Depois de dois meses de atividades em seu primeiro mandato como Deputado Estadual, Duílio de Castro concede entrevista exclusiva ao Sete Lagoas.com.br .
Ele fala sobre a adaptação ao novo cargo, candidatura nas eleições municipais, os desafios da industrialização e sobre o interesse da Copasa em se instalar na cidade.
Como o senhor avalia este início de mandato como Deputado Estadual?
Minha avaliação é positiva. O início de uma legislatura é sempre um período de aprendizado e de abrir espaços, tanto na Assembleia quanto no governo. Estou em comissões com as quais me identifico em meu trabalho, como a de Defesa do Consumidor e Saúde, que também são duas comissões importantes. Não foi algo fácil abrir estes espaços sendo um deputado em primeiro mandato.
Também sou vice-lider do Bloco Parlamentar Social, que é base de apoio ao governo do estado, o que também não é algo fácil de se conquistar. Já consegui alguns recursos estaduais para a região e também estou trabalhando para trazer o Secretário Estadual da Saúde em Sete Lagoas para que seja construído o segundo andar do hospital municipal, o que vai desobstruir os corredores.
Quais foram suas as maiores dificuldades no período de adaptação à Assembleia?
Não senti dificuldades, eu tinha uma boa relação, tanto de amizade quanto de credibilidade, junto aos parlamentares. Faço parte da base de apoio ao governo estadual e já tinha uma relação pessoal e de trabalho junto com o governador Anastasia e com o Secretário de Estado do Governo de Minas, Danilo de Castro. Então não tive dificuldades em abrir espaços e começar estes trabalhos.
Por ter sido vereador e presidente da Câmara Municipal, que não é tão diferente da atividade na Assembleia, ganhei experiência em plenário e isso facilitou o início dos trabalhos.
Quais são suas contribuições nas comissões que o senhor participa?
Na Comissão de Defesa do Consumidor e Contribuinte, estamos fazendo um trabalho de fiscalização sobre a indústria das multas e radares. Também estamos acompanhando a questão dos planos de saúde, que não oferecem condições de atendimento à população e baixos salários e repasses aos médicos conveniados.
O SUS já esta falido e os planos de saúde estão falindo também, então precisamos de intermediar esta relação, já que temos quase 50% da população mineira com planos de saúde, que é um número significativo, e o impasse entre médicos e planos de saúde pode ser prejudicial.
Em relação a Comissão de Saúde, temos trabalhado para solucionar o problema dos municípios que acabam tendo que investir muito mais na saúde que os 15% da arrecadação exigida por lei, como Sete Lagoas e outros municípios, que investem até 33% de seu orçamento.
O fato de ser o único deputado estadual da região de Sete Lagoas causa algum problema em aprovar projetos ou em se relacionar na Assembleia?Acho que não, até pelo numero de municípios que temos em Minas. Minha eleição trouxe foi mais responsabilidade por ser o único representante dos 35 munícios da AMAV (Associação dos Municípios da Microrregião do Alto Rio das Velhas), que tem como base Sete Lagoas.
Temos essa responsabilidade de dar suporte a estes municípios e de trabalhar para melhorar a qualidade de vida da população principalmente na área da saúde.
Minha relação com os deputados é muito amigável e isso nunca trouxe problemas. Todos fomos eleitos, tivemos votos suficientes para isso e não temos nenhum problema nesta relação.
Na Assembleia se comenta que o senhor tem a intenção de se candidatar a prefeito de Sete Lagoas. Existe esta vontade?
Não pretendo me candidatar , fui eleito para ser deputado estadual. Como homem público acredito que tenho que fazer um bom serviço, como fiz na Câmara, como presidente da Câmara e como pretendo fazer como deputado.
Faço parte de um grupo político que elegeu Maroca, Anastasia e Aécio como senador. Este grupo terá um candidato nas eleições municipais do ano que vem. Se o desafio for de que eu seja o candidato por este grupo, não deixarei de encarar este desafio. Não podemos deixar de seguir de acordo com os interesses de nossas bases.
Caso seja feita uma pesquisa na população que aponte para meu nome como prefeito, não fugiremos do desafio. Se o nome indicado for de outra pessoa, prefiro continuar como legislador e representante de Sete Lagoas e região. Se eu sair, deixaria Sete Lagoas e região sem vez e voto no parlamento mineiro.
Outro nome cotado para concorrer à prefeitura nas próximas eleições é o vereador Marcelo da Cooperseltta. Que é do mesmo partido que o senhor. Qual sua avaliação sobre esta candidatura?
Acho positivo que o Marcelo seja um dos nomes colocados. É importante ter nomes, quanto mais nomes este grupo político oferecer, maior as opções que temos para apresentar à população. O Marcelo tem um trabalho muito positivo na Câmara, tem trabalhado muito e se destacado.É uma liderança nova, com fôlego.
Como o senhor avalia o nome do prefeito Maroca para a reeleição?
O governo Maroca teve muitas dificuldades ao assumir a administração, pois pegou a prefeitura com muitas dívidas e depois teve uma crise mundial que fez a cidade perder boa parte da arrecadação. É normal normal que nestas situações o prefeito tenha um desgaste, o que aconteceu em outras cidades durante a crise.
Maroca tem até o ano que vem para tentar diminuir o desgaste que teve com a população. E acredito que ele também vai fazer uma pesquisa para avaliar seu nome. Se a avaliação estiver ruim, acredito que ele mesmo avaliaria se vale a pena ou não arriscar uma reeleição. Acho que esta meio cedo para falar disso.
Ele vai ter mais um ano e oito meses de governo para fazer suas avaliações e seguir seu mandato. Esperamos que ele faça o melhor possível para a cidade, pois quem vai ganhar com isso é a população.
Sete lagoas tem recebido a instalação de muitas indústrias, como o senhor vê isso?
Por uma lado isso é positivo na geração de riquezas, impostos e vagas de trabalho na cidade. Por outro é preocupante, pois temos uma cidade industrial que possui uma beleza natural como poucas no Brasil e no mundo.
Temos pontos turísticos como o complexo do Parque da Cascata na Serra de Santa Helena, a Gruta Rei do Mato – que é a única gruta em formação aberta pra visitação do país – e também nossas encantadoras lagoas. Temos uma possibilidade muito grande de turismo que é mau usado. Temos que explorar o turismo como uma indústria para a cidade. Mostrando a beleza da cidade podemos gerar empego e renda.
Outra coisa é fazer com que Sete Lagoas se torne uma cidade universitária. Já passamos da barreira das 10 faculdades instaladas aqui. Agora temos que buscar trazer uma faculdade de bio-medicina, para nos consolidar como cidade universitária. Que é uma outra fonte de recursos.
Também temos a cultura, que por ser uma cidade pólo próxima da capital, ligada por uma pista duplicada, pode ser melhor desenvolvida com centros de convenções, explorando e fomentando o teatro e a vinda de grandes eventos. Precisamos de apoiar isso, uma vez que a vinda de eventos de Belo Horizonte para Sete Lagoas é tão fácil.
A industrialização em Contagem e Betim foi maciça e sem controle. Precisamos de ter um controle sobre isso. Não só em Sete Lagoas, mas este crescimento tem que ser distribuído na região da AMAV.
Não adianta nada que Sete Lagoas se industrialize desta forma, fazendo com que as pessoas da nossa região a vejam como única cidade com condições de oferecer empregos. Pois estas pessoas, vindo para a cidade, trazem um impacto social e até criminalidade. Precisamos desenvolver nossa região por igual. Assim Sete Lagoas teria uma ganho em qualidade de vida.
Vejo a industrialização de forma positiva, mas acho que estas áreas – cultura, universidades e turismo – trazem empregos de uma forma diferente, sem trazer o impacto social e a criminalidade.
A Copasa anunciou recentemente a intenção de se instalar em Sete Lagoas, o senhor tem um posicionamento sobre este tema?
A Copasa já vinha se manifestando a bastante tempo e isso se faz por necessidade da Copasa, que já esta em quase 100% das cidades da AMAV e precisa de entrar em Sete Lagoas para captar água de superfície para distribuir para estas cidades. Sem contar os quase 70 mil clientes de Sete Lagoas.
É bom deixar claro que o SAAE é um patrimônio do povo e que é inadmissível aceitar que Sete Lagoas não tem capacidade de administrar um serviço de água e esgoto.
O lugar de onde a Copasa pode captar recursos para as obras na cidade é o mesmo de onde o SAAE retira verbas para as reformas que estão sendo feitas na cidade. Que é o Governo Federal. A verba esta sendo buscada e o problema esta sendo resolvido.
O PAC água esta sendo implementado em Sete Lagoas como projeto de 32 milhões de reais. O SAAE ainda é viável. Hoje a tarifa cobrada em Sete Lagoas é a metade do que a Copasa cobra. Automaticamente a Copasa sacrificaria muito a população. Se pudéssemos oferecer um serviço de qualidade com um preço menor, nada mais justo que deixar a população melhor servida e pagando menos.
Quem quiser conhecer a Copasa pode ir em algumas das cidades onde ela se instalou, nelas a Copasa só se preocupa com o que eu chamo de “o file”, que é a questão da água. Nos lugares onde a Copasa entrou não existe tratamento de 100% de esgoto.
Nós precisamos entender que a entrada da Copasa não vai fazer um milagre na cidade, com busca de água de superfície, tratamento de esgoto e investimentos milionários. A Copasa não tem este dinheiro todo e vai buscar este dinheiro onde? No Governo Federal, no BNDS, no Banco Internacional do Desenvolvimento (BID) e isso o SAAE também pode fazer.
Por isso, minha defesa é do patrimônio público e da autarquia, onde possa ser feita uma gestão plena, mais responsável e severa. Tem que parar com a politicagem dentro do SAAE.
da redação