“Faremos uma
gestão participativa”
SETE DIAS – Na sua opinião, quais os principais problemas da cidade?
MAROCA – Eu não gosto de enxergar Sete Lagoas apenas pelos seus problemas. Sete Lagoas é, antes de tudo, uma cidade maravilhosa. Por isso mesmo não podemos deixar que os seus problemas persistam. Os principais deles decorrem, em minha opinião, do crescimento desordenado aliado a uma baixa capacidade de resposta do poder público. Eu cito, em primeiro lugar, a saúde que tem penalizado muito os sete-lagoanos. Em segundo, o fato de termos um crescimento econômico importante, mas não suficientemente inclusivo, gerando desemprego numa ponta e problemas de segurança pública em outra. Por fim, os problemas de infra-estrutura, onde se destaca a falta de solução sustentável para a questão do abastecimento de água e tratamento de esgoto
Quais as ações necessárias para consolidar uma boa estrutura na cidade para receber o crescimento previsto e ao mesmo tempo manter a qualidade de vida?
Acredito que o poder público precisa recuperar sua capacidade administrativa. Tanto no planejamento quanto na gestão. No planejamento, temos que projetar a cidade que desejamos e traçar um caminho em direção a ela. Na gestão, precisamos modernizar a prefeitura para termos eficiência e estabilidade. Veja o exemplo da saúde. A saúde chegou à situação caótica de hoje porque, há mais de dez anos, não tem continuidade administrativa e um projeto adequado que possa ser implementado progressivamente, superando estágios e consolidando resultados positivos. Temos que nos preparar dessa forma, com capacidade de planejar e de administrar com competência, para que possamos atacar os problemas que já mencionei e, além deles, revitalizar a área central, equacionar as questões de trânsito, desenvolver projetos de inclusão para nossa juventude e fomentar pequenos e médios negócios que aumentem as oportunidades de emprego e renda para as famílias sete-lagoanas.
Quais serão suas primeiras ações?
Tenho trabalhado junto à minha equipe de preparação das primeiras ações do governo em duas direções. Em uma, de atuar imediatamente na modernização da máquina pública, em outra, de concentrar esforços nos problemas críticos para não termos qualquer descontinuidade. Volto a citar, nesse caso, a saúde pública, que é um dos principais focos de preocupação.
Qual será o perfil de sua equipe e da sua administração?
Estou trabalhando para honrar dois compromissos que assumi no processo eleitoral: o primeiro, de que me dedicaria a montar uma equipe competente. O segundo, de que implementaria uma administração participativa. No primeiro caso, entendo que os nomes da minha equipe devem ser não apenas da minha confiança pessoal, mas da confiança da população sete-lagoana. Devem ter competência técnica e perfil pessoal adaptado às exigências de cada pasta. E, ainda, devem ter sensibilidade política e capacidade de agregar, trabalhar em equipe e liderar pessoas. Esses são os critérios que tenho valorizado. Com relação ao compromisso de uma administração participativa, desde já, tenho, pessoalmente, procurado e ouvido os conselhos, as associações e as entidades organizadas.
Vai manter as secretarias atuais ou enxugar ou criar novas?
Meu compromisso é montar uma estrutura eficiente. Tenho certeza de que é isso que a população espera de mim: organizar uma prefeitura com capacidade de administrar uma cidade de mais de 200 mil habitantes. Capaz de lidar com seus problemas na área social, na área econômica, na área urbana. Se for possível conciliar uma estrutura eficiente com uma estrutura enxuta, tanto melhor. No momento, estamos trabalhando no sentido de traçar as diretrizes gerais dessa estrutura.
Já existem nomes para ocupação das pastas? Algum nome será mantido?
Desde o princípio, dentre os nomes que partilharam e construíram comigo esse projeto vitorioso, há vários que se destacam e que tem competência para assumir esta ou aquela secretaria. Mas estamos num processo de ajustes. Na medida em que formo convicção em determinados pontos da administração, é natural que o perfil de um ou outro secretário se altere. Com relação a manter titulares, apesar de haver bons nomes na atual gestão, não analiso essa possibilidade.
Como está sendo o trabalho de transição?
Infelizmente, o atual prefeito não cumpriu o que acordamos em nosso primeiro contato. Isso significa que a disponibilização de recursos administrativos e o acesso a informações, pelo menos até o momento, não ocorreu. Isto prejudica o processo de transição, mas não impede que eu cumpra as minhas obrigações. Eu diria, nesse sentido, que a transição vai mal, mas a preparação de governo vai muito bem. Temos, eu e minha equipe, trabalhado com muita determinação. Espero, de qualquer forma, que, nos termos e prazos legais, o atual prefeito nos disponibilize, à frente, às informações públicas previstas.
Há possibilidade de voltar a ser discutida a vinda da Copasa?
Não há assunto proibido. Mas não retomarei essa discussão polêmica enquanto não estiver de posse de todas as informações relacionadas ao SAAE e não tiver avaliado, à exaustão, o potencial do SAAE em operar o sistema, dentro de outro modelo de gestão, profissional e comprometido com resultados. Pessoalmente, quero dizer que acredito, dentro desse novo modelo, na viabilidade do SAAE e na autonomia municipal.
Como espera ser o relacionamento com a Câmara Municipal?
O melhor possível. Já fui vereador, conheço bem a Câmara e conheço muito os novos vereadores eleitos. Tenho certeza que o interesse maior por Sete Lagoas nos aproximará, independente de eventuais divergências políticas.
O que os sete-lagoanos podem esperar para os próximos anos?
Podem esperar muito trabalho e muita determinação. Podem esperar uma gestão voltada para o desenvolvimento com qualidade de vida para todos os sete-lagoanos. Uma gestão séria, ética, transparente, participativa e, sobretudo, competente, que honre a confiança em mim depositada.
Não há dúvidas de que a crise mundial já chegou a Sete Lagoas com a demissão em massa pelas indústrias de ferro gusa. Quais serão as ações do novo governo no sentido de minimizar os efeitos da crise?
Acho que temos que implementar uma política de desenvolvimento que incentive a vinda de novas empresas, que mantenha a negociação com aquelas que demonstraram interesse em ingressar em nossa cidade, mas que, ao mesmo tempo, fomente, com muita determinação, a formação de pequenas e médias empresas locais e aposte no desenvolvimento de micro negócios, como alternativa para mitigar os efeitos sociais da crise.
Após as eleições, como fica o novo quadro político regional e a Amav?
Estamos diante de um quadro político muito favorável. A coligação que me elegeu nos aproxima tanto do Governo do Estado, pelo PSDB, quanto do Governo Federal, pelo PT. Não tenho dúvidas do apoio das nossas lideranças políticas. Tenho certeza que essa conjunção favorável será muito positiva para Sete Lagoas e para nossa região. Especialmente sobre a Amav, da forma mais apropriada possível, vamos contribuir para que se fortaleça como instrumento político alavancador do desenvolvimento regional. Sete Lagoas tem e cumprirá um papel de liderança nesse processo.