Professor há 30 anos e atuante nas questões políticas e de meio ambiente o biólogo, com título de mestre pela UFMG, Ramon Lamar, é peça importante no mutirão cidadania que ganhou repercussão e apoio de vários setores de Sete Lagoas. O grupo se organizou através das redes sociais para articular a limpeza da Lagoa Paulino. Como a iniciativa deu muito certo novos encontros foram agendados e o grupo objetiva agora a atuação nas sete lagoas que nomeiam a cidade. A proposta surgiu de forma natural para que as pessoas se conscientizassem do problema que é sujar as ruas da cidade, principalmente por causa da dengue. Em entrevista Ramon fala da atuação e dos rumos do movimento diante da grande repercussão, acompanhe.
Sete Lagoas: Quem teve a ideia e, a partir do que, foi formado o grupo para o primeiro “abraço” na Lagoa Paulino?
A pessoa que se encarregou de dar início ao movimento foi a Marta Villefort. A motivação foi a grande quantidade de lixo que estava acumulada em nossas lagoas e outros espaços públicos. Sabidamente, garrafas, copos e até tampinhas de refrigerante são locais de proliferação do mosquito transmissor da dengue. Estando em frente a uma epidemia, nada mais correto que tomar uma ação no sentido de minimizar os focos do mosquito.
Sete Lagoas: No primeiro dia já ficou acertada a ação no Boa Vista? Isso já era programado ou foi resolvido diante do envolvimento das pessoas?
A ação na Lagoa da Boa Vista foi acertada ao final da nossa participação na limpeza da Lagoa Paulino. De imediato queríamos atacar as duas maiores lagoas e onde sabíamos estar a maior quantidade de lixo.
Sete Lagoas: Vocês esperavam que agentes da prefeitura fossem empenhados para ajuda-los na Boa Vista?
Os agentes da prefeitura (Codesel) e Vina empenharam-se já na limpeza da Lagoa Paulino. Na Lagoa da Boa Vista tivemos também o apoio do pessoal da campanha contra a dengue onde cerca de dez agentes participaram junto conosco.
Sete Lagoas: Vocês esperavam que o movimento ganhasse essa repercussão na cidade?
Nada passa desapercebido em Sete Lagoas. O pessoal pode optar por não comentar, mas não deixam de saber o que está acontecendo. Várias pessoas nos paravam na Lagoa Paulino para perguntar se era um ONG, se éramos da prefeitura… e sempre elogiavam e prometiam fazer o possível para participar de eventos do tipo.
Sete Lagoas: Você acredita que o apoio maciço da população veio pelo cansaço em esperar uma atitude do poder público, ou outro fator?
Não diria que o apoio é maciço pois muitos preferem permanecer em sua zona de conforto à espera da visita do mosquito da dengue. Para esses é mais fácil argumentar com as velhas balelas de “já pagamos muitos impostos”, “isso não é trabalho para mim” e “vê lá se vou desperdiçar o meu fim de semana”. Contudo, todos aqueles que estão no Mutirão Cidadania misturam um pouco de cansaço com um muito de proatividade.
Sete Lagoas: A próxima lagoa a receber o movimento é a do Cercadinho e depois as outras que dão nome à cidade. Qual a programação de datas para as outras quatro e o grupo voltará a atuar quando terminar otrabalho nas sete lagoas?
Em princípio devemos seguir no próximo domingo para a Lagoa do Cercadinho e depois para a Lagoa da Catarina. Há a possibilidade de fazermos algum trabalho na Lagoa José Félix, na Lagoa do Matadouro (Vapabuçu) e na Lagoa da Chácara (com a permissão dos donos da área, é claro). Também estamos pensando em uma ação na Serra de Santa Helena e no Parque da Cascata e no próprio córrego do Diogo. Mas há questões importantes a ser definidas como, por exemplo, a segurança num trabalho no Córrego do Diogo. Estamos sempre pesando os fatos, colocando a responsabilidade em primeiro lugar.
Sete Lagoas: Como a atitude partiu da população você acredita que teremos uma comunidade mais participativa e menos mal educada daqui para frente na cidade?
É possível, é o nosso sonho. Entretanto ainda há um grande percentual de munícipes que é resistente a mudar o seu comportamento. É muito difícil evitar que um sujeito que tenha bebido umas a mais num sábado à noite às margens da Lagoa Paulino deixe de jogar a garrafa lá dentro. Temos recebido apoio do prefeito, de vários vereadores e, dessa forma, o assunto vai continuar repercutindo por muito tempo.
Além de lecionar Ramon mantem um blog (veja AQUI) onde discute e apresenta seu ponto de vista sobre várias questões da cidade.
Por Marcelo Paiva