Em seu mais recente filme que estreia hoje, 23 de novembro no cinema, o diretor Ridley Scott mergulha em um épico histórico de quase três horas, retratando Napoleão Bonaparte, o célebre líder francês, como um personagem em busca de continuidade. Essa busca ecoa o tema recorrente na filmografia de Scott, espelhando os replicantes de “Blade Runner” em sua busca pelo Criador para garantir sua própria longevidade.
O filme destaca o desejo de Napoleão por permanência no poder e pela sucessão de seus herdeiros, ecoando temas monárquicos que a República derrubou. Ao mesmo tempo, mostra um retrato multifacetado do imperador, tanto como herói quanto vilão, responsável pela morte de milhões de soldados.
A relação complexa e doentia de Napoleão com Josefina é revelada: um misto de profundo amor expresso em cartas mesmo após o divórcio (motivado pela incapacidade dela de gerar um filho) e uma atitude de dominação, refletida na negligência do prazer dela e em sua marginalização no palácio.
O filme acompanha várias batalhas, incluindo a famosa Batalha de Austerlitz contra a força austro-russa em 1805. Scott retrata essas vitórias estratégicas sem glamour, mostrando-as como um amontoado de corpos, conectando a busca de Napoleão pelo poder à trágica troca por vidas de seu próprio povo, uma reflexão sobre líderes contemporâneos.
Embora o filme seja vigoroso, destacando a intensa atuação de Joaquin Phoenix, muitos aspectos essenciais, como a dinâmica com Josefina e o potencial para destacar o empoderamento feminino, parecem subdesenvolvidos. O filme de quase três horas deixa uma sensação de algo incompleto, o que talvez seja corrigido na versão estendida de quatro horas que será lançada na plataforma de streaming da Apple TV.
Da Redação com O Tempo