A banda sete-lagoana traz no nome a mistura entre samba e rock, e segundo os integrantes a intenção é mesmo inovar e misturar desde os clássicos do Rock ao swing das rodas de Samba. O grupo nasceu de uma brincadeira entre os amigos Leandro Faria, o Fantão (vocal e guitarra), David Antunes, o DD (Cavaco / Banjo), Diego Aquino , o D2, (Surdo), Rodrigo, o Dinho (Rebolo / Vocal), Lucas Mendonça, o Lukinhas (Pandeiro / Vocal) e o Sérgio Kaizer, o Kaizer (Teclado).
A mistura de gêneros surpreende e diverte quem vai aos shows da banda que não consegue deixar de ser envolvido pela melodia. A banda Samba n’ Roll gravou em Sete Lagoas seu primeiro DVD que deve ser lançado até março de 2014 com a música de trabalho “Reggae de Verão”, que mistura reggae, rock e samba.
SeteLagoas: Como surgiu a ideia de montar a banda?
Leandro: Por incrível que pareça a banda tem seus onze meses de nascimento, cada um aqui já tocava em uma banda, já tinha o seu projeto musical, eu já tenho dez anos de busca nessa estrada. Eu já tive outras bandas de rock, principalmente rock e pop-rock, e os meninos Diego, o Luquinha, o David e o Rodrigo faziam parte de outro grupo de pagode, o “Jeito de ser”, e a gente já se conhecia. Eu conhecia o Rodrigo e o Diego desde criança e sabia que eles tocavam em uma banda de pagode, e o Kaiser tocava em uma banda de rock, na banda “Sei lá” dentre outros projetos.
Kaiser: Eu comecei cantando na igreja, e depois fui tocar rock, e trabalhei com a banda “Sei Lá”.
Leandro: A banda nasceu dessa luta, cada um tinha o seu projeto, mas os projetos que não alavancavam, projetos que não tinham a agenda fixa, tocavam poucas vezes. Aí eu decidi montar essa banda, vamos fazer esse projeto diferente, vamos alavancar, comprei um cavaquinho e comecei a tocar. Quando começou a banda era uma coisa diferente, o cavaquinista tocava violão, e invertemos quando a banda foi crescendo. A gente se reuniu lá em casa, fez um ensaio, selecionou algumas músicas e transformou em samba, aí coloquei um repertório, misturamos “Jota Quest”, música popular, fizemos mais um ensaio e fizemos uma apresentação na Ilha, aí a banda começou. Não tinha uma pretensão de ganhar dinheiro.
SeteLagoas: E nesse primeiro show já veio a aceitação do público?
Lenadro: O pessoal se apaixonou pelo som, porque são músicas que contagiam, por exemplo, sei lá, um Skank “e se quiser saber pra onde eu vou” (cantarolando), e se surpreendeu com aquilo. A repercussão foi muito boa, aí tocamos na outra segunda, e fizemos uns quatro shows no local depois disso. Então, decidimos, vamos fazer a banda, não tinha nome, não tinha nada.
SeteLagoas: E da onde surgiu o nome da banda, “Samba n’ Roll” ? Foi a partir da definição do estilo que vocês chegaram ao nome?
Leandro:Foi o seguinte: o nome “Samba n’ Roll” a gente pensou em três nomes e quando eu escolhi o nome, buscávamos algo diferente dos nomes que existiam, e eu já sabia que o estilo estava bem assimilado, a gente mistura rock com samba, “Samba n’Roll”. Pensamos em várias coisas nesse sentido, para falar que era mistura, surgiu “Samba n’Roll”, todo mundo gostou e os meninos toparam.
SeteLagoas: E essa formação da banda, como funcionou, muitos amigos participam do grupo?
Leandro: No começo da banda tinha até mais integrantes, tinha o Rafael, era outro vocalista da banda, entrou o Klebinho no lugar dele, que ficou com a gente uns três meses, e saiu também, Vandinho entrou completando a percussão. Entrou o Kaiser, o tecladista da banda, porque no início a banda não tinha tecladista, eu tocava violão e cavaquinho e a harmonia era só isso e depois o Kaiser entrou complementando com o teclado.
SeteLagoas: E todos eram amigos de infância?
Leandro: Então foi uma mistura, o Kaiser trabalhava comigo, nos conhecíamos há uns quatro anos .
Kaiser: O Leandro ficou sabendo que eu tocava, e nós ficávamos sempre combinando de tocar, e fazer alguma coisa e um dia deu certo.
Leandro: Um dia nós conseguimos encaixar o Kaiser na banda. Eu tinha muita amizade com o David e com o Diego, desde moleque. Inclusive quando a gente tomou a decisão de fazer a banda mesmo, e eu convidei eles, eu sabia que eles tinham essa aptidão com o pagode. Disse para eles: “eu quero misturar um pagode”, fizemos um batuque, e decidimos, “vamos fazer, vamos fazer”. O Vandinho insistiu muito, “deixa eu tocar na sua banda” até que um dia ele tocou e deu certo. Ele agregou muito pra banda, porque a gente não tinha percussão, nossa percussão era só manual, era surdo, rêbolo e pandeiro, e às vezes um reco-reco. E ele levou a percussão mesmo. E com ele veio a ideia de colocar a bateria na banda. A gente sempre fica mudando, experimentando na banda. E veio, depois, a notícia do Vandinho saindo da banda, por que ele foi embora para a Austrália para estudar.
SeteLagoas: E quando vocês viram que era pra valer, que vocês poderiam manter o projeto?
Leandro: Quando a gente começou a receber vários convites para tocar em vários lugares. Na Estação (Estação Brasil) mesmo convidavam a gente sempre para tocar. E o pessoal estava gostando muito então decidimos criar um projeto legal, criamos uma logomarca.
SeteLagoas: E a ideia de misturar, existe preconceito entre os gêneros?
Leandro: A minha origem particularmente é do rock n’ roll, a minha vida inteira eu estive envolvido com música, muitos estilos, nunca tive muito preconceito não. Eu gostava muito do samba de raiz, nunca fui muito adepto do pagode, mas eu acho que quando a gente está trabalhando com música a gente acaba estudando vários ritmos a gente tem que conhecer pelo menos. Eu acho que o preconceito, como o próprio nome já diz, ele acaba acontecendo quando você não conhece o estilo. Pra eu falar da propriedade do pagode eu tive que conhecer, tive que ir nas rodas do pagode, ver os rapazes tocando pra saber o que era o pagode, o que representava.
Kaiser: Eu, foi a primeira vez que eu toquei o samba, aí quando misturou o samba com o rock foi quase perfeito e eu fiquei surpreso.
Leandro: Os meninos, foi uma surpresa porque a gente tinha dificuldade de eles adaptarem a guitarra na banda, e eles não estavam acostumados com aquele som distorcido, e eu queria levar a guitarra. Então disse, vamos levar, a gente passou por tudo isso e foi muito divertido. Acho que a gente tem tanta influência, tem tanta coisa boa, as pessoas falam que a gente tem influência do “Sambô”, do “Oba Oba Samba House”, que são grupos que fazem essa mistura e temos influências reais tipo “Raça Negra”, do ritmo , da pegada, temos influência da “Gang do Forró”, tentamos colocar as “viradas” da “Gang do Forró”, tem muita pegada do “Skank”, de samba reggae, dessas coisas, metal, metaleira, “Los Hermanos”. As influências são várias, samba, rock e reggae.
SeteLagoas: E o público, como é a recepção dessa mistura?
Leandro: O legal é isso, a gente poder brincar com o estilo de cada um. Muitos falam que a gente estraga as músicas, a crítica fala “ ah vocês estão estragando a música, estragando Raimundos, estragando Mulher de Fases”. A gente toca “Mulher de Fases” no partido alto, no carnaval, fazer no carnaval uma música que ficou conhecida no gênero hard core. Eu não vejo isso como estragar, eu vejo como adaptar, brincar, interpretar.
SeteLagoas: E tem outro lado, alguém já chegou a falar que não gostava, mas depois de ouvir vocês, busca conhecer?
Leandro: Tem, tem a galera do pagode gostando da nossa música. Porque estávamos acostumados a tocar em Pubs de Rock da cidade e a pessoa falava “seu som é bom”. Mas a galera do pagode chegar e falar “nossa que som legal”, esse retorno foi muito positivo para a gente. A gente decidiu seguir com a banda depois desses feedbacks, e viu que o pessoal estava gostando, quem curtia sertanejo também gostava muito. Acho que o legal é a surpresa, o SambaRock tem proporcionado essa surpresa. A pessoa começa a ouvir um estilo e no meio da música ela vira.
SeteLagoas: E quais são os próximos projetos?
Leandro: Nossa prioridade agora é lançar o DVD que a gente gravou e foi um trabalho muito grande, que a gente se empenhou muito, colocamos um recorde de público na casa, e superou nossas expectativas. A gravação foi um sucesso, e estamos com muita esperança nesse DVD. A gente está finalizando ele, mas acho que no mais tardar em março estamos com o trabalho para lançar, e vamos fazer uma grande festa. Vamos fazer aqui em Sete Lagoas, e em outras cidades da região como Paraopeba que acolhe muito bem a gente. A gente tenta fazer coisas improvisadas fazemos um forró, por exemplo, no meio do show tem um forró, as pessoas se surpreendem.
Por Nayara Souza.