Ainda envolvido e participando das ações do Festival de Inverno da UFSJ que termina nesse fim de semana em São João del-Rei, o secretário adjunto de Cultura, Alan Keller, faz um balanço dos eventos na cidade. Se referindo ao evento como um “divisor de águas” na cultura local, Alan garante que todos os shows e eventos de menor, ou maior porte, cumpriram seu objetivo e foram “um sucesso”. Em entrevista ao portal, o secretário adjunto fala ainda sobre o pensamento coletivo de mais cultura para a cidade que o evento do porte do Festival proporciona, acompanhe.
Sete Lagoas: Qual o balanço que a secretaria de Cultura faz com a realização do Inverno Cultural na cidade?
Antes de mais nada, o Inverno Cultural é da cidade. Apesar da Universidade Federal de São João Del-Rei ser a idealizadora do projeto, o Inverno Cultural da UFSJ, é sete-lagoano. Quem realiza é a Prefeitura em parceria com a Universidade Federal, que possui uma sede em plena expansão na cidade.
Todas as atrações do Festival foram discutidas e sugeridas pela Prefeitura (Secretaria de Cultura e Prefeito) em consonância com as possibilidades oferecidas pela Universidade e levando em consideração também os anseios sociais e culturais do Município. Partindo desse princípio e obedecendo o conteúdo e o formato estético já atribuído ao evento, realizado durante anos, recebemos um Festival inteiramente sete-lagoano.
Sete Lagoas: Com o envolvimento da população na programação, a secretaria já vislumbra algum projeto cultural, sem atrações de massa, do município?
Chamamos este momento de “um divisor de águas” na cultura de nossa cidade. O Festival busca a cidadania, a transformação e a formação de público. Neste sentido, pequenas ações isoladas ou grandes eventos, atingiram o objetivo de buscar o crescimento contínuo de um público altamente participativo e a educação passeando por entre as ações. Lembrando, é claro que, tudo isso, oferecido gratuitamente.
Como sabemos pela primeira vez a UFSJ amplia o Inverno Cultural e o leva para todas as cidades em que ela tem campus: São João Del-Rei, Sete Lagoas, Divinópolis e Ouro Branco. As cidades não só receberam artistas de fora como também proporcionaram a vários artistas locais a participação em um dos maiores eventos multi-culturais do país. Profissionais sete-lagoanos estiveram no Festival, o que proporcionou um intercâmbio cultural interessante, pudemos conhecer novos trabalhos e mostrar o nosso em outras cidades. Cabe destacar a participação ilustre de: Gláucia Coutinho , Josi Lopes e Absinto Muito na Música, Nicole Vieira, Nana Andrade e Gustavo, nas oficinas culturais, Ovorini Carpintaria Cênica com o espetáculo teatral Cinema, Pipoca e Piruá, a Cia. Municipal de Dança de Paraopeba, grupo da cidade vizinha também participante do evento, entre outros. Lembrando que alguns destes artistas passaram por todas as cidades do Inverno, mostrando seu talento.
Todas as atrações, exceto os grandes shows, são selecionadas através de editais. Para isso, os grupos ou a pessoa física, devem comprovar seu currículo artístico, estar em dia com as certidões e demais documentos e apresentar uma proposta consistente. Os editais foram abertos em Sete Lagoas e os aprovados receberam além de cachê pela participação, toda a estrutura necessária.
Sete Lagoas: A população correspondeu e entendeu a programação cultural do evento?
A população esteve presente ativamente em todas as atrações. O público foi crescendo gradativamente na medida em que os comentários, a mídia, as redes sociais, foram reproduzindo os resultados diários.
Acredito que estamos proporcionando o pensamento coletivo em torno daquilo que tanto queríamos, “mais cultura para a cidade”. O festival não só realizou eventos, ele valorizou os bairros, os artistas locais, pensou no social, através da cessão de espaço para entidades, doação de alimento e a entrada franca, transgrediu o fazer cultural individualizado, movimentou os espaços e praças e ajudou na formação, através das oficinas culturais. Estas por sua vez, foram sucesso! Os melhores profissionais de várias áreas artísticas transformaram a Escola Estadual Dr. Arthur Bernardes em um celeiro de criação cultural. Foram cinco dias de oficinas com carga horária intensiva, para todas as idades e públicos.
Sete Lagoas: A expectativa de público ficou dentro do esperado pela UFSJ e pela secretaria?
Ficamos surpresos com o público. Eventos como teatro na Praça do Escorrega, no domingo às 10hs da manhã, com mais de 500 pessoas, encheram os olhos de emoção.
A Secretaria está focada em grandes missões, dentre elas, a de proporcionar ao artista local, elementos estratégicos, profissionais e regulamentadores de sua profissão. Tornar possível a este profissional viver daquilo que mais ama. Estamos falando em oferecer subsídios para que este busque, não só nos editais públicos como também nos privados, fontes de financiamento do seu projeto. Para isso, também é necessário uma ação de consciência empreendedora, por parte dos empresários. O enxergar a cultura como forma de investimento e não como despesa.
Sete Lagoas: O que fica de lição ou legado do Inverno Cultural, a população de Sete Lagoas está aberta a eventos culturais?
O Secretário Márcio Vicente está possibilitando que cada profissional da Secretaria de Cultura, contribua com suas qualidades, dando liberdade e, ao mesmo tempo, direcionamento nas ações. Dessa maneira, o trabalho está fluindo e, aos poucos, estamos montando uma boa equipe. O Prefeito Márcio Reinaldo já manifestou seu extremo interesse no progresso da Cultura local. Já anunciou vários projetos, dentre eles a criação do Palácio da Cultura.
Sete Lagoas: Pelo que foi visto em Sete Lagoas durante os dias de festival, você acredita que a UFSJ está disposta a repetir o Inverno Cultural fora de São João no próximo ano? Já tiveram esse retorno, ou ainda é cedo?
Com os anseios do governo e da população, com a vontade de produzir e valorizar a cultura local, associados a uma cidade em constante crescimento, estamos vivendo uma nova forma do fazer cultura. O Inverno Cultural da UFSJ é uma prova concreta de que a cidade consome cultura e a deseja.
Por Marcelo Paiva