A cultura de Sete Lagoas voltou a ficar em evidência nos últimos anos. A realização de festivais de música independente, da Literata, a formação de vários grupos ligados às artes como o Ann! e Coletivo Colcheia e também o fortalecimento de grupos da Cultura Popular como as Pastorinhas e a Folia de Reis são apenas parte do trabalho que vem sendo realizado. Um resultado que é fruto tanto de um esforço coletivo de diversos agentes culturais quanto do trabalho do poder público municipal.
O SeteLagoas.com.br fez uma entrevista com Fredy Antoniazzi, Secretário de Cultura e Comunicação da cidade. Fredy falou sobre o trabalho que vem feito desde que assumiu a pasta em 2009.
Como você avalia a questão da participação das empresas de Sete Lagoas no apóio à Cultura?
O patrocínio da cultura é uma questão muito complexa em todo o país. Se todas as cidades tivessem apóio econômico das empresas que estão instaladas nela para patrocinar a cultura, esta questão estaria solucionada e caberia ao poder público apenas a realização e apoio dos eventos.
Mas as empresas, por pagarem os impostos, não se sentem obrigadas a custear algo que deveria ser uma obrigação do poder público.
Então esta relação poderia ser melhor, principalmente em uma cidade industrial como Sete Lagoas, onde valores para apoiar os artistas são acessíveis para as empresas instaladas aqui.
Por isso a Lei de Incentivo e o Fundo Municipal de Cultura são tão importantes. Pois são os instrumentos para viabilizar esta relação entre empresas e produtores culturais.
Qual sua avaliação da participação das entidades relacionadas à cultura, como a Rede Ann!, Coletivo Colcheia, grupos de congado e outras manifestações artísticas?
Esta participação é fundamental. Desde de maio de 2009 criamos um espaço de debate com o Fórum de Cultura, onde colocamos a questão de uma independência cultural.
Acredito que a produção cultural em Sete Lagoas só vai se fortalecer com a profissionalização e formação de grupos de produtores culturais. Que não vão estar dependentes do poder público para apoiar a cultura, podendo ter acesso a outras formas de financiamento e incentivo.
Se esta independência não for conquistada, a partir do momento em que o estado se ausentar do incentivo a cultura ela pode parar.
Um exemplo positivo disso é a apresentação da peça no “Foco da Fofoca”, do autor e diretor Gustavo Gomes, que teve um público muito bom e era uma peça independente. A peça teve mais um apoio institucional da Prefeitura de Sete Lagoas, do que o que poderíamos chamar de “um patrocínio”. E teve um bom resultado de público em suas exibições.
O que se nota é que existe o mercado consumidor de cultura na cidade e é possível fazer parcerias com o empresariado local com o apoio da prefeitura para atender esta demanda. E isso também trazendo resultado para os patrocinadores destes eventos.
Essa independência é saudável e necessária para todos e esses grupos são importantíssimos.
Como você vê a mudança na cultura de Sete Lagoas nos últimos 10 anos?
Como não morei na cidade por um longo período, não me sinto autorizado a fazer esta avaliação. Mas o que ouço, tanto da população quanto dos produtores culturais, é que esta administração é muito bem vista na questão do estímulo e apoio à produção de eventos culturais.
Nos últimos anos a cultura vem ganhando um destaque no país, também em Sete Lagoas se sente esta efervescência. Houve um bom trabalho realizado pelo Ministério da Cultura que apoio a descentralização e a diversificação da cultura. Hoje existe apoio para todas as áreas da cultura. Escritores, cantores, artistas plásticos, grupos de dança e de cultura popular podem obter recursos e incentivos.
Seja no Acre ou no Rio de Janeiro, as pessoas podem buscar patrocínio cultural com direitos iguais e isso ativou a produção brasileira. Isso também se refletiu em Sete Lagoas.
Na Secretaria de Cultura e Comunicação, nossa intenção é aproximar e apoiar grupos de todas as áreas. Temos buscado fazer circular na cidade eventos artísticos de várias localidades e também dos artistas locais.
Acreditamos que, quando trazemos eventos de outras regiões e estados, também propiciamos uma troca de experiências que beneficia não só ao público local, mas também aos artistas.
A cidade ainda está carente de uma estrutura para receber alguns eventos. A falta de um teatro é um exemplo disso. O que vem sendo buscado para solucionar este problema?
Atualmente o Prefeito Maroca vem buscando recursos tanto junto ao governo estadual quanto federal para a construção de um Teatro Municipal. A cidade precisa de um local mais adequado do que o do auditório da Casa da Cultura.
Nossa intenção é iniciar a construção de um teatro ainda nesta gestão da prefeitura.
Existe a possibilidade de se realizar alguma parceria entre a prefeitura e as empresas instaladas na cidade para a construção deste espaço?
Atualmente a Lei Rouanet não permite mais que as prefeituras sejam proponentes de projetos como este e isso dificultou as parcerias público privadas.
Continuamos buscando novas parcerias com empresas por meio do Fundo Municipal de Apoio a Cultura, que oferece dedução nos impostos municipais às empresas que apóiam projetos culturais de interesse público.
Quais são as próximas ações promovidas pela Secretaria de Comunicação e Cultura?
Produzimos a cartilha comemorativa dos 300 anos da criação da Sesmaria de Sete Lagoas. A cartilha foi realizada pelo departamento de história e fala da preservação do patrimônio histórico e cultural na cidade. Esta cartilha esta sendo distribuída nas escolas e em espaços turísticos da cidade.
Também recentemente, foi produzido o DVD “Um salto para a liberdade” da Companhia da Capoeira que conta a história desta expressão cultural na cidade. Estamos apoiando a divulgação deste trabalho, que está inserido no Projeto Africanidades.
Estamos preparando uma série de eventos em comemoração aos 20 anos ininterruptos de atividades no Centro Cultural do Casarão. Também vamos comemorar os 25 anos do Serão Poético, no dia 4 de junho, e os 25 anos da Festa do Folclore, que será comemorado em agosto com uma grande festa com todos os grupos de cultura da cidade. Serão dez dias de apresentações, exposições e cursos na área do folclore.
Em julho lançaremos o site do Plano Diretor dos Museus, com o acervo do Museu Histórico de Sete Lagoas e também do Museu Ferroviário.
Vamos continuar os projetos de oficinas culturais já em curso, como o Arte Comunidade, que oferece aulas de artesanato; Africanidades, de valorização da cultura afro; e vamos iniciar o Educação na Arte, onde, a partir de agosto, o artista Demetrius Cotta vai oferecer um curso na Galeria Myralda.
Também vamos continuar apoiando os eventos realizados na cidade, como a Semana da Criança, Semana Roseana e o Dia da Consciência Negra entre outros.
Ainda esta semana, no dia 1º de junho, teremos a apresentação dos tenores do grupo italiano Amacord, que vai realizar uma apresentação ao livre, no coreto da Praça Tiradentes.
http://www.youtube.com/watch?v=w0ZG0HS1wwI