sete Lagoas nos últimos anos, atribuindo-a à organização dos artistas, ao reconhecimento e ao aumento do valor atribuído à própria arte. Ele destaca a importância da música como um ato político, evidenciado durante a pandemia, quando a arte se tornou uma fonte de conforto para a sociedade.
Entretanto, para o baixista Marcos Avelar, da banda Congadar, uma das mais renomadas da cidade, o cenário musical atual de Sete Lagoas apresenta desafios. “Há pouco espaço para novidades, para artistas autorais. Mas ao mesmo tempo, tem um monte de gente fazendo música própria, compondo, lançando, fazendo clipes. Existe uma força na música independente na cidade, mas que está estrangulada em meio à repetição. Esperamos que esse momento permita dar força a esses lançamentos e que a própria cidade enxergue esse movimento e valorize os artistas que querem mostrar sua própria cara.”
Assim, entre desafios e conquistas, Sete Lagoas permanece como um vibrante palco para a música independente, onde artistas dedicados continuam a escrever suas histórias por meio das notas e melodias que ecoam não apenas pelas ruas da cidade, mas reverberam por todo o Brasil, com muitos músicos locais alcançando sucesso dentro e fora de Minas Gerais.
Da redação, Djhéssica Monteiro.