Eleito para mais quatro anos na Câmara de vereadores de Sete Lagoas o professor e historiador Dalton Andrade afirma que o novo prefeito terá um grande desafio na saúde da cidade. Em entrevista ao portal ele justifica porque votou contra as emendas do projeto de regulamentação da APA Santa Helena e diz que mais vereadores podem gerar mais discussões e confrontos a partir do próximo ano na Câmara, acompanhe.
SeteLagoas: Você foi um dos seis vereadores que conseguiu a reeleição. O que aconteceu, em sua opinião, para que houvesse essa renovação?
O candidato é sujeito de duas forças, o partido e o eleitorado. Se enfrentar problemas com um dos dois, a reeleição corre sérios riscos. Os não reeleitos enfrentaram problemas principalmente com o eleitorado. A postura conservadora da maioria, frente aos problemas ambientais, à necessidade de uma representatividade mais moderna, no plano ético e social, menos assistencialista, somados ao desgaste da administração municipal resultou em problema para todos.
SeteLagoas: Porque os trabalhos estão tão parados na Câmara Municipal? Os legisladores não estão apresentando projetos ou é sinal de fim de mandato?
É sinal de fim de mandato, embora não concorde com essa situação. Sete vereadores não reeleitos em treze é muita coisa. Tenho, no mínimo, dez projetos tramitando. Apresentamos treze emendas orçamentárias, para a LOA, que deverão ser votados na última sessão legislativa em dezembro. Até o momento somos os únicos a apresentar emendas para o orçamento. Uma repetição do ano passado.
SeteLagoas: Até os próximos vereadores engrenarem acredita que projetos ficarão parados na Casa por um longo período?
Não, enquanto houver projetos tramitando, os mesmos entrarão na pauta para votação. O que pode ocorrer, inicialmente, é a não proposição de matérias por parte dos novatos, o que uma boa assessoria resolve. Para nós que continuamos no barco, a hora já é agora.
SeteLagoas: Como o senhor avalia a atual gestão dos vereadores da cidade? Está a contento ou deixou a desejar em algum ponto, qual?
Como salientei acima, a Câmara ficou a desejar nas questões ambientais da cidade e numa postura mais transparente e moderna. Estamos pressionados pelo crescimento desorganizado, o que resulta em perda da qualidade de vida, da preservação da identidade, da cultura, e todos devíamos estar atentos a isso.
SeteLagoas: Com o aumento no número de cadeiras da Câmara o senhor acredita que as discussões serão mais abrangentes?
Vamos esperar pra ver, matematicamente será possível ter mais pessoas em uma determinada posição e isso pode resultar em mais confrontos e debates, e quem sabe até formar um grupo de opinião mais progressista.
SeteLagoas: Como estudioso da cidade, em quais pontos o atual prefeito pecou e em quais áreas o novo gestor deve dar prioridade, a partir de janeiro?
Um governante deve formar um grupo político bom e capaz, porque as situações são complexas e é preciso ter um leque de homens e ideias, que favoreçam o debate e a ação. O novo prefeito terá um desafio amplo. A área da saúde é prioridade, (temos a ideia de implantar práticas alternativas no SUS, como fitoterapia e homeopatia). Tem a questão das ruas, praças e lotes, que fez com que a população e alguns meios de comunicação, atacassem o prefeito. O grande desafio, contudo, é a cidade recuperar algum ganho de poder, de controle regional. Ela tornou-se uma área de expansão da região metropolitana, e precisa dialogar com a região para o turismo, o lazer, os eventos, e ajudá-la no equilíbrio do desenvolvimento regional. O novo prefeito deve pensar o crescimento da cidade dessa forma, não inflando a máquina e valorizando e qualificando o funcionalismo público.
SeteLagoas: Pessoalmente como o vereador avalia o projeto de regulamentação da APA Santa Helena? Foi positivo ou não para a cidade?
A forma com que o projeto foi apresentado – com estudos técnicos, por profissionais da área – foi ótima. Aí chegaram alguns vereadores e operaram a coisa. Por exemplo, a área mínima passou de 1000m² para 500m². Votei contra todas as emendas e a favor do projeto. Porém, toda intervenção na área terá que obedecer à lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação, SNUC, e ao Conselho Gestor. Um ponto positivo é que com a regulamentação da APA, a cidade poderá receber o ICMS ecológico, que antes não podia. Temos que produzir informações para que as pessoas percebam o problema do adensamento populacional na área, que fará boa parte da água que se infiltra no terreno correr para dentro da cidade. Na região do shopping estou vendo água nas grotas que eram providencialmente secas.
Por Marcelo Paiva e Juliana Nunes